Camisa de clergima para padres

O Vaticano vai autorizar padres casados? Entenda mais

A imprensa brasileira ou não entende nada da Igreja Católica ou tem como objetivo confundir os católicos com bobagens sensacionalistas. A notícia que está sendo veiculada hoje aos quatro cantos de que o Vaticano está recomendando padres casados na Amazônia é MENTIRA. Ou, no mínimo, um grande erro jornalístico.

Viri Probati

Camisa de clergima para padres
A proposta é que homens casados possam ser habilitados para administrar os sacramentos.

O que de fato aconteceu é que saiu o “Instrumento de Trabalho” para o Sínodo da Amazônia, e lá, entre outras coisas estranhas, apareceu o uso de “Viri Probatis” para as regiões mais remotas. Foi esse o fato que a imprensa toda interpretou como uma “recomendação do Vaticano”.

Para começar, temos que entender que Viri Probati (“homens provados”, em uma tradução livre) é algo previsto no Catecismo e no Código de Direito Canônico e é, na verdade, um plano de contingência para situações críticas, nas quais seja totalmente impossível o envio ou formação de padres. Nesses casos, é permitida a ordenação de homens casados e comprovadamente seguidores da sã doutrina (daí o nome), com o intuito de manter a Igreja funcionando até que a situação retome a normalidade.

A justificativa para essa ideia é um problema real: nas comunidades mais isoladas da Amazônia não temos presença do clero. Então, como fazer um pastor “evangélico” é muito fácil, o protestantismo se alastra pela região. Isso pode ser facilmente enfrentado com o envio de padres missionários, congregações e diáconos permanentes. Não há a necessidade real dos viri probati, mas estas são questões que serão debatidas no sínodo.

Pronto. É só disso que se trata. Não uma liberação geral! De qualquer forma, é importantíssimo ainda dizer o seguinte: o “Instrumento de Trabalho” do sínodo não traz nenhuma recomendação do Vaticano!!! Quem diz isso não sabe como um sínodo funciona. Então, a gente explica…

COMO FUNCIONA UM SÍNODO?

Assim que o Sínodo é convocado pela Santa Sé, toda a Igreja envolvida é consultada. Aí entram bispos, padres, diáconos, leigos, movimentos, pastorais, associações e às vezes até mesmo associações civis sem nenhum vínculo com a Igreja. Todos são convidados a levantar questões que serão debatidas (ou não) no Sínodo. Ou seja… é um brainstorming imenso onde qualquer tipo de ideia surge (e você já deve imaginar de onde saem essas coisas estranhas…).

Na segunda fase, as ideias são compiladas e aquilo que realmente pode ser discutido em um sínodo vai para um documento chamado Instrumentum Laboris, que é o famoso “Instrumento de Trabalho”. Esse documento apenas cita questões que podem ser levantadas no sínodo. É meio que uma pauta de reunião para que todos os participantes entendam o escopo do que vai ser discutido. Não tem caráter de decisão, recomendação e nem mesmo garante que o tema será debatido! Foi isso aí que saiu e provocou essa treta toda!

Depois disso, acontece o sínodo propriamente dito, e ao final se redige um relatório que é enviado à Santa Sé em caráter de consultoria. Ou seja, o sínodo não tem poder algum de decisão. Ele meramente discute e envia suas reflexões ao Papa.

Agora sim, na última fase, o próprio Papa redige um documento que direciona a Igreja com base nas discussões do sínodo. Ele pode aproveitar o que veio do relatório ou ignorar tudo solenemente e fazer da cabeça dele. Não há obrigatoriedade alguma em acatar o que quer que tenha saído do sínodo (como exemplo temos a recente exortação apostólica Christus Vivit, que é a resposta ao Sínodo da Juventude).

E aí, somente aí, poderemos dizer que temos uma recomendação do Vaticano. Ou seja, o que aconteceu na impresa é puro sensacionalismo.

Claro que quem ler o “Instrumento de Trabalho” verá outras tretas potenciais, mas sabemos de onde elas vieram… praticamente todos os sínodos tiveram esse tipo de coisa.

O fato, povo católico, é que ainda tem muito tempo e discussão pela frente e não é possível dizer para onde a Igreja vai andar. Sejamos prudentes e confiemos no trabalho dos nossos bons bispos, do Papa e, sobretudo, do Espírito Santo.

Segundo fonte de O Catequista

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