É certo chamar um pobre de excluído da sociedade?
Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos céus! (Mt. 5, 3)
Quem são os excluídos?
Ouvimos muito a palavra “excluídos” nos discursos eclesiásticos de hoje em dia. Não faltam Missas em que participamos em todo o Brasil onde, frequentemente, durante a homilia ou na prece dos fiéis, se ouve um pedido para os “excluídos da sociedade”, mas afinal, quem seriam esses excluídos?
A etimologia da palavra “excluído” indica que algo foi colocado ou deixado de fora de alguma coisa, porém, dizer que uma pessoa é excluída da sociedade pode soar um tanto quanto retórica, pois, nem a pessoa que se encontra na pior situação pode-se dizer que está fora da sociedade.
Podemos dizer, com certeza, que são os marginalizados, à margem, mas não fora da sociedade. Como podemos ter como objeto de reflexão algo que não podemos contemplar? Portanto, dizer que há “excluídos da sociedade” torna nossa reflexão completamente metafísica. Vamos usar um termo mais comum e de fácil compreensão: os marginalizados.
A fragilidade do homem
Os marginalizados são pessoas que se encontram em diversas situações: econômica, social, moral, etc. No Compêndio da Doutrina Social da Igreja Nº183 está escrito: “A miséria humana é o sinal manifesto da condição de fragilidade do homem e de sua necessidade de salvação”.
Nessa afirmação podemos ver que existe uma “condição” de marginalização. Não podemos reduzir o tema simplesmente a questões socioeconômicas, senão caímos em um determinado assistencialismo que não leva a pessoa a se desenvolver na sua integralidade, mas ajuda ainda mais a criar mais e mais marginalizados.
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Como cristãos devemos praticar a caridade acima de tudo (Cf. 1Cor 13). É necessário alimentar quem tem fome, vestir quem está nu, visitar os doentes e prisioneiros (Cf. Mt 25, 32-46) e isso deve ser feito por cada um de nós.
Na sociedade atual adquirimos um costume de substituir a caridade que Nosso Senhor nos pede por instituições privadas ou governamentais que “cuidam dos pobres”. São práticas pessoais que não podem ser substituídas porque também tem um caráter pedagógico em nossa vida para podermos superar o apego, o egoísmo e os vícios que nos impedem de enxergar o outro.
A Missão das obras de Misericórdia
Por outro lado, também somos convidados a praticar as Obras de Misericórdia Espirituais: consolar os aflitos, orientar os desorientados, ensinar os que ignoram, admoestar os que erram, perdoar as ofensas, suportar com paciência as injustiças, rezar pelos vivos e falecidos.
Retomando a citação acima, qual o maior gesto de caridade que podemos fazer pelos miseráveis e marginalizados?
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Levá-los ao encontro pessoal com Cristo para que possam encontrar a sua salvação, essa é a grande diferença entre um simples assistencialismo e um processo cristão de integração da pessoa. Levar a pessoa a entender-se como pessoa dentro da economia da salvação, sem vitimismos e nem sentimentalismos de nossa parte.
Se olharmos para os marginalizados sempre como marginalizados eles nunca deixaram de sê-lo para subir degraus em busca de algo mais possível em suas vidas.
Temos que ter o olhar de Jesus, praticar a caridade, mas nunca perder de vista o anúncio da salvação na vida de qualquer um. O nosso olhar sentimentalista sobre a pessoa em tal situação a leva se tornar sempre a vítima, encontrando sempre um bode expiatório para nunca sair da situação em que se encontra.
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