Dom Carlos, bispo auxiliar de São Paulo, visita o Botuquara
Dom Frei Carlos Silva, OFMCap., ordenado bispo este ano e designado bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo e vigário episcopal da Região Brasilândia, visitou a Casa Mãe da Aliança de Misericórdia nesta quinta-feira, 20 de maio.
Conhecido por sua simplicidade tipicamente franciscana, Dom Carlos presidiu a Santa Missa que foi co-celebrada pelo Pe. João Henrique, um dos fundadores do Movimento; pelo Pe. Custódio, atual presidente; pelos aniversariantes e gêmeos Pe. Leandro e Pe. Danilo Rasera e demais padres da Aliança.
Um bispo missionário
O bispo disse antes dos ritos iniciais: “Sejam bem-vindos a essa Casa do Senhor, que já estão pisando os nossos pés. Quando me falaram que ia ter a benção de uma capela, eu imaginei algo assim (convencional), não tão franciscano (…) Mas que alegria é poder estar aqui. Na Região Brasilândia, nesses três meses que eu estou aqui como bispo, eu pisei em 181 comunidades, das 36 paróquias, das 2 áreas pastorais, estive nas casas dos religiosos, das religiosas, conversei com cada padre, e faltava aqui. Pronto. Chegamos! Que alegria poder estarmos juntos, celebrando o aniversário dos nossos irmãos (padres Leandro e Danilo Rasera) (…) Nós nos reunimos entorno da mesa da Palavra, Deus nos fala ao coração. Depois nos convida para essa mesa maior e nos dá aquilo que Ele tem de melhor!”.
O “Yes” de Maria
No início da celebração ainda, Pe. João Henrique acolheu Dom Carlos com as seguintes palavras, referindo-se também à Capela IES (Imaculada do Espírito Santo), recém reformada: “Aqui começou tudo muito pobre, nós começamos num quartinho dormindo no chão, depois conseguimos essa terra aqui. Chamamos essa casa de ‘Imaculada do Espírito Santo’, que daria IES (YES), aquele sim de Maria que gerou também a nossa Comunidade, como a toda Igreja. A gente considera Nossa Senhora como fundadora verdadeira dessa Obra. E foi impressionante porque em poucos anos, o Senhor nos levou à vários lugares. A gente chama esta casa de ‘o ninho das águias’, onde Nossa Senhora forma jovens missionários para voarem longe(…) Estamos contentes com a sua visita e nos colocamos à sua disposição. Sabemos que um bispo tem pouco tempo e tantos problemas. Esperamos dar um pouco de descanso hoje para o senhor. Obrigado por ter vindo até aqui”, concluiu.
Durante a homilia, Dom Carlos falou sobre o chamamento de Jesus e do eterno processo de discipulado pelo qual todos passamos. “Antes de viver um processo, um caminho, achamos já ser donos da salvação. Somos eternos formandos, temos que estar abertos, despertar o entusiasmo, Deus em nós!”, disse.
O que fazemos com a graça de Deus?
E continuou meditando, através de uma história sobre a graça de Deus e o que fazemos com a graça que recebemos dEle.
“Tinha dois jovens. Um morava na roça e o outro na cidade. Mas os dois sempre pediam: ‘Senhor, me dê essa graça!’. Um dia Deus resolveu escutá-los. Deu para os dois a mesma graça: deu milhares e milhares de tijolos, de blocos. Aquele que morava na cidade, tinha uma vizinha chata do lado esquerdo de sua casa, sem graça. Ele pegou os tijolos e construiu um muro de cinco metros. A da direita, ficava olhando para ele com segundas intenções e ele não gostava, pois queria ser consagrado, então, construiu outro muro de cinco metros. A que morava atrás tinha uns moleques que ficava enchendo o saco; construiu mais um muro de cinco metro. E diz que na frente, – ele morava na Região Brasilândia- , então tinha uns ‘pancadão’ (sic). Ele construiu outro muro de cinco metros. De tal forma, que com a graça que Deus deu para ele, ele fez uma prisão”. “O que nós estamos fazendo com a graça de Deus?”
Questionou o bispo, que continuou com a história:
Construir pontes
“O jovem que morava na roça, tinha do lado dele um rio maior que o Rio de Piracicaba, um rio largo. E ele ouviu dizer que do outro lado do rio tinha uma Comunidade de gente boa. E ele olhou para toda aquela graça que Deus deu pra ele, todos aqueles tijolos, e ele então falou: ‘vou construir uma ponte!’. Ele demorou, mas construiu uma ponte. Pediu ajuda pra um e pra outro. E quando ele terminou, foi conhecer aquela Comunidade. De repente, ele chegou lá, viu uma menina tão bonita. Os olhos dela brilhavam, os dele brilharam mais ainda. Ele encontrou o amor da vida dele, a consagração da vida dele. Ele construiu uma ponte e vocês sabem que ponte não é lugar para a gente ficar, como uma cadeia, uma grade. É lugar pra gente passar. O máximo que a gente pode fazer é ir ali, ver, contemplar, admirar e seguir o caminho. E diz que aquela ponte uniu aqueles pontos, era gente que ia e vinha, de lá pra cá, daqui pra lá”, continuou ele.
Tocar as chagas de Cristo
“Na nossa vida, o medo faz a gente construir prisões pra não enfrentarmos as realidades. Difícil, né? É fácil trabalhar com os irmãos de rua, com os pobres, com os usuários de droga? Não é fácil, não! O Papa Francisco vai dizer: ‘eu prefiro uma Igreja lameada, suja, porque foi lá e tocou nas chagas de Cristo, do quê uma Igreja certinha que fica no seu quadrado’. Portanto, construamos unidade, construamos pontes, despertemos esse Deus que está no meio de nós, em nosso coração, em nossa vida, e como pede Cristo a Paulo: dê testemunho!”, concluiu Dom Carlos.
Benção na Capela
Ao abençoar a Capela IES – Imaculada do Espírito Santo, Dom Carlos rezou: “Queremos pedir a benção sobre este espaço de oração, este ‘santuário’, essa casa onde Tu habitas. Fazei, Senhor, que todos que por aqui passarem, possam sentir o Teu amor, a Tua misericórdia, o bem que vem de Ti. Que possam sentir a luz da Tua graça. Dignai-vos, Senhor, nosso Pai e nosso Deus, abençoar com a Tua força, com a Tua graça e com o Teu poder, esse nosso espaço”.
Alegria pela visita
Para a Aliança de Misericórdia é sempre uma verdadeira graça receber em suas casas os bispos das dioceses onde o Movimento está presente, além de prelados amigos do Carisma da Misericórdia.
Como Santo Inácio de Antioquia, entendemos que “onde está o Bispo, aí está a comunidade, assim como onde está Cristo Jesus, aí está a Igreja Católica”, portanto, uma vez mais nos alegramos por termos conosco o bispo da Região Episcopal Brasilândia, região onde nossa Casa Mãe está, e como nosso fundador disse na acolhida, queremos ser para ele, descanso e auxílio.
Seja bem-vindo, Dom Carlos, à nossa Comunidade, à nossa Casa!
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