Avatar é coisa do diabo? O novo jogo do Facebook e esclarecimentos

Ilustração: pixabay-emilijae.

Muitas pessoas se manifestaram negativamente dizendo que este recurso tem influência do mal. Afinal de contas, o avatar é mesmo coisa do diabo?

As modas do mundo atual

De tempos em tempos chegam modas que viralizam nas redes sociais e divertem a muitos. Todavia, também ocorrem as polêmicas.

Lembram da época do aplicativo FaceApp que envelhecia ou rejuvenescia as pessoas? A moda começou com os artistas e se espalhou pelos usuários da internet.

Na época, muitas pessoas disseram que a empresa desenvolvedora do aplicativo estava na verdade coletando dados dos usuários de maneira ilegal. Outros diziam que a ferramenta serviu para o aprimoramento do reconhecimento facial.

O tempo passou e agora uma velha ferramenta do Orkut volta com força no Facebook: o avatar. Este nada mais é do que um boneco animado, modelado a partir de uma foto sua. Este recurso é oferecido também por diversos aplicativos.

Não vivemos sem polêmicas!

Até aí sem problema. Só que não! Muitas pessoas se manifestaram negativamente dizendo que este recurso tem influência do capeta. Afinal de contas, o avatar é mesmo coisa do demônio?

Frente às polêmicas, figuras públicas, tanto no meio católico como evangélico se manifestaram tentando esclarecer as dúvidas e desmistificar o assunto, como o pastor Marcos Feliciano, o pe. Gabriel Vila Verde e o pe. José Augusto.

“Quem vê o demônio nessas coisas, às vezes não percebe que o demônio está do seu lado, deixando a vida mais azeda e triste. O demônio está nas novelas imorais, nos filmes de bruxaria, nas músicas pornográficas, na inveja, na malícia, e isso eu não vejo ninguém ser contra” – disse o pe. Gabriel e provocou– “se reclamar, eu faço mais dez bonequinhos, cada um com um cabelo diferente, já que o meu está tão pouco”.

E então, o que dizer? De onde vieram as críticas? É certo, é errado?

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“Coisa do demô”

Padre José Eduardo fez uma publicação com o título “AVATAR – COISA DO DÊMO?”, que explica de modo bem pedagógico como surgem as lendas e os boatos, assim como devemos lidar com esses mal-entendidos:

“A falta de cultura, infelizmente, é campo para o surgimento espontâneo de lendas, muitas das quais se associam a demonologias populares, temperadas ao sabor dos puritanismos em voga.

Certa vez, quando era criança, lembro-me de uns amigos pentecostais que me contaram, alarmadíssimos, que não se deveria jamais exclamar ‘rá-tim-bum’ ao se cantar ‘Parabéns a você’, pois aquele era o nome de um demônio, no caso, invocado sobre quem estaria aniversariando.

Achei graça naquilo tudo, mas só depois de muito tempo descobri que a expressão teve uma origem pitoresca: por pura gozação, uns alunos da Faculdade São Francisco começaram a caçoar com o nome de um rajá indiano chamado Timbum e a zoação acabou parando no ‘Parabéns’.” 

O real significado

Acredito que algo parecido esteja acontecendo nestes dias com o termo “avatar”, utilizado no aplicativo do Facebook criado para gerar estes desenhos a partir da imagem do próprio usuário.

Desambiguar é aquilo que se faz quando uma palavra pode assumir sentidos diferentes e, portanto, devemos precisar em que sentido a estamos usando.

Ora, a palavra “avatar” vem do sânscrito e significa “descida de Deus”, pois a religião hindu acredita que uma divindade pode assumir eventualmente um corpo humano, não ao modo de uma encarnação, mas ao modo de uma representação, ou seja, aquele corpo representaria a tal divindade.

A “Nova Era” passou a designar também pelo nome de “avatar” o seu esperado “Maitreya” (em sânscrito, amigo), que seria o implantador da tal “era de aquário”.

Desmistificar

Crenças à parte, no mundo virtual, sobretudo nos jogos de imersão, a palavra “avatar” assumiu outro significado (com certa relação com o primeiro sentido): quando uma pessoa joga, ela assume outra identidade representativa no contexto do jogo e, neste sentido, um “avatar”.

Contudo, não existe a relação unívoca entre os dois significados, aliás, como algumas pessoas têm sugerido por aí, chegando a dizer que quem fez uma figurinha de avatar consagrou a sua vida inteiramente a um demônio e, portanto, abrindo todos os portais das desgraças para si e para as próximas gerações.

Eu não criarei nenhum avatar para mim simplesmente porque não gosto de modinhas e também sou feio o suficiente para ter apenas uma única versão de mim mesmo.

Também não sou ingênuo e sei que o uso de palavras pode ter a finalidade de lacear a percepção das pessoas, para que comecem a conviver com significados de religiões alheias e acabem por naturalizá-los.

Contudo, acho que precisamos ter equilíbrio para não cairmos em descrédito diante do mundo. Caso contrário, reduziremos nossa fé ao nível dessas superstições da ignorância e aviltaremos totalmente a sua preciosidade.

Enfim, para mim, este papo me parece mais uma reedição da lenda pentecostal do “rá-tim-bum” em pleno século XXI.

Com informações de:

El País
Facebook Pe. José Eduardo

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