O quarto da oração

“Tu, porém, quando orares entra no teu quarto e, fechando a porta, ora ao teu Pai que está lá, no segredo; e teu Pai, que vê no segredo, te recompensará” (Mateus 5,6).

O que é oração?

É uma suplica um pedido, um clamor, um louvor dirigido a Deus. E ainda mais é uma conversa com Deus. Quando eu oro, ou rezo, me coloco totalmente em ligação direta com Deus e estabeleço com Ele um diálogo.

Entra para o teu quarto…” o que é esse quarto? É o lugar da intimidade com Deus, aquele lugar onde só Deus pode entrar: a sua intimidade. Esse quarto não é apenas o lugar físico, mas, tem uma dimensão espiritual, um lugar que transcende o físico para você estar com Ele!

Tenho uma grande amiga que sempre que vai rezar se coloca embaixo do cobertor com a cabeça coberta e ali se torna o seu quarto de oração. Deus entra e fala ao seu coração.

Onde é o seu lugar de oração?

Durante um momento de oração, me vi embaixo de uma grande árvore e Jesus me empurrava num balanço. E sempre quando me ponho em oração me vejo nesse lugar. Ali se tornou o meu quarto onde encontro com Deus. O meu jardim secreto.

Entende que é mais que um espaço físico?

Mas o lugar físico nos ajuda muito, não dá para rezar em lugares em que haja muito barulho, brigas, conversas. O silêncio exterior e interior é necessário para escutar a Deus.

Indico aqui um filme para vocês assistirem que se chama o “Quarto de Guerra”. É a história de uma mulher que no momento de desespero em seu casamento, instruída por uma outra mulher mais velha, aprende a fazer do seu closet um lugar de oração, e ali ela começa a estabelecer um relacionamento com Deus.

Eu não tenho um closet, mas no meu quarto fiz um pequeno oratório, onde coloquei a cruz do meu casamento, a imagem da Sagrada Família, uma vela e santos de devoção. Quando vou rezar, me ponho diante desse altar. Também tenho um oratório na entrada da minha casa, com um altar à Nossa Senhora e sempre me coloco ali para rezar.

Estar na presença de Deus

Mas, com três crianças pequenas, às vezes não consigo literalmente sentar e parar para rezar, então, oro mentalmente com pequenas jaculatórias: “Jesus filho de Davi, tende piedade de mim pecador”, “Jesus, eu confio em Ti”. Coloco músicas cristãs, cantos gregorianos e assim, quando percebo, passei meu dia na presença do Senhor.

Esses dias enquanto colocava minhas filhas para dormir a mais velha me pediu: “Mãe, coloca aquela música…”. Perguntei qual era e ela começou a balbuciar um som com a boca. Era um canto gregoriano “Salve Rainha”. Perguntei por que queria aquela música e ela disse que a ajuda a dormir.

Então, prepare o seu quarto de oração, escolha um momento e lugar para estar com Deus e faça de sua casa o lugar onde Ele habita!

Ele quer ser seu amigo…

Gosto muito do trecho do Livro “O Pequeno Príncipe em que ele se encontra com a raposa. Ele quer ser seu amigo, mas para isso precisa cativá-la. E ela dá a dica de como fazer:

“A gente só conhece bem as coisas que cativou – disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo já pronto nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!

O que é preciso fazer? – perguntou o pequeno príncipe.

É preciso ser paciente – respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. E te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás um pouco mais perto.

Um Ritual

O pequeno príncipe e a raposa

No dia seguinte, o príncipe voltou.

Teria sido melhor se voltasses à mesma hora – disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz! Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar meu coração… É preciso que haja um ritual.

Que é um “ritual”? – perguntou o principezinho.

É uma coisa muito esquecida também – disse a raposa. É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, adoram um ritual. Dançam na quinta-feira com as moças da aldeia. A quinta-feira é então o dia maravilhoso! Vou passear até à vinha. Se os caçadores dançassem em qualquer dia, os dias seriam todos iguais, e eu nunca teria férias!” (“O Pequeno Príncipe”, Antoine de Saint-Exupéry).

Com Deus também precisamos nos deixar cativar e ter um “ritual”, preparar o coração para que possa, se encontrar com Deus, esvaziando-se do mundo exterior para entrar na vida interior, pois é ali que Deus está e quer te encontrar.

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