Congresso Jovem 2K23 – Paixão pela presença

O sábado do Congresso Jovem está sendo um verdadeiro Pentecostes de Misericórdia. A segunda pregação foi ministrada pelo Pe. João Fernando, sacerdote da Aliança de Misericórdia responsável pela formação inicial do Movimento.

Já no início, Pe. João chegou com tudo trazendo uma visualização que teve enquanto rezava preparando este momento. “A visão que Deus me dava era de uma grande chocadeira. E nessa chocadeira chegavam muitos jovens e Deus, de alguma forma, abençoava esses ovos. Alguns chegavam ali frios e eram aquecidos; outros chegavam escuros e eram iluminados; alguns estavam podres e na medida que eram colocados nesse lugar, eram purificados, eram restaurados e muitos eclodiam e geravam vida. E Deus me falava ao coração que esse Congresso Jovem é a sua chocadeira e que nós somos esses ovos”, lembrou o sacerdote, que continuou: “Eu não sei como você chegou aqui. A única coisa que eu sei é que o Espírito de Deus está sobre nós e que esse Espírito dará vida nova a todos aqueles que se abrirem, a todos aqueles que clamarem”.

Paixão pela presença

Padre João contou de uma experiência de contemplação que fez a partir da passagem da visita de Jesus à casa de Marta, Maria e Lázaro (cf. Lc 10,38-42). O sacerdote contou que se via ao lado de Maria, aos pés de Jesus, mas apenas fisicamente, pois interiormente estava ‘viajando na maionese’, mas ainda assim, ‘julgou’ Marta por sua atitude diante do Senhor, visto que ela não parou de fazer suas tarefas de casa para ficar somente diante d’Ele, ouvindo-O, mas sentiu que o Senhor lhe repreendia e censurou, dizendo: “Pe. João, saiba que é melhor ser Marta que estava verdadeiramente presente no trabalho do que ser uma falsa Maria como você!”. A falsa Maria é aquela que finge adoração, devoção, mas que só está presente fisicamente, pois o coração está longe da presença de Deus.

“Isso significa que nós não precisamos crescer apenas em quantidade, mas é preciso antes, crescer na intencionalidade. É preciso fazer aquilo que é certo pela motivação certa!”, exortou o sacerdote sobre a vida de oração e intimidade.

Qual a intenção que move o seu coração?

Padre João questionou os jovens sobre a intenção de suas ações, sejam elas relacionadas à vida de oração, vocação ou vida pessoal. “Qual a intenção do seu coração?”, esse é um questionamento que precisa ecoar em nossos corações, pois Deus não julga pela aparência, mas sim pelo coração! (cf. 1Sm 16,7).

Não podemos viver como “cristãos grávidas de Taubaté”, aqueles que vivem uma perene fake news, que aparentemente são santos, irrepreensíveis, mas que vivem uma vida permeada de pecado e devassidão.

“Deus não suporta uma vida de hipocrisia. Uma coisa é se eu estou lutando para sair do pecado, sendo extremamente sincero diante de Deus, pedindo ajuda. Outra coisa é quando aos poucos eu vou justificando um comportamento imoral achando que é possível acender uma vela para Deus e outra para o diabo”, exortou o sacerdote. “Eu preciso te dizer: o bem que você faz não apaga o peso do pecado. O nosso pecado grave nos desenxerta da videira e esteriliza nossas boas ações”, reforçou.

Lei e reconhecimento

“Aquilo que nós fazemos apenas por obrigação não vale diante de Deus”, disse o Pe. João falando daquelas pessoas que não têm intenção reta, mas apenas agem na legalidade, para cumprirem uma checklist, por medo das consequências e não por amor.

Além dos que agem assim, tem os que agem de maneira ‘santa’, adoram, amam, mas porque querem ser reconhecidos, famosos por sua fé. Esses são como os fariseus do tempo de Jesus e que hoje querem usar da fé como trampolim para a fama. Têm pose de santidade, mas por dentro pensam, na verdade, em como terão a própria glória.

Nosso exemplo

“O grande exemplo para nós, é um homem cujo nome é Jesus Cristo. Aquele Jesus que não desceu para fazer a sua própria vontade, mas para fazer a vontade dAquele que o enviou!”, disse Pe. João ao recordar Jesus como Aquele que não estava preso ao que os outros pensam, mas que estava preocupado unicamente com o que o Pai pensava dEle.

“Essas são as duas paixões que moviam o coração de Jesus: a glória do Pai e a salvação das almas!”, reforçou o sacerdote. “Nós não fazemos mais parte da geração do primeiro Adão, mas da geração do segundo Adão. Vocês são da descendência de Jesus Cristo e o que movia o coração dEle também deve mover os nossos corações”, frisou.

“O papel do Espírito Santo é fazer de mim e de você um outro ‘Cristo’, que nós carreguemos os mesmos sentimentos de Cristo Jesus, que nós carreguemos as mesmas intenções que Cristo carregava (…) Isso significa que eu e você precisamos ser homens e mulheres apaixonados. É isso que deve nos mover, não os interesses que passam: a glória de Deus e a salvação das almas! Só assim as nossas atividades agradarão a Deus!”, lembrou o jovem sacerdote, convidando os jovens a viverem uma verdadeira vida de intimidade com o Senhor.

Qual a sua motivação?

Pe. João Fernando também trouxe aos jovens uma poesia de Santa Teresa d’Ávila como exemplo, dizendo, inclusive, que podem esquecer de tudo da pregação, mas que se utilizem dessa poesia como motivação:

“Não me move, Senhor para Te amar
O Céu que me prometestes
Nem me move o inferno tão temido
Para deixar por isso de Te ofender.
Tu me moves, Senhor,
Move-me ver-te
Pregado em uma Cruz e escarnecido
Move-me ver teu Corpo tão ferido,
Movem-me tuas afrontas e tua morte.
Move-me enfim teu amor,
E de tal maneira,
Que ainda que não houvesse Céu eu te amaria,
E ainda que não houvesse inferno te temeria.
Nada tens que me dar para que eu te queira,
Pois mesmo que eu não esperasse o que espero,
O mesmo que te quero
Eu te quereria”.

Conclusão

Para encerrar, o sacerdote lembrou que existe uma forma para saber se estamos na motivação certa ou errada: através dos frutos que temos gerado em nossa caminhada. Se você está sendo conduzido pela motivação errada, você vai produzir os frutos da carne (cf Gl 5,19ss). Mas se você está enxertado em Cristo que é amor, você não vai produzir os frutos da carne, mas sim, os Frutos do Espírito Santo.

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