O MEDO e o Coronavírus

O Medo é um sentimento essencial à nossa condição de ser vivo, uma vez que nos serve de alerta. Como um alarme, ele nos avisa da situação de perigo ou de ameaça.

Tudo muito diferente

De repente, nos demos conta que existem perigos invisíveis e que podem estar mais perto do que imaginamos. Como em cenas de filmes apocalípticos, uma doença se espalha pelo mundo em questão de semanas. E todos, em todas as partes, são obrigados a ficar reclusos em suas casas.

Não há quem possa se beneficiar de algum privilégio, seja rico ou seja pobre (apesar que para este último a situação é sempre mais precária), todos se tornam vítimas. A economia do mundo fica abalada. Governos de várias e importantes nações se dividem em posturas e atitudes.

Médicos e outros profissionais da linha de frente tornam-se irreconhecíveis, não mais em seus uniformes e jalecos, mas sim em roupas de tão grande proteção que lembram roupas de astronautas. E estes seguem, num mundo quase desconhecido, na sua grandiosa missão de salvar vidas… Enfim, um cenário hoje real que nos provoca medo.

O corpo sente

Porém, devemos lembrar que é natural sentir medo, e que não está em nosso controle escolher senti-lo ou não. É no cérebro, em nosso Sistema Límbico, que sentimentos como este são processados, depois de capturados pelos nossos sentidos.

E quando percebemos, estamos lá, envoltos numa nuvem de  sentimentos que foram acionados e repletos de inúmeras reações físicas, como: respiração acelerada, pupila dilatada, aumento dos batimentos cardíacos, tremedeiras, extremidade do corpo mais fria…

Enfim, uma série de reações do qual muitas vezes nem sabemos porque foram ativadas, uma vez que, não tendo consciência do perigo, não compreendemos o motivo do temor.

Sim, pois, demoramos em reconhecer o que, de fato, estamos sentindo e o que, de fato, nos ameaça.

Um sentimento primitivo

O Medo é um sentimento essencial à nossa condição de ser vivo, uma vez que nos serve de alerta. Como um alarme, ele nos avisa da situação de perigo ou de ameaça, possibilitando ao organismo que produza reações que visem a proteção, que pode ser lutar ou fugir.

Ou seja, nos coloca em ação, em movimento, em condição de enfrentamento ou nos resguarda dos perigos.

No entanto, esta reação esperada pode não acontecer e nosso organismo emocional vir a ser completamente desestruturado e nos paralisar, impedir que tenhamos uma mobilização.

Tendo como resposta a negação ou o bloqueio, fazendo com que nos sintamos impotentes, sem o menor controle sobre nós mesmos. É nesta hora que o medo pode nos trair e alimentar sensações que não são desejáveis, aumentando nossa paralisia, nos deixando sem ação.

Para que possamos ter o medo como aliado, um excelente alarme que nos avisa do perigo, precisamos lembrar:

“Que um pequeno vazamento afunda um grande navio” (Anônimo).

Sinais que algo está errado

Por isto, devemos ficar atentos aos pequenos sinais de desconforto, seja físico, seja psíquico. Logo:

  • noites mal dormidas;
  • aumento ou diminuição no apetite de maneira repentina;
  • inquietações no corpo como vontade de sair correndo ou a vontade de não fazer absolutamente nada, nem algo que dá prazer;
  • um turbilhão de pensamentos;
  • um turbilhão de pensamentos negativos;
  • respiração ofegante sem que tenha feito algum esforço;
  • exagero nas justificativas para fazer ou deixar de fazer algo;
  • querer “jogar a tolha” como se nada fosse dar certo, ou achar que você é o próximo na linha de infectados;
  • achar que isto não é nada e insistir que devemos levar uma vida normal, uma vez que os órgãos responsáveis dizem o contrário;
  • brigar com todos com quem conversa e o assunto sempre terminar no mesmo ponto;
  • ficar ligado nas notícias 24 horas por dia… enfim, você percebe algum destes sinais?
  • Gostaria de se sentir mais confiante e tranquilo?
  • Pare e pense se não há alguma coisa te incomodando, mesmo que seja difícil admitir.

O medo como um colaborador

Depois, lembre-se que o MEDO funciona como uma grande lupa, uma lente de aumento que faz com que você enxergue tudo sobre um prisma muito maior do que realmente é.

Use de todos os seus contextos lógicos para refletir sobre a situação. E nada de querer adivinhar o futuro e muito menos querer grifar certezas sobre ele.

Tome estes sinais como um alarme que você precisa desligar para que não fique disparando o tempo todo.

“Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com frequência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar (Willian Shakespeare).

O medo, quando desestrutura nosso emocional, geralmente trás alguns aliados. A dúvida é um deles. E ela reforça a paralisia, justifica a não-ação. O organismo emocional, segundo pesquisas, é capaz de sofrer menos por ter errado se comparado com o sofrimento de quem permanece na dúvida.

Por conta disto: aja. Coloque seu Medo em ação. A ação fará você dar uma finalidade adequada ao medo. Faça! Não fique à beira do caminho.

Lembre-se que muitas vezes o não fazer também é agir quando este é de forma intencional, visando um bem maior, sendo diferente da paralisia gerada pelo medo em que, até reconhecemos os benefícios, mas não conseguimos agir.

Aja!!! Mas com prudência e discernimento, pois ações vãs e exageradas também são reflexos do medo inadequado.

O contrário de medo não é coragem

A gente sempre cria algumas associações que nos parecem cair muito bem, mas que não correspondem ao verdadeiro sentido ou significado.

O contrário de medo é, segundo o dicionário: ânimo, decisão, audácia, confiança. E coragem, significa acreditar. Sendo que, para lidar com o medo teremos que agir, seguir em frente, na maioria das vezes, mesmo sem acreditar.

Com isto, sei que é difícil, mas é preciso aceitar que teremos que andar, com medo mesmo. Isto ajudará no enfrentamento tão necessário.

Ah! E antes que eu me esqueça, os erros também estarão neste percurso, mas eles te ajudarão a aprender e crescer.

Não desista! Tenha fé! Siga em frente.

 A paz!

Lídia Correa, Psicóloga Clínica

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