“Transformaremos cada lamentação em gemidos de parto, cada lágrima em novo batismo, cada suspiro em sopro do Espírito, para que venha, dos quatro ventos, sobre os ossos secos do nosso mundo e retomemos vida” (Ministros de Perdão e de Libertação – NOMI)

A história de uma vida

Com o primeiro emprego, Douglas, um jovem de porte grande, que morava com sua família em Taipas, na Zona Noroeste de São Paulo, não demorou mais que 4 meses pra descobrir um câncer maligno, detectado após fortes dores de cabeça. A cirurgia precisou ser feita às pressas.

No dia do aniversário de Dona Lusinete, sua mãe, aconteceu a primeira das 5 cirurgias que precisou se submeter. Por conta da saúde fragilizada, Douglas pegou algumas bactérias e após 3 meses saiu do hospital pesando 30 quilos.

Não andava mais, não falava. E Dona Lusinete ensinou tudo de novo. Quando ele estava bem, veio a metástase. Ele passou o dia das mães com Dona Lusinte, e no dia 30 de maio faleceu.

Dona Lusinete é viúva desde os 35 anos, e dessa vez enfrentou o processo de perca de seu filho. Foi quando a depressão passou a ser uma companhia.

Uma luz no fim do túnel

Essa é a história de uma das famílias atendidas no SASF Jaraguá, onde a Aliança de Misericórdia gerencia o projeto.

“Esperar contra toda a esperança. Sozinho, é como querer nadar contra a correnteza. Mas, e se você encontrar alguém? Uma mão que te ajude a sair do fundo do poço? Uma luz no fim do túnel, um lugar onde você pode encontrar com o melhor de você mesmo?”.

Depressão é uma realidade comumente encontrada entre os atendidos pelo SASF no local. Depois de verem a situação de Dona Lusinete, a equipe do SASF iniciou um acompanhamento mais próximo, com visita técnica formada por psicólogos e outro profissionais, sempre fazendo o convite para sua participação nas oficinas.

“Conheci o SASF através da visita deles ao meu filho, por conta do câncer. Tudo que tinha aqui eles levavam convite pra mim, mas não dava pra eu ir por conta do Douglas”.

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Dona Lusinete encontrou o melhor de si

Depois de um tempo de tratamento médico, Dona Lusinete se deu uma chance para então encontrar a luz no fim do túnel e se reencontrar com o melhor de si mesma. Aceitou o convite e foi participar da oficina de culinária.

“Foi uma porta que se abriu pra mim. Eu não esqueci de meu filho, mas não tinha mais tempo pra chorar. Comecei fazendo nhoque e como foi época de natal, fiz bastante. Então, não tinha mais tempo pra ficar no sofá chorando. Fui focando nisso e isso me tirou daquela depressão.

Hoje, quando me sinto triste, eu cozinho. Quando eu faço um pão, algo de sucesso, o Senhor sabe como me sinto, porque eu não sabia fazer nada. Tudo que o meu filho gostava eu tinha que comprar e hoje eu sei fazer tudo.

Esse foi um meio de superar a falta do Douglas, fazendo tudo isso que ele mais gostava. E me levantou. Eu saí do sofá. Hoje, foco nos meus doces e no meu neto. Quando eu estou triste, ele olha pra mim e diz: ‘Vovó, eu tô aqui, não chora não. Meu titio tá lá no céu’.

É assim que consegui ter forças pra caminhar: o Davi e os doces. Agradeço muito ao SASF, ele me ajudou muito. E se eles não me dispensarem, quantos cursos tiver, eu vou fazer (…). Ele (Douglas) sempre me agradeceu tudo que eu fiz por ele, e onde ele estiver, se estiver vendo isso, ele tá feliz!”.

O SASF

O SASF, Serviço de Atendimento às Famílias, possui por objetivo, fortalecer a função protetiva da família. A proposta do serviço é oferecer atividades de natureza socioeducativa, participativa e colaborativa, estratégias específicas capazes de enriquecer e ampliar as dimensões pessoais, comunitárias e profissionais com o objetivo de fortalecer a autoestima, a noção de direitos e deveres, os vínculos sócios comunitários, o desenvolvimento de habilidades para inserção no mercado de trabalho, a geração de renda e ampliação da autonomia.

Assista o programa Parte de Nós, com a história comovente de dona Lusinete Gomes.