Parte da memória da cultura brasileira vira pó
No dia 2 de setembro, um incêndio de grandes proporções destruiu o acervo histórico do Museu Histórico Nacional, localizado na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro.
O maior acervo de história natural da América Latina virou cinzas em questão de horas. Jornais como El País da Espanha, O Público de Portugal e o americano Whashigton Post dedicaram uma nota lamentando esta perda que muitos classificaram como ‘irreparável”.
Os museus de Louvre de História Natural de Smithsonian e Londres mostram solidariedade ao ocorrido.
It is with profound sadness that we learn of the dramatic fire that affected the @museunacional of Rio de Janeiro. The Louvre expresses its deepest solidarity with the museum and its team. This is a major loss for Brazil and World Heritage.
— Musée du Louvre (@MuseeLouvre) 3 de setembro de 2018
Origens
O Museu Real foi outrora o Palácio Imperial, fundado pelo rei Dom João VI em 6 de junho de 1818, quando o Brasil ainda era uma colônia portuguesa. Ao longo do século 19, após a república ele se tornou o Museu Nacional, uma das instituições mais importantes das Américas.
Perdas irreparáveis
Um povo só é caracterizado como tal quando conserva em sua memória as bases que o formou, quem são os “pais”, como viam o mundo, quais leis tinham. Olhar para o passado ajuda-nos a construir nosso futuro, a não repetir erros e a conservar os valores morais que preservaram aquele povo.
Este incêndio trouxe à tona também a fumaça da negligência dos poderes públicos que não destinavam a totalidade do orçamento para a manutenção do prédio; tais fatos estão sendo apurados e os responsáveis punidos.
Para quem não têm noção do patrimônio histórico que estava guardado no Museu, aqui vão alguns itens:
- Pergaminho datado do século XI com manuscritos em grego sobre os quatro Evangelhos, o exemplar mais antigo da Biblioteca Nacional e da América Latina;
- A Bíblia de Mogúncia, de 1462, primeira obra impressa a conter informações como data, lugar de impressão e os nomes dos impressores, os alemães Johann Fust e Peter Schoffer, ex-sócios de Gutemberg;
- A crônica de Nuremberg, de 1493, considerado o livro mais ilustrado do século XV, com mapas xilogravados tidos como os mais antigos em livro impresso;
- Bíblia Poliglota de Antuérpia, de 1569, Obra monumental do mais renomado impressor do século XVI: Cristóvão Plantin;
- A primeira edição de “Os Lusíadas”, de 1572;
- A primeira edição da “Arte da gramática da língua portuguesa”, escrita pelo Padre José de Anchieta em 1595;
- O “Rerum per octennium…Brasília”, de Baerle (1647), com 55 pranchas a cores desenhadas por Frans Post;
- Exemplar completo da famosa Encyclopédie Française, uma das obras de referência para a Revolução Francesa;
- O primeiro jornal impresso do mundo, datado de 1601;
- Exemplar único e considerado raríssimo do livro publicado em 1605 pelo autor Hrabanus Maurus, que criou o caça-palavras em forma de poesia visual;
- O mais antigo fóssil humano já encontrado no país, batizada de “Luzia”, pode ser apreciado na coleção de Antropologia Biológica, entre outros;
- A coleção egípcia, que começou a ser adquirida pelo imperador Dom Pedro I;
- A coleção de arte e artefatos greco-romanos da Imperatriz Teresa Cristina;
- As coleções de Paleontologia que incluem o Maxakalisaurus topai, dinossauro proveniente de Minas Gerais;
- 10 mil pedaços de animais pré-históricos;
- 800 meteoritos;
- 400 mil títulos da biblioteca.
Os museus são fundamentais para entendermos quem somos e qual rumo estamos dando para a história e conservar a unidade de um povo.
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