A caridade purifica nossas obras
Uma obra de boa espécie, se não estiver ornada de caridade, se a intenção não for piedosa, não será recebida entre as obras boas.
O peso da caridade
Nosso Senhor, segundo dizem os antigos, tinha o costume de dizer aos seus: “Sede bons negociantes”. Quando uma moeda não é de ouro de lei, ou, não tendo peso, quando não tem a marca do ouro, rejeitamo-la por não ser aceitável.
Uma obra de boa espécie, se não estiver ornada de caridade, se a intenção não for piedosa, não será recebida entre as obras boas.
Se eu jejuo, mas o faço para poupar, o meu jejum não será de boa espécie; se for por temperança, mas tiver um pecado mortal na alma, faltará peso a esta obra, porque é a caridade que dá peso a tudo o que fazemos; se for apenas por conveniência e para me acomodar aos meus companheiros, esta obra não traz a marca de uma intenção reta.
Se, porém, jejuar por temperança, e estiver na graça de Deus, e tiver a intenção de agradar a sua Divina Majestade com essa temperança, a obra será moeda boa, própria para aumentar em mim o tesouro da caridade.
Obras pequenas de grande valor
Fazer excelentemente as ações pequenas é fazê-las com grande pureza de intenção e uma grande vontade de agradar a Deus; essas obras santificam-nos enormemente. Há pessoas que comem muito e estão sempre magras e extenuadas, porque não têm boa capacidade digestiva; e há outras que comem pouco, mas estão fortes e vigorosas, porque têm um estômago saudável.
Da mesma maneira, há almas que fazem muitas obras boas e crescem muito pouco na caridade, porque as fazem com frieza ou com preguiça, ou mais pelo instinto e a inclinação da natureza do que por inspiração divina ou por fervor celeste; pelo contrário, há quem faça muito pouca coisa, mas com uma vontade e uma intenção tão santas que faz um progresso extremo no amor: estas almas têm poucos talentos, mas gerem-nos com tal fidelidade que o Senhor as recompensa grandemente.
(São Francisco de Sales, Tratado do amor de Deus, livro XII, cap. VII)
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