Segunda feira Santa: Meditação de São Francisco de Assis sobre a Paixão de Cristo

“É no silêncio que se ouve a voz de Deus.”
São Francisco de Assis

Nesta Segunda-feira Santa, pedimos o auxílio de São Francisco de Assis – que tanto amou o Senhor e suas chagas – para nos conduzir no itinerário da Semana Santa.

São Francisco teve seu primeiro encontro real com o Cristo Crucificado na Igreja de São Damião, onde o próprio Senhor o convidou a Reconstruir a Igreja. A partir daí ele tonou-se um apaixonado pela cruz, pois amava profundamente aquele que foi crucificado.

O amor que é Deus se realizou na sua de forma completa e perfeita em Cristo, desde a sua encarnação, vida pública, até a Ressureição. Cada etapa da vida de Jesus é uma demonstração do amor de Deus por nós.

Mas é na Cruz que esse amor ultrapassa todo o conhecimento humano, é na cruz que ele se mostra mais perfeitamente.

São Francisco entendeu isso e desejou ardentemente se unir a Cruz do seu Senhor, até receber os estigmas. Em seu testamento espiritual vemos esse relato. Na hora do alvorecer, ele se pôs em oração, diante da saída de sua cela, e entre lágrimas orava desta forma:

Ó Senhor meu Jesus Cristo, duas graças te peço que me faças antes que eu morra: a primeira é que em vida eu sinta na alma e no corpo, quanto for possível, aquelas dores que tu, doce Jesus, suportaste na hora da tua acerbíssima paixão; a segunda é que eu sinta no meu coração, quanto for possível, aquele excessivo amor do qual tu, Filho de Deus, estavas inflamado para voluntariamente suportar uma tal paixão por nós pecadores?

E enquanto Francisco rezava, viu um Serafim que tinha seis asas (cf. Is 6,2) tão inflamadas quão esplêndidas a descer da sublimidade dos céus. E […] apareceu entre as asas a imagem de um homem crucificado que tinha as mãos em forma de cruz e os pés estendidos e pregados na cruz. […] imediatamente começaram a aparecer nas mãos e nos pés dele os sinais dos cravos (LM 13,3).

Assim, Francisco transformara-se todo na semelhança de Cristo crucificado (cf LM 13,5). Pois, de fato, trazia Jesus no coração, na boca, nos ouvidos, nos olhos, nas mãos, nos sentimentos e em todos os demais membros (cf. I Cel 9,115), e consequentemente podia exclamar com o apóstolo Paulo: Eu vivo, mas já não sou eu, é Cristo que vive em mim (Gl 2,20).

Esse pequeno relato dos estigmas de São Francisco é para nós grande fonte de graça e meditação, o amor profundo que o Santo de Assis precisou ter para receber tamanha graça.

Francisco amou tanto a Deus que foi capaz de verdadeiramente se unir a cruz de Cristo e amar aos irmãos como Cristo. Podemos ver isso no Cântico das Criaturas, onde ele louva à Deus pelos seres do universo.

O amor à Deus foi o segredo da vida de Francisco, foi esse amor ao crucificado, foi essa contemplação silenciosa da cruz, que o tornou capaz dos grandes milagres, mortificações, todas as grandes virtudes do Santo.

Um olhar humilde de filho que contempla a cruz e deseja participar e ajudar Jesus à carregá-la. O olhar silencioso para a cruz, encontrando nela a salvação e o caminho a ser seguido: amar o Amor!

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