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Profissão e Vocação: Testemunho de uma Enfermeira Missionária

Hipócrates, que a maioria de nós conhecemos como “o Pai da Medicina” (460 a.C. – 377 a.C.), famoso por rejeitar as crenças antigas que envolviam a origem sobrenatural das doenças até a época, tentou dizer que os agravos na saúde do indivíduo não tinham relacionamento com o Sagrado e que, para executar a medicina, não precisamos de Deus. Um homem que, mesmo negando, viveu a Palavra por atos cristãos na maioria das vezes!

Veja também São Camilo Lellis e a vocação ao cuidados aos doentes

A história da enfermagem começa com Florence Nightingale (1820-1910), que foi uma renomada enfermeira inglesa. Criou a primeira Escola de Enfermagem, em Londres. Com a sua dedicação, que devotava aos doentes, reduziu drasticamente as mortes no hospital militar.

Florence “escandalizou” sua família, quando dispensou um casamento, pois acreditava que Deus a pedia de viver para cuidar dos doentes. Assim também, a primeira enfermeira do Brasil, Ana Neri (1814-1880). Após ficar viúva e ter seus filhos convocados para guerra, prestou serviços voluntários nos hospitais militares de Assunção, Corrientes e Humaitá, durante a Guerra do Paraguai.

A razão desta partilha é expressar como vivo minha vocação celibatária no mundo, atuando como enfermeira. “Vós sois o sal da terra (…) Vós sois a luz do mundo” (Mt 5,13-14).

Aprendi, e acredito, que minha vida e vocação são: oração e missão! A razão de ter começado esta partilha contanto um pouco da história da enfermagem e medicina é que muitas vezes somos confundidos em estar fazendo caridade!

Sim, estamos! Mas isso não se justifica só por ajudar os doentes, pois em qualquer profissão podemos fazer isso.  Logo, tento, apesar de todas minhas limitações, ser sal e luz no mundo em qualquer ação, decisão…devolvo toda minha vida a Deus. É depois disso que pratico a enfermagem, que é puro dom de Deus!

Neste tempo de pandemia, estamos a todo tempo falando “vamos rezar por um milagre!” O que seria de nós, profissionais de saúde, se Deus não realizasse em nós o primeiro milagre (de milhares) que é, nos dar o dom de servir os irmãos através dos cuidados técnicos-científicos? Desde uma gripe ao Covid,  Deus sempre realiza um milagre em cada célula do nosso corpo. Pois, “sabeis tudo de mim, quando me sento ou me levanto. De longe penetrais meus pensamentos“. (Sl 138,2) ou ainda, desde antes de ser um embrião no ventre de nossa mãe, Ele tudo já sabia: “Fostes vós que plasmastes as entranhas de meu corpo, vós me tecestes no seio de minha mãe”. Sl (138, 13).

Uma coisa é certa, os estudiosos vão sempre tentar explicar o que é divino… mas não conseguirão, pois Deus trabalha no escondimento, e nenhum de nós executa o que só Ele pode, porque Ele é DEUS!

“…tais como é Jesus somos nós nesse mundo” (1Jo 4,17). Sim! Rezo pelos meus pacientes! Pela história deles, pela saúde ou para ter um discernimento de quando a doença chegou, e o que ela me traz de aprendizado. Quando estou em atendimento de consultas, peço sabedoria na hora de realizar o plano de cuidados para aquele paciente, pois somente Deus pode curar qualquer enfermidade, ou promover a saúde.

Quando eu tenho um acesso venoso difícil para pegar na urgência (pois disso depende a infusão de medicamentos que pode salvar a vida do paciente) eu peço à Nossa Senhora para me conduzir! Ela é ótima em acessos venosos! (risos)

Às vezes, somos tomados por inseguranças e medos, se eu não clamo pelo Espírito Santo nada eu posso fazer (a pandemia do SARS COV, me ensinou muito). Seja na hora da urgência, seja em uma decisão no consultório.

Muitas vezes, já senti Jesus falar comigo através do paciente, da minha equipe e dos meus superiores!  Viver no mundo, escolhendo por ser cristão, é entender que não vou para a execução do meu trabalho, para fazer caridade, ganhar dinheiro ou me relacionar com as pessoas.

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Eu me apresento no trabalho, para me encontrar com Jesus, que é o centro das minhas escolhas. Creio que Sua misericórdia cobre uma multidão de pecados, por isso, confiando em Sua misericórdia na minha história, escolho levar alívio no sofrimento ou viver um momento bonito com a gestante que acaba de parir! Tudo é Deus, Ele está em tudo…

Às vezes, Jesus aparece brincando em uma consulta com gestante, “pulando” no ventre daquela mulher. Às vezes, Ele aparece crucificado em um paciente que vai ser entubado por causa do Covid. Presencio mãos e lábios que oram a todo tempo esperando um diagnóstico, um tratamento, uma boa novidade!

Noutro dia, na defesa do meu TCC sobre Espiritualidade e Cuidados ao Paciente Terminal, a banca me perguntou qual era o autor daquela frase que eu disse. Respondi: Jesus Cristo!  Eles nada puderam argumentar. O estudo havia falas de profissionais e pacientes que acreditavam que a Espiritualidade poderia os ajudar!

Dalila Vilela Oliveira CostaUm paciente uma vez, na correria dos isolamentos e exames de Covid me perguntou como tinha aprendido aquelas coisas que eu estava fazendo (era um senhor, que iríamos levar para o hospital de Campanha devido estar se agravando pela doença). Eu disse a ele que era através da Palavra de Deus. Ele perguntou: “mas, tem sua profissão na Bíblia?” (risos). Eu respondi: “tem sim! Jesus”. Ele começou a rezar o Pai Nosso!

Não podemos perder tempo! Precisamos falar de Deus, com Palavras, ações, de joelhos, correndo em uma urgência, ou na ausculta do pulmão de um paciente. Tudo é DEUS! Devolvemos tudo a Ele!

 

Dalila Vilela Oliveira Costa (Ir. Dalila do Bom Pastor)

Enfermeira e missionária consagrada da Aliança de Misericórdia

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