Beatos brasileiros que sofreram com o racismo
Este assunto é muito sensível para todos nós ultimamente e devemos nos munir de sabedoria para abordá-lo: o racismo.
Quem divide não é Deus
“Pai Nosso” – quem assim reza nunca deveria classificar as pessoas por suas diferenças ou condições externas.
Pe. Bill Peckman, da Paróquia de São Pedro e São Paulo, em Boonville/US, respondeu à provocação de um ativista BLM (Black Lives Matters) que incitou a destruição das imagens de Jesus e Maria brancos:
“Para ser absolutamente claro… são os seres humanos provocados pelo pai da divisão, Satanás, e não Deus que atribuem valor moral, capacidade e inteligência, valor e níveis de direitos humanos baseados na raça, gênero, classe socioeconômica, cultura, linguagem, e assim por diante.
A Carta aos Gálatas nos lembra que essas divisões são irrelevantes para Deus, quando São Paulo diz: ′′Não existe nem judeu nem grego: não há laço nem liberdade: não existe nem macho nem fêmea. Pois vocês são todos um em Cristo Jesus” (3, 28).
Lutar contra o racismo é válido, mas será descreditada se a arma principal for o ódio. Martin Luther King, certa vez disse: “Ódio não pode expulsar o ódio. Só o amor pode fazer isso!”.
Estes exemplos abaixo querem, pura e simplesmente, ilustrar que o sofrimento de um povo é assumido pelo corpo místico de Cristo; nós seus fiéis. São pessoas que superam a irracionalidade do racismo com a santidade.
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Filho de escravo

O Beato Pe. Victor, de Minas Gerais, quando criança queria ser Padre, mas ouviu um senhor rico dizer: “Esse negro vai ser Padre quando minha galinha criar dentes”. Deus ouviu essa humilhação, e o pequeno Victor, além de se tornar Padre, hoje é santo no altar.
Francisco de Paula Victor nasceu em Campanha/MG, 12 de abril de 1827 – e morreu em Três Pontas/MG, em 23 de setembro de 1905. Foi um sacerdote que viveu com heroísmo o seu ministério e partiu desta vida com fama de santidade.
Era filho da escrava Lourença Maria de Jesus. Em 1848, durante uma visita do bispo de Mariana, dom Antônio Ferreira Viçoso, o então alfaiate Francisco lhe manifestou o desejo de seguir a vida religiosa.
Então, se Deus prefere os pequenos, vamos ser pequenos aos olhos dos grandes, para sermos grandes aos olhos de Deus.
A Beata de Juazeiro
Esta é Maria Magdalena de Araújo, mais conhecida como a “Beata do Juazeiro”. Lavadeira, analfabeta, negra. Fazia parte do grupo de beatas que auxiliavam o Padre Cícero, quando ele era um simples capelão.
Começou a ter experiências ditas sobrenaturais como: visões, estigmas, falar em outras línguas, viagens místicas etc.
Em março de 1889, ao receber a Comunhão, a viu se transformar em sangue, fato este que se repetiu por muitos meses, na presença de padres, médicos e leigos, gerando muita polêmica. Por causa desse acontecimento, Padre Cícero experimentou o calvário.
O suposto milagre foi aceito como “divino” pela primeira comissão diocesana, mas o Bispo de Fortaleza não aceitou o resultado e nomeou uma segunda comissão.
Esta avaliou o caso como um “embuste”, ou seja, uma farsa. Ameaçado de suspensão, Padre Cícero foi convidado a colocar toda a culpa na beata, mas ele se recusou.
Os dois foram severamente punidos. Ele foi impedido de administrar os sacramentos e Maria ficou por 20 anos reclusa em sua casa.
Desprezo dos homens
Um padre da época chegou a escrever um livro, onde ele dizia que Maria de Araújo era um “produto do cruzamento de duas raças desprezíveis (negra x indígena), uma pessoa caquética, sem nenhum brilho nos olhos, com dentes lanianos, bochechas gerientas, boca cocóstoma (mau cheirosa) e alma execrável”.
Quando ela morreu, seu corpo foi sepultado na Capela do Socorro, mas seu túmulo foi violado e o corpo desapareceu. Até hoje não se sabe quem fez isso, nem onde colocaram seus restos mortais.
Estes exemplos não querem incitar ódio, mas inspirar e provar que qualquer coisa pode ser mudada pela caridade. Lembre-se:
“Amados, jamais procurai vingar-vos a vós mesmos, mas entregai a ira a Deus, pois está escrito: “Minha é a vingança! Eu retribuirei”, declarou o Senhor (Rm 12,19).
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