Palavra do Mês de Outubro – José: esposo de Maria

José, seu esposo, que era homem de bem… E o anjo disse: …não temas receber Maria por esposa…” (cf. Mt 1,19. 20b).

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Neste mês, gostaria de refletir com todos sobre esta realidade: José, esposo de Maria.

No decorrer dos séculos, em contos e histórias, se imaginou um José idoso, com 70 ou 80 anos, e, como alguns evangelhos apócrifos citaram, um homem que já fora casado e viúvo, com outros filhos, etc. Tantas explicações humanas e, às vezes, até banais.

José foi jovem, esposo e feliz! Realizado com Maria, sua esposa!

De antemão, apresento uma reflexão, fruto de uma intuição pessoal, sem caráter e afirmações teológicas ou dogmáticas, mas apenas um conteúdo espiritual e, certamente, concreto, com o desejo de compartilhar com vocês. 

Primeiramente, precisamos nos deter em Maria. Ela, que foi concebida Imaculada desde o ventre de sua mãe, Ana. Nasceu liberta, por vontade de Deus, do pecado original para receber no tempo designado o Filho d’Ele, Jesus.

Como consequência desta eleição e preservação, sua vida era reflexo puro das coisas de Deus. Tal era a primazia que a tornava completamente livre das consequências e manchas do pecado original. Ela sentia unida de tal forma com Deus que ansiava por dar a vida inteiramente para o seu Senhor.

Este desejo não se resumia a alma, mas sobretudo à realidade corpórea e humana da natureza. Tudo nela era divino e ela vivia isso.

Certamente, sentia a necessidade de se doar como virgem, casta, livre de tudo o que é humano, tão profunda era a intimidade com o Pai do Céu, embora ela perfeitamente mulher, tinha desejo de ter um marido e filhos.

Ela seguia as normas e as leis de sua tradição, mas queria elevar o seu casamento para que Deus fosse agradado; percebia a beleza do casamento, pelos ensinamentos sobre a Vontade do Senhor, conforme lia nos Livros Sagrados como, por exemplo, o Gênesis.

Sinto e creio que Maria, namorada de José, propôs para ele um casamento que permitisse os dois permanecerem castos, virgens, totalmente de Deus. E José aceitou, embora sentisse toda a realidade humana brotar no seu ser homem.

José, seu esposo, que era homem de bem… E o anjo disse: …não temas receber Maria por esposa…” (cf. Mt 1,19. 20b).

Porque era um homem de bem e reconhecia o que eram “realidades divinas e santas”, percebia assim algo de profundo nestas escolhas e sentia a alegria de viver um amor casto. Imagino que os dois conversavam sobre estas realidades e escolhas e eram felizes de se doarem exclusivamente ao amado Deus.

José via por aquelas escolhas, casados e castos, algo tão particular que se sentia atraído para um amor puro, total, oferecendo seus próprios corpos para permanecerem nesta dimensão sobrenatural. Porém, um imprevisto: Maria fica grávida por obra do Espírito Santo. Maria não sabe explicar e como falar com José, o seu amado.

Confia no Senhor, Ele cumprirá Sua Promessa (dada pelo Anjo): “Não tenhas medo, Maria, encontraste Graça diante do Senhor… O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra” (Lc 1,30.35).

Diante do acontecido, José fica desconsolado. Tudo o que sonhara, falara, refletira e imaginara cai na escuridão. Aquela mulher, sua futura esposa com a qual decidiu dar passos profundíssimos na vida conjugal, está grávida! Aquele tempo se torna triste e sem valor. José pensa até na rejeição e com isso sofre, porque verdadeiramente a ama.

José, seu esposo, que era homem de bem… E o anjo disse: …não temas receber Maria por esposa…” (cf. Mt 1,19. 20b).

Desconcertado e confuso diante do impossível. Entretanto, ele conhecia Maria: sua força, vontade, caráter determinado, seguro, fiel, puro. Era impossível… ele poderia pensar: “Não. É impossível, eu a conheço, não pode ser verdade! Tem algo que eu não estou entendendo!  Deus, me fala! Me diga: o que está acontecendo?”

Contudo, quando o amor é verdadeiro e santo, sempre se encontra uma resposta Divina. O sobrenatural invade o ser humano e todo ser de José é elevado para realizar a vontade Divina!

Refletindo sobre o que ele devia fazer, justo que era, à noite em sonho, aparece um anjo e lhe diz: “José, filho de Davi, não tenha medo de receber Maria, tua esposa: o que nela foi gerado vem do Espírito Santo” (Mt 1,20).

José acredita e pensa: “Sim, é verdade, é assim!”. A fé de Maria se unia na fé de José! A mensagem do anjo a José em sonho é confirmação deste ato de unidade da fé, e de que suas escolhas feitas juntos eram atos realmente divinos.

Ser justo e dialogar sobrenaturalmente os uniam cada vez mais. Eles sonhavam e não sabiam como fazer para se tornar possível tal sonho. Falando da virgindade e pureza, sentiam-se elevados e dependiam da ajuda de Deus. José sonhava ser feliz com esta mulher que amava e pedia a ajuda do Pai do céu para darem-se inteiramente a Ele.

José, seu esposo, que era homem de bem… E o anjo disse: …não temas receber Maria por esposa…” (cf. Mt 1,19. 20b).

Com a decisão de assumir Maria como sua autêntica esposa todo ser de José se torna luz! Aquilo que Maria tantas vezes falara para ele, e que ela mesma não sabia como podia realizar, se concretizava com a vida de José: “Não tenha medo, vai e sonha com ela. O Espírito os ajudará e explicará cada momento”.

José assim aprendeu a escutar o Espírito Santo. Enquanto viviam assim, sentiam uma alegria inexplicável. Porém, sabiam que o sofrimento de alguma forma os acompanharia também. Entretanto, José, apesar de senti-lo, via-se motivado ao ver sua esposa feliz, pura, casta com o menino Jesus em seus braços e dependentes dele para proteger e educar aquela criança com muito amor.

Enfim, concluindo esta reflexão sobre a fiel ‘esponsalidade’ de José à Maria, podemos compreender que o caminho, os diálogos, as escolhas, a vida dos dois como esposos transformou aquilo que era humano e limitado em uma família digna para acolher Jesus e lhe permitir que crescesse em estatura, graça e sabedoria.

Nunca saberemos o que aconteceu entre os dois verdadeiramente, mas, é fato que Jesus viveu em um lar feliz e sábio. Esta possibilidade de meditação nos dá esperança de que podemos permanecer abertos às realidades sobrenaturais, fazendo com que nossas relações humanas façam de nossos lares: casas luz da vontade Divina.

Deus os abençoe!

Pe.  Antonello Cadeddu, fundador.

 

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