Toda pessoa que comete suicídio vai para o Inferno?
Depois da morte da influencer Alinne Araújo, várias pessoas foram às redes sociais emitir suas opiniões buscando culpados pela tragédia.
O que a Igreja realmente fala
Um vídeo publicado pela esposa do jogador Thiago Silva foi alvo de grande polêmica. Ela afirmava, dentre outras coisas, que por ter tirado a própria vida, Alinne estava condenada ao fogo do inferno. Claro que a declaração causou revolta e indignação.
Mas, afinal, o que a Igreja diz a respeito? O suicida vai mesmo para o inferno?
Existe duas coisas que temos que levar em consideração antes de sairmos falando em nome da Igreja ou de Deus.
1 – A Igreja não afirma que ninguém vá para o inferno se cometer suicídio;
2 – A Igreja distingue muito bem o pecado (suicídio) e o pecador, que é merecedor de misericórdia.
Esta fala do Papa Francisco ilustra bem o pensamento da Igreja Católica:
“O suicídio seria como fechar a porta à salvação, mas tenho consciência de que nos suicídios não há plena liberdade. Pelo menos acredito nisso. Ajuda-me o que o Cura d’Ars disse à viúva cujo esposo se suicidou jogando-se de uma ponte em um rio. Disse: ‘Senhora, entre a ponte e o rio está a misericórdia de Deus’” (Papa Francisco 16 de outubro, TV200it).
Por que o suicídio é um pecado grave?
Por pecado grave entendemos aquele com matéria e circunstâncias graves; ou seja, foi de livre vontade e plena consciência das consequências.
No caso do suicídio, este pecado tenta contra a regra de ouro “Amarás o próximo como a ti mesmo” e ao Quinto Mandamento “Não matarás”.
O Catecismo da Igreja Católica faz questão de ressaltar este aspecto a partir do parágrafo 2280 até o 2283.
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Resumidamente, a Igreja deixa claro que o autor e “dono” da vida é Deus e Ele a deu para que cada um de nós a leve à plenitude aqui nesta terra e “devemos recebê-la com reconhecimento e preservá-la para sua honra (Deus) e salvação das nossas almas” (CIC 2280).
Esta vida que recebemos, este corpo como ele é nos foi dado para ser administrado, mas não somos proprietários dela para dispormos da forma como quisermos. Isto inclui dar cabo dela em algum momento.
O corpo humano em sua estrutura é totalmente voltado para a vida, quando algo se volta contra esta tendência natural, significa que algo corrompeu o plano inicial de Deus; suicídio não é em hipótese alguma, um ato verdadeiro de amor a si mesmo.
Além disso, fere o mandamento do amor ao próximo, pois o suicídio priva o outro do dom de si “quebrando injustamente os laços de solidariedade com as sociedades familiar, nacional e humana, em relação às quais temos obrigações a cumprir. O suicídio é contrário o amor do Deus vivo” (CIC 2281).
Os graus de responsabilidade
A Igreja compreende que um ato tão grave tem também suas atenuantes. Em casos de doenças e distúrbios psíquicos e grandes sofrimentos, a culpa do suicida é atenuada. Diferente de quem o faz para que outros sigam o exemplo ou de quem estimula comportamento suicida em outros. Destes últimos, a matéria do pecado é gravíssima.
Com relação à salvação não sabemos o que acontece na hora exata da morte. Sabemos que nosso Deus é Misericordioso e está sempre perto para nos salvar, seja lá em que situação estivermos.
Sobre a salvação do suicida, o Catecismo diz:
“Não se deve desesperar da salvação eterna das pessoas que se suicidaram. Deus pode, por caminhos que só Ele conhece, oferecer-lhes a ocasião de um arrependimento salutar. A Igreja ora pelas pessoas que atentaram contra a própria vida” (CIC 2283).
Separamos para você uma oração de intercessão para afastar do seu lar ou de você os pensamentos suicidas:
Deus onipotente,
que socorreis os desolados
e confortais os prisioneiros,
vede minha aflição
e manifestai vosso poder
para auxiliar-me.
Vencei o detestável inimigo
e fazei que, superada a presença do adversário,
eu possa recuperar a paz e a liberdade.
Assim, servindo-vos com sincera piedade,
possa confessar que Vós sois admirável
e manifestar a grandeza das vossas obras.
Por Cristo, nosso Senhor.
Amém.
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