A colaboração dos leigos em casos de libertação e exorcismo

Para entender melhor sobre a participação do leigo no ministério de cura, libertação e exorcismo, convidamos o secretário executivo no Brasil, da Associação Internacional dos Exorcistas, Rodrigo Cardoso, para uma entrevista, em que abordamos alguns pontos que você precisa saber a respeito desse valoroso ministério da Igreja.

Além do cargo ocupado hoje, Rodrigo tem uma vasta experiência no assunto e, durante 3 anos, acompanhou diretamente um Exorcista Diocesano em atendimentos e exorcismos reais em possessos, além de ser responsável pelo Portal Cura e Libertação.

Importante:

Para complementar seu entendimento, leia também o texto onde o Rodrigo explica algumas diferenças entre cura, libertação e exorcismo, e esclarece sobre afirmar ou não se uma pessoa está com possessão diabólica. Clique aqui.

Leia a entrevista a seguir.

AM: Rodrigo, geralmente, ao se falar de exorcismo, alguns (até mesmo engajados), podem ser remetidos ao medo, e evitam falar, ouvir sobre, aprender mais… De forma geral, é para ter medo mesmo, ou esse sentimento acaba por ser uma “armadilha” ao cristão, afastando-o de um possível ministério de cura, libertação e serviço ao Reino de Deus? 

Rodrigo: Nunca devemos ter medo do demônio. Ele é uma criatura de Deus e age dentro dos limites que a Divina Misericórdia o impõe. Mas não é por isso que vamos sair por aí procurando ou dando ocasiões para que ele venha nos atormentar. Se se vive na graça de Deus, não há nada a teme! Hoje, na Igreja, muitos fogem do assunto por desconhecimento ou medos infundados. Quanto a um possível ministério de cura e libertação, é preciso que se diga que os carismas existem e são graças concedidas por Deus para o bem comum. Mas é preciso que se diga, também, que essas graças precisam ser acompanhadas por sacerdotes da Igreja, dentro de um discernimento espiritual maduro e, conforme pede a Santa Igreja, que se comunique o bispo diocesano aqueles casos em que estão acontecendo curas ou libertações autênticas, a fim de que ele tome as providências adequadas, como pastor da diocese.

AM: Em que casos o leigo pode auxiliar em casos de libertação do demônio? Ou isso cabe somente religiosos autorizados? 

Rodrigo: Se a pessoa está sendo acompanhada pelo exorcista diocesano com exorcismos, os leigos só podem fazer algo com a permissão do exorcista diocesano, pois trata-se da possessão diabólica, casos reservados à Santa Igreja. Rezar pela libertação de uma pessoa não significa dar ordens para o demônio. Ajuda muito uma pessoa que precisa de libertação do demônio que outras rezem por ela o santo Rosário, façam jejuns e mortificações, ofereçam missas pela sua libertação e o mais importante: ajudem a pessoa a viver a fé e frequentar os sacramentos. Para isso, não é necessária nenhuma autorização. Dar ordens e comandos aos demônios, procurar saber seus nomes ou rezar o exorcismo, inclusive de Leão XIII, é proibido pela Santa Igreja e só pode ser feito por sacerdote devidamente habilitado.

AM: Como você enxerga esse ministério entre os leigos brasileiros? 

Rodrigo: A maioria dos leigos que o exercem são participantes do movimento da Renovação Carismática Católica (RCC), mas é necessário que fique bem claro que esse ministério não é uma exclusividade desse movimento, pois no Brasil encontramos muitos grupos de leigos que o exercem sob a firme direção espiritual de sacerdotes, inclusive exorcistas diocesanos. Contudo, no ano de 2019 a RCC do Brasil solicitou à Associação Internacional dos Exorcistas que desse um curso sobre a oração de libertação e o exorcismo para os leigos do movimento aqui no Brasil. A realidade que temos aqui em nosso país não é encontrada em nenhum outro lugar do mundo, o que é de fato admirável. Para mim, vejo como uma graça de Deus que haja pessoas que se sentem chamadas a ajudar os irmãos que sofrem, sobretudo aqueles que padecem nas garras do demônio. O meu ponto de observação é apenas que o leigo para atuar com o ministério de cura e libertação não tem permissão da Igreja para fazer exorcismos, dar ordens aos demônios ou fazer expulsões públicas e privadas. O ministério, que é um serviço, deve ser exercido visando anunciar Jesus, levar a pessoa a viver a fé, frequentar os sacramentos e atingir a maturidade espiritual. Casos de exorcismo devem ficar com a Santa Igreja, para o sacerdote autorizado, não para leigos, sacerdotes ou religiosos. É perigoso, inclusive, que leigos façam tais coisas.

AM: Dentro da sua experiência, é possível levantar quais os casos mais comuns de possessão demoníaca? 

