Palavra do Mês de Março – “ACOLHIDA, LUGAR DA CURA DOS CORAÇÕES”

Não vos esqueçais da hospitalidade, graças a ela, alguns sem saber, acolheram anjos.” (Hb 13,1-2)

“O meu jardim é propriedade exclusivamente Sua: é o Espírito Santo que inunda e ilumina, que faz produzir as mais belas flores e às quais dá cor e perfume. É Ele quem introduz quem quer. Ninguém poderá entrar se Ele próprio não abrir a porta: ninguém avança se Ele não o conduzir. Apreciai meus filhos prediletos, o dom que recebestes com a vossa consagração ao meu Coração Imaculado. Foi o Espírito Santo que o fez entrar nesse meu jardim” (“Aos filhos prediletos de Nossa Senhora”, pg. 177; Pe. Stefano Gobbi)

Partilho esse trecho da mensagem de Nossa Senhora que se tornou profecia para nós, em resposta à oração dos nossos fundadores no início da comunidade para aquisição do terreno para a Casa de Formação Imaculada do Espírito Santo, o Botuquara, nossa casa mãe, onde posteriormente essa profecia foi colocada para que sempre pudéssemos nos recordar.

Era o primeiro dia de janeiro deste ano, Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus, meu coração vibrava de alegria na esperança de um novo tempo na vida da nossa comunidade. Trazia o desejo daquilo que o Senhor nos convidava a viver na palavra constitutiva do carisma: “O Espírito do Senhor está sobre mim… Ele me ungiu, me consagrou…” (cf. Lc 4,18-19).

“Ruminava” ainda a experiência que tínhamos vivido na noite anterior, na vigília da virada do ano e do nosso vigésimo quarto aniversário. Na manhã seguinte, andando pelo terreno, pedi à Maria, nossa mãe e fundadora, que nos ensinasse a sermos dóceis à ação do Espírito como ela foi e, como família, viver essa graça imersos na experiência do Espírito Santo que está sobre nós. E é a partir daqui que desejo refletir sobre um dos nossos valores imutáveis que é a “acolhida”. “Acolhendo cada homem na vida do Espírito, oferecemos a cada irmão um lugar na casa do Pai, no coração de Cristo.” (No Oceano da Misericórdia Infinita, pg. 70)

Fiquei impactada, pois me deparei com aquelas placas que sempre estiveram ali, com aquele texto que já havia passado por minhas leituras outras vezes, porém, naquele momento se tornara a “maior descoberta de todos os tempos…”

Não vos esqueçais da hospitalidade, graças a ela, alguns sem saber, acolheram anjos.” (Hb 13,1-2)

O Espírito Santo está; é Ele quem da cor e perfume a cada um do jardim; é Ele quem introduz quem quer. Podemos nos alegrar e dizer: sinta-se acolhido pelo Espírito Santo ao entrar neste jardim! Pois, se procurarmos méritos à essa introdução, talvez não encontraremos, mas nossa parte é nos abrir a esse belíssimo convite! Acolher se torna então consequência dessa vida no Espírito que “encontrou acolhida” em Maria. Ela que por sua vez encontrou acolhida em Isabel, que a recebe em sua casa, uma recíproca acolhida que gera Nova Vida. (Cf. Lc 1, 42-43). Assim, de Maria também aprendemos a acolher, em primeiro lugar, a Palavra. No livro da nossa espiritualidade encontramos esse caminho: “à escola da sua acolhida deixaremos que a Palavra habite abundantemente em nossa vida.” (No Oceano da Misericórdia Infinita, pg. 22; cf. CL 3,16;)

A acolhida é fruto de um encontro pessoal com o Senhor que impulsiona a “ir” ao encontro, ir a um lugar? Sim, no coração do irmão, a “terra prometida”, o Locus sagrado, lugar da Teofania, da manifestação de Deus.

Me recordava que quando esteve no Brasil, a mãe da Maria Paola nos contou uma experiência simpática, em que certa vez ela acolheu um pobre usando as melhores louças da casa. Mama Bonarina (mãe da Maria Paola) a repreendeu, porém foi surpreendida com a resposta da filha: Mamãe, você mesma nos ensinou que quem chega em nossa casa é Jesus, então o melhor é sempre para Jesus. Pe. João Henrique nos ensina que a acolhida é um elemento essencial do nosso carisma. Misericórdia, Rahamim, se refere às entranhas,  ao útero que acolhe e gera a vida. Assim, acolheremos, vigilantes, o Senhor que vem ao nosso encontro, em cada circunstância, guardando sempre, em nosso coração, a Sua Palavra de paz.” (No Oceano da Misericórdia Infinita, pg. 30)

Certa vez, Pe. João Henrique, sabendo que um irmão estava para chegar, foi logo preparar a mesa, atento aos detalhes, flores, guardanapos, bilhetinho de acolhida, etc. E eu disse a ele: calma, ainda irei começar a preparar o alimento. Ele me respondeu: Não tem problema. Deixarei pronto, pois se chegar antes, saberá que está sendo esperado.

Não vos esqueçais da hospitalidade, graças a ela, alguns sem saber, acolheram anjos.” (Hb 13,1-2)

Uma irmã partilhava que certa vez, ao ver um membro da fraternidade que não estava muito bem, não sabia muito o que fazer por ele, então decidiu limpar a casa, criar harmonia no ambiente, colocar flores, abrir as janelas. De repente viu essa pessoa que não estava tão bem sair do quarto, sorrir, sem muitas palavras naquele momento, mas se fazendo presente nos pequenos gestos. Nesse mesmo dia receberam em casa algumas filhas da nossa evangelização Maria Madalena que ficaram encantadas com o ambiente, dizendo que ali se transmitia alegria e pureza.

Tenho certeza que entre vocês existem inúmeras experiências acerca disso. Pessoas que ao verem a cama arrumada com um bilhetinho ou que em algum momento se emocionaram por isso, ou alguém que se sente tocado por uma acolhida carinhosa numa mesa bem posta, mesmo com simplicidade.

Não vos esqueçais da hospitalidade, graças a ela, alguns sem saber, acolheram anjos.” (Hb 13,1-2)

O desejo de acolher gera em nós vida, tantