Exorcismo: é possível dizer se uma pessoa está com possessão demoníaca?

Por falta de conhecimento e com desencontros de muitas informações, o assunto referente a libertação demoníaca ou exorcismo pode parecer amedrontador pra alguns ou, no outro extremo, até uma falácia para outros.

Contudo, é uma realidade e, principalmente para nós cristãos, precisa ser melhor compreendida, como lemos no “Portal Cura e Libertação”:

“A importância da formação se estabelece a fim de trazer uma melhor compreensão sobre o exorcismo, suas implicações e a maneira com a qual a Igreja o enxerga e exerce nos dias de hoje, sem desviar do foco principal: a conversão dos corações e a entrega verdadeira à Jesus, como Senhor”.

Então, de forma geral, o que é uma possessão demoníaca?

Como identificar?

Existe diferença entre Cura, Libertação demoníaca e Exorcismo? 

Para entender melhor sobre isso, convidamos o secretário executivo no Brasil, da Associação Internacional dos Exorcistas, Rodrigo Cardoso, para abordar o assunto e nos ajudar a ficar mais cientes a respeito desse ministério da Igreja.

Confira o texto do Rodrigo Cardoso:

A possessão diabólica é a forma mais grave da ação extraordinária do demônio. O nosso presidente na Associação Internacional dos Exorcistas (AIE) – da qual sou secretário executivo no Brasil – Padre Francesco Bamonte, chamado a dar formação sobre os critérios de discernimento para saber de uma pessoa necessita ou não de exorcismos, assim a definiu:

“Indicamos com a expressão possessão diabólica a presença e a ação de um ou mais demônios num corpo humano, que em determinados momentos exercem um controle despótico sobre esse, fazendo-o mover e/ou falar sem que a vítima possa fazer nada para evitar, mesmo nos casos em que mantém a consciência daquilo que lhe está sucedendo. Trata-se de uma presença permanente no corpo, cuja manifestação, porém, não é contínua. Nos períodos nos quais tal ação não se manifesta e que podem ser mais ou menos longos (horas, dias, ou até várias semanas), a vítima consegue ter uma vida quase “normal”.

Na Santa Igreja, o diagnóstico de possessão diabólica cabe única e exclusivamente ao sacerdote exorcista diocesano, nomeado pelo bispo da diocese. Por tanto, não cabe a nenhum leigo, sacerdote ou religioso dizer se a pessoa é possuída ou não, ainda que apresente supostos sinais. Aqui há um ponto importante, pois as pessoas se arvoram em querer encontrar o diabo em todo lugar.

Leia ainda: Em que casos o leigo pode auxiliar na libertação do demônio?

Os sinais de possessão diabólica indicados no ritual romanos dos exorcismos são três:

1) Dizer muitas palavras de língua desconhecida ou entender quem assim fala;

2) Revelar coisas distantes e ocultas;

3) Manifestar forças acima da sua idade ou condição natural.¹

Leia também: Quais os casos mais comuns de possessão demoníaca?

A praxe exorcística atribui um outro sinal que é levado em alta consideração e precisa ser verificado que é a aversão às coisas sagradas. Mas, descobrir se uma pessoa está ou não possuída não é uma tarefa fácil e pode necessitar de uma investigação aprofundada, onde o sacerdote pode pedir que a pessoa visite o médico e faça exames, para descartar tudo que é natural.

Por essa razão, não deve nunca ser dito para uma pessoa que ela está possuída, pois o exorcista diocesano precisa dispor dos elementos necessários para decretar que a pessoa está possessa e será necessário submetê-la ao exorcismo maior.

O exorcismo é o remédio da Igreja para tais casos e o exorcista é o perito nesse assunto na diocese e só ele pode dizer com certeza se o demônio está presente agindo numa pessoa.

Diferença entre cura, libertação demoníaca e exorcismo

A diferença entre cura e libertação demoníaca e exorcismo é dada pela própria Igreja no documento “Instrução sobre as orações para alcançar de Deus a cura” quando esta diz: “A oração que implora o restabelecimento da saúde é, pois, uma experiência presente em todas as épocas da Igreja e naturalmente nos dias de hoje.” Diz ainda que o desejo de felicidade “[…]no coração humano esteve sempre associado ao desejo de se libertar da doença e de compreender o seu sentido.”

Aqui, a Igreja trata a doença como algo físico, não espiritual, ainda que possa haver uma enfermidade que é causada por uma desordem dessa natureza.

Quanto à libertação, associa-se sempre ao exorcismo, pois este é um ministério de consolação e libertação na Igreja. Contudo, é preciso fazer aqui uma distinção entre outros tipos de libertação que não têm necessariamente a ver com a batalha espiritual, como por exemplo os diversos vícios (bebidas, entorpecentes, morais).

O exorcismo possui um sentido estritamente espiritual, haja vista que se trata da libertação da ação extraordinária do demônio. Ensina-nos o Catecismo: “Quando a Igreja pede publicamente e com autoridade, em nome de Jesus Cristo, que uma pessoa ou objeto seja protegido contra a ação do Maligno e subtraído ao seu domínio, fala-se de exorcismo.”²

Saiba mais: Entrevista com Rodrigo Cardoso – secretário Executivo da Associação Internacional dos Exorcistas.

Formação

Que tal se aprofundas no assunto? O Portal Cura e Libertação está organizando o curso presencial: “A prática exorcística: a colaboração dos leigos em casos de libertação e exorcismo”. Acontecerá de forma presencial, em Embu Guaçu/SP, entre os dias 25 e 27 de março. As inscrições são limitadas e podem ser feitas clicando aqui.

 

1 – Ritual Romano para celebração dos exorcismos, preliminares, III – o ministro e as condições para realizar o exorcismo maior.

2 – CIC 1673.

*As informações descritas são de responsabilidade do autor.

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