A Porta da Fonte – Palavra do Mês de Setembro/2019

“Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede” (Jo 4,15).

Limpar a fonte

Quero convidá-lo a entrar em mais uma porta neste “tempo de restauração”. Caminhamos juntos abertos à voz do Senhor que nos convida a trazer aos nossos corações a esperança de sermos um povo novo transformado pela força do Seu Espírito.

Lembremos o que dizia Padre João Henrique no mês anterior, meditando conosco estes textos do Profeta Neemias: basta um só momento para perder tudo, mas basta um só momento para renascer na Misericórdia do Senhor, e a começar de mim, preciso ser íntimo do Senhor, acolher o seu Espírito que é o Amor do Pai derramado no meu coração. Vamos juntos dar um passo a mais.

O texto do Profeta Neemias nos diz que: “a porta da fonte foi restaurada por Selum, construiu-a, cobriu-a e depois fixou as portas” (Ne 3,15).

A Porta da Fonte, na qual vamos tentar aprofundar um pouco, se encontra na região sudeste de Jerusalém. Segundo os biblistas, naquele tempo, os trabalhos foram importantes, intensos e contínuos. Havia uma necessidade de sempre limpar a fonte e restaurá-la, para que a água que passasse encontrasse o canal limpo.

O nome desta porta provavelmente nasce do fato que o Rei Ezequias (2Rs 20,20), construiu um túnel subterrâneo fora dos muros de Jerusalém para chegar à fonte de Chinon. O canal chegava até uma piscina chamada de Siloé, perto do palácio do rei Davi e dava água para toda a cidade.

O fluir do Espírito

Se esta imagem nos serve de reflexão para nossa vida espiritual, poderíamos dizer, então, que esta porta deve ser continuamente restaurada para permitir que a água do Espírito Santo flua no nosso ser e seja abundante para nossa vida e para aqueles que estão ao nosso redor.

Esta água deve ser continuamente defendida (2Cr 32,3-4) das ciladas dos inimigos. Ela serve para nos purificar dos nossos pecados e das possíveis poluições dos ídolos que sempre estão presentes nos ares (cf. Ef 6,12) e ao redor de nós.

É de grande ajuda para a nossa reflexão o trecho do Evangelho de São João 4,4ss. Como você já conhece, ou me ouviu pregar algumas vezes, Jesus encontra uma mulher samaritana ao meio dia no poço de Jacó. Isso significa, a hora mais quente do dia.

Nesta dinâmica do encontro, nasce um diálogo, onde Jesus vai aprofundando a temática da água, alimento fundamental para o corpo, oferecendo à mulher uma água que sacia e a permitirá nunca mais ter sede.

A samaritana simboliza cada um de nós. Muitas vezes pensamos que a nossa pobre água possa saciar e resolver os desejos mais profundos que carregamos.

Procurando a fonte pura

Procuramos no mundo uma água que ainda mais nos traz sede: água do poder, do dinheiro, do sexo (o ter, o poder, o prazer: as grandes tentações – cf. Lc 4,1-13). Existem águas, bem mais perigosas, dada para nós através da internet.

Pensamos, que atingindo esta fonte vamos encontrar sossego, paz, descanso, mas tudo se torna inútil. Temos mais sede e ainda pior, esta água nos leva às paixões mais desordenadas.

“Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede” (Jo 4,15).

O evangelista explica isso nos trechos que seguem, quando Jesus pergunta à samaritana onde está o seu marido. E ela responde que não tem marido, tendo tido antes mais de cinco maridos e o que tinha, o sexto marido, que não o considerava como marido.

Sendo tão breve, diante de um trecho tão rico, poderíamos afirmar que os maridos, a nível espiritual, são os ídolos que buscamos e que adoramos, e o sexto marido, diz o sentimento de depressão, decepção e inutilidade do último ídolo.

Naquele momento da vida, a mulher não acredita mais em nada e em ninguém. Tudo é inútil. Ela perdeu qualquer interesse nas coisas. Será que estes fatos também pertencem à vida de muitos de nós? Como você tem vivido?

Jesus se declara, afirmando qual é a verdadeira fonte da vida, a água viva. Ele é verdadeira água e Se dá para aquela mulher e dá para toda a humanidade o Seu Espírito que é vida e que sacia a sede que carregamos.

Trabalhar para restaurar

Os homens, durante os séculos passados, tentaram sempre poluir e muitas vezes substituir a obra do Espírito, criando situações irreparáveis. Hoje devemos ter cuidado, devemos ter coragem para voltar a restaurar esta porta tão importante, não somente na vida cristã, mas para o mundo inteiro.

Como Igreja devemos cuidar continuamente de restaurar a porta que permite a entrada do Espírito Santo nela. Tantas filosofias, ideologias, falsas teologias hodiernas que querem poluir a verdade, a tradição, a liturgia, as pastorais. Não podemos permitir.

Cada um de nós deve se sentir parte na restauração da porta da fonte. É tão lindo pensar que eu, você e todos os nossos irmãos, podemos e devemos nos tornar aquele canal, aquela porta que permite o Espírito fluir abundante na sua casa, nos grupos e nas comunidades.

Em nossas evangelizações e vida em comunidade, para nos tornarmos instrumentos e porta da fonte para a edificação do Corpo de Cristo, a Igreja, necessitamos estar cheios do Espírito Santo. Lentamente, restaurando o nosso coração, o Espírito fará de nós discípulos para que a humanidade seja santificada.

Cuidar da porta do Coração

Não tenho dúvidas de que o Espírito quer se manifestar abundantemente e ainda mais necessita se manifestar para livrar as pessoas de todo tipo de ídolos que as escravizam e destroem o homem de hoje.

Ele, a Água Viva, que não dá mais sede, precisa de você! Somos nós os escolhidos para sermos canais da Sua graça para que esta Água Viva chegue a tantos corações.

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“Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede” (Jo 4,15).

Então, eu diria para você: cuide da porta do seu coração! Limpe-a sempre, amplie, purifique, faça do seu ser uma porta santa, lembre-se do sacramento da Confissão sempre, e para nós como Aliança de Misericórdia, desejamos como meta, a confissão mensal. Não permitamos que a sujeira entre por esta porta. Jogue tudo que é podridão na porta do lixo.

Querido filho e querida filha, devemos ser porta onde passa a humanidade e canal para que a água do Espírito limpe e crie novos homens e mulheres para “um novo tempo”.

Deus te abençoe!

Pe. Antonello Cadeddu

Fundador da Aliança de Misericórdia

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