A comunhão na Palavra – Mês de Outubro

Não ardia o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho, quando nos explicava as Escrituras?” (Lc 24,32).

Onde dois ou mais

Estas são as palavras que os discípulos de Emaús dizem quando, fugindo de Jerusalém, se encontram com Jesus. Por trás desta expressão há uma verdade que transforma a vida das pessoas que a entendem, como aconteceu com os discípulos.

De fato, podemos perceber que muitos cristãos escutam a Palavra de Deus, mas não a entendem.

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A Palavra de Jesus pode ser compreendida somente se vivemos determinadas condições. Hoje iremos analisar uma destas condições, que abre o caminho para as outras. A Palavra de Deus se entende somente se Jesus está no meio de dois ou mais!

Somente se estamos em comunhão e no amor. Olhemos o trecho que estamos analisando, pois ele nos abrirá os olhos para compreender esta condição.

Estavam discutindo

Os discípulos, fugindo de Jerusalém, estavam discutindo entre eles. O vocabulário da língua portuguesa sobre o verbo discutir explica o sentido: “manifestar as próprias ideias em contraste com aquilo que os outros afirmam”. Esta é a realidade que nós vivemos habitualmente. Quando duas pessoas se relacionam, sempre se colocam numa atitude de reserva, defesa, oposição.

Muitas vezes não é evidente, mas, de fato, sempre nos colocamos em atitude de defesa.

É suficiente olhar ao nosso redor e dentro de nós: guerras, muros para separar nações, inúmeras almas que se vendem pelo poder e fama; dentro das famílias, separações, divórcios, homicídios; na política se faz de tudo, e ainda mais, para destruir, sem nada edificar para o bem da sociedade.

Eu devo, de todo jeito, fazer prevalecer a minha ideia, porque no fundo, em nível psicológico e inconsciente, tenho medo de que me abrindo ao outro, possa ser usado pelos seus interesses… que pensa o mesmo sobre mim.

É a ruptura de qualquer relacionamento: eu vivo em estado de defesa e lutando para prevalecer sobre os outros.

Jesus vem dar sentido

É interessante sublinhar que, entre eles, os discípulos não se entendem, nem percebem e reconhecem Jesus, o mesmo Jesus que viveu com eles três anos. Os olhos deles estão cegos e não podem reconhecer Aquele que eternamente vive em comunhão com o Pai e o Espírito Santo.

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Muitos cristãos, infelizmente, vivem nesta cegueira, discutem, brigam, são causa de divisão, calúnias. Eles não encontram, na Palavra de Deus, a vida, usando dela para criar leis e normativas que amarram e, ainda mais, infelizmente, afastam aqueles que gostariam de encontrar neles a vida que o Evangelho transmite.

Não podemos nunca esquecer que o homem foi feito à imagem da Trindade: imagem e semelhança de Deus. Significa Amor que se concretiza numa comunhão recíproca. Perdendo o sentido disso, não vivendo a Palavra-Jesus, nos tornamos escândalo para os pagãos.

Não ardia o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho, quando nos explicava as Escrituras?” (Lc 24,32).

Unidos para tornar Jesus presente

Os discípulos, fugindo de Jerusalém, eram tristes, se sentiam traídos, tinham medo, viviam na escuridão, não aceitavam a morte de Jesus, o coração deles estava fechado, queriam voltar a uma vida sem sentido, vivendo na solidão, longe dos outros discípulos.

E o mais triste é que conheciam as palavras e a vida de Jesus! Tinham experimentado o poder de Deus, o Seu Amor. Tinham visto os milagres, as curas, eles mesmos foram tocados pelo amor de Deus, mas não compreendiam, estavam sozinhos, a mente deles estava confusa, estavam cegos.

Podemos ressaltar que a mesma coisa acontece em nós. Sabemos tudo, ou quase, da Palavra de Deus, quantos estudos ou leituras fizemos em dicionários bíblicos… Quantas figuras de santos ou mártires que deram a vida para ser fieis à Palavra de Jesus.

Por que isso? Porque não entendemos, embora conhecendo a Palavra? Por que nos sentimos longe da presença do Espírito? Por que continuamos a nossa vida vivendo como zumbis, sem acreditar em nada? Por que a Missa não tem amor? Por que tudo se torna sem esperança?

A chave de leitura é uma só: não vivendo em comunhão entre nós, Jesus não pode realizar aquilo que Ele quer.

Não ardia o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho, quando nos explicava as Escrituras?” (Lc 24,32).

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Voltar o olhar ao inicio

Devemos voltar às raízes da nossa essência, vivendo como Ele vive com o Pai e o Espírito: a vida de comunhão. Jesus é a Palavra viva, o Logos, Verbo de Deus. Ele diz que a sua única existência era fazer e viver na Vontade do Pai.

Ele disse: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10,30), e ainda: “mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará tudo” (Jo 14,26). Isso se realizou também nos momentos mais difíceis da vida dEle quando diz: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice! Contudo, não a minha vontade, mas a tua seja feita!” (Lc 22,42).

Como é maravilhoso compreender que para poder ser Palavra é preciso viver a Palavra do Pai.

Deus nos deixa livres também de nos perder, de continuar a nossa vidinha de nada, brigando entre nós, ficando tristes e de mente cega. A escolha é nossa! Mas, Ele sempre está pronto. É tão simples! É suficiente viver unidos, se amar, se escutar reciprocamente, também quando estamos na frente da Palavra.

A comunhão entre nós

É suficiente acreditar que sempre, através do outro, Jesus fala. Tristezas, discussões, cegueira, divisões, medo, passarão. Vivendo isso, a consequência será absolutamente e exclusivamente uma: Ele mesmo, Jesus, explicará para nós as suas palavras dando para cada pessoa a vida sobrenatural.

No trecho dos discípulos de Emaús se lê: “E, começando por Moisés e passando por todos os Profetas, explicou-lhes, em todas as Escrituras, as passagens que se referiam a Ele” (Lc 24,27).

Queremos mesmo descobrir os segredos de Deus? A sua sabedoria? Queremos experimentar aquilo que os discípulos disseram depois que Ele desapareceu? Queremos?

Basta vivermos em comunhão entre nós, amando-nos, assim Jesus nos falará e será luz plena e felicidade contínua, tanto nas alegrias como nos sofrimentos.

Pe. Antonello Cadeddu

Fundador da Aliança de Misericórdia

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