Como combater a solidão na era digital?

Imagens de uma animação sobre solidão
Imagens de uma animação sobre solidão na era digital.

Parece brincadeira mas não é. Num mundo tão conectado e interativo as pessoas estão se sentindo mais sozinhas. Por que isso está acontecendo?

A vida moderna

Um sociólogo chamado Georg Simmel, previu que umas das consequências da migração das famílias do campo para a cidade seria a crise de solidão e isolamento como uma forma de defesa.

Nossos contatos são superficiais, intelectualizados, quase livres de contato físico; as pessoas (principalmente os jovens e idosos) estão mais isoladas e não sabem como romper essa barreira.

No Reino Unido essa realidade é tão séria que a primeira-ministra Teresa May criou o Comitê da Solidão para resolver o problema de pessoas idosas que não têm mais ninguém e vivem sozinhas, sem contato com amigos ou vizinhos.

Uma pesquisa feita pelo Comitê indica que a solidão tem o mesmo impacto negativo sobre a saúde que fumar 15 cigarros por dia!

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O que fazer para reverter esta situação?

“Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2, 18)

Deus disse essas palavras enquanto observava que o homem que havia criado não estava reconhecendo em nenhuma criatura alguém semelhante. Ele queria contato, conversar e interagir; se fosse criar um diálogo com qualquer outro animal não iria ter uma resposta que correspondesse.

Aqui um adendo: sabemos que muitas pessoas encontram no bichinho de estimação uma companhia, porém não estamos falando dessa presença, como veremos a seguir.

Cada um de nós é um ser único com suas individualidades, gostos, modo pensar completamente diferentes. Nós percebemos isso e procuramos alguém com quem partilhar esta preciosidade, pode ser um amigo, um familiar, ou o cônjuge.

Idoso num café sozinho
Idoso num café sozinho.

Percebemos que estamos sozinhos no mundo enquanto ser único. Esta foi a sensação de Adão:

“O homem, então, se reconhece como pessoa através do autoconhecimento. Ao se perceber como ser humano, começa a enxergar que é único, que não há outra criatura que se assemelhe a ele, que é possuidor de capacidades e características não presentes nos demais seres.

Percebe que, devido à sua superioridade em relação à toda a criação, o mundo pode ser dominado por ele. Isso o torna único, e, por isso mesmo o torna também só nessa condição”.

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Fomos criados com esta característica, pois nosso Deus é Trindade, relação, família. Somos reflexo dEle e quando não realizamos esta característica ficamos abatidos e perdidos, suscetíveis às doenças do corpo e alma.

Há quem possa estar pensando no velho ditado “antes só do que mal acompanhado“, tomando como referência as más experiências com relacionamentos. Isto não significa que essas pessoas tenham que evitar contato; com certeza vai chegar uma hora que seu corpo dará sinais de que precisa de convívio, precisa se comunicar.

A Cultura do Encontro

A solidão dói. Dói saber que ninguém está pensando em você para contar que passou numa prova, ou para perguntar o que achou do último filme, para chamar para dar uma volta e para simplesmente ficar ao seu lado enquanto chora.

O contato humano é essencial para que as pessoas possam se tornar elas mesmas, possam enxergar estarem erradas e acertar, se tornando melhores a cada dia.

Nosso querido Papa Francisco dá a dica para amenizar os efeitos da solidão: promover a Cultura do Encontro.

“Um convite a trabalhar pela cultura do encontro de modo simples, como fez Jesus: não só vendo mas olhando, não apenas ouvindo mas escutando, não só cruzando-se com as pessoas mas detendo-se com elas, não só dizendo ‘que pena, pobrezinhos!’ mas deixando-se arrebatar pela compaixão; e depois aproximar-se, tocar e dizer: “Não chores” e dar pelo menos uma gota de vida. (Missa na Capela de Santa Marta, 13/09/2016).

O Papa tomou o Evangelho da viúva de Naim (Lc 7, 11-17), que é rico em gestos de encontro.

Na cena Jesus e os discípulos encontram o cortejo fúnebre de um jovem, filho de uma viúva; ele vê e sente compaixão.

Este primeiro gesto de Jesus já nos dá uma dica incrível sobre como agir diante do sofrimento, não com indiferença dizendo “pobrezinho” e indo embora, mas se abrindo à compaixão.

Esta o faz tocar o caixão a dizer carinhosamente à mãe “Não chores” e logo depois: “Jovem, eu te digo levanta-te“.

A Bíblia faz questão de ressaltar que o jovem sentou-se e “começou a falar”. O encontro realiza milagres.

Por fim, ouçamos ao apelo do Papa para sermos promotores de milagres todos os dias.

“Se não olho — não é suficiente ver, não: é preciso olhar — se não paro, se não olho, se não toco, se não falo, não posso realizar um encontro, não posso ajudar a construir uma cultura do encontro”.

Tenhamos confiança: o cristão é a resposta para um mundo cheio de angústia e solidão!

Com informações de:

Caderno Metrópolis Estadão
BBC Brasil
Vatican.va

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