Rodrigo: Sim. Hoje, a causa mais comum que leva uma pessoa a ser possuída pelo demônio é o pecado contra o 1º mandamento da lei de Deus: amar a Deus sobre todas as coisas. Quando eu frequento seitas ocultistas, que pregam outros deuses como senhores, buscam incorporações de espíritos ou os evocam via espiritismo ou outras seitas de matriz africana, deixo a porta aberta para o demônio entrar na minha vida, pois estou pecando contra o primeiro mandamento da lei de Deus. Digo isso com todo amor aos meus irmãos que frequentam essas seitas, pois já estive presente em exorcismos reais de pessoas que as frequentaram e passaram por anos e anos de sessões de exorcismo maior, com muito sofrimento para alcançar a libertação em Cristo.

Uma outra causa comum de possessão é a fé sincretista, que abraça um pouco de cada doutrina, até chegar à evocação de espíritos e, às vezes, do próprio demônio.

E por fim, o malefício, que nada mais é do que a arte de fazer mal a uma pessoa. O malefício é utilizado como forma de amaldiçoar alguém por inveja, ódio ou mesmo para conseguir prejudicá-la a fim de obter sucesso. Não menos comum, encontramos jovens que estão possuídos por terem se envolvido com satanismo, coisa que as pessoas acham que não existe no Brasil, mas não só existe como expõe os nossos jovens a graves consequências.

AM: Fale um pouco do curso que vai acontecer nos dias 25 e 27/03 – “A prática exorcística: a colaboração dos leigos em casos de libertação e exorcismo”. 

A quem se destina? 

Rodrigo: O curso é uma oportunidade única para refletirmos de maneira aprofundada de que maneira os leigos podem auxiliar em casos em que comprovadamente a pessoa padeça com um problema de ordem espiritual, alegadamente a atividade extraordinária do demônio. Não se destina somente a leigos, mas religiosos e sacerdotes que mesmo não sendo exorcistas, desejam aprofundar o assunto, pois rezam por cura e libertação.

O que os participantes podem esperar? 

Rodrigo: Dentro da perspectiva de obediência à Santa Igreja, pode-se esperar orientações seguras e concretas sobre como proceder da maneira correta em tais casos, que oração rezar e como agir em casos em que haja necessidade de atuar numa emergência até que a pessoa seja encaminhada ao exorcista diocesano.

De onde nasceu a iniciativa para este curso? 

Rodrigo: A iniciativa para esse curso nasceu da observação ao longo dos anos de vários casos em que aconteceram muitos excessos, tanto no Brasil quanto no mundo em relação ao ministério de cura e libertação, desde leigos que dão ordens diretas aos demônios em orações públicas, até diagnósticos de possessão diabólica sendo dados por eles após supostas iluminações do Espírito Santo. Não raras as vezes, esses excessos acontecem por falta de formação adequada. Os leigos, bem orientados, podem contribuir de maneira extraordinária para a libertação de uma pessoa, mas quando caminham sem obediência à Santa Igreja, o estrago é completo e certo. Por outro lado, é necessário fornecer a formação para que os excessos sejam coibidos e as almas, que são as que mais sofrem, alcancem a libertação e a paz através de Jesus nosso Senhor.

AM: Na programação do encontro, tem uma pregação com o tema: “As 7 fraquezas do diabo: a oração de louvor, a obediência e a humildade, sacramentos, palavra de Deus, Jejum, Rosário diário”. Pode-se dizer que essa é uma chave para todo cristão, para se manter pronto para qualquer batalha espiritual, inclusive em casos de auxílio à libertação demoníaca? 

Rodrigo: Sim. O tema para essa pregação nasceu do estudo de um livro do exorcista maltês Frei Elias Vella e as 5 pedrinhas que foram transmitidas por Nossa Senhora em Medjugorje para vencer a influência e o poder do mal e do pecado. Aliás, existe alguém que muito pode nos ajudar a combater o mal e nos proteger dele: a nossa mãe, Maria Santíssima. Se estudarmos essas 7 fraquezas e colocarmos em prática, não estaremos isentos das tentações, mas veremos que Jesus não nos permite nada além das nossas forças. Nós pensamos no presente, queremos as coisas agora, mas Jesus, pensa na eternidade.

Veja também: É possível dizer se uma pessoa está com possessão diabólica? Leia aqui sobre isso!

Formação

Que tal se aprofundar no assunto? O Portal Cura e Libertação está organizando o curso: A prática exorcística: a colaboração dos leigos em casos de libertação e exorcismo. Acontecerá de forma presencial, em Embu Guaçu/SP, entre os dias 25 e 27 de março. As inscrições são limitadas e podem ser feitas clicando aqui.

 

*As informações descritas são de responsabilidade do entrevistado.

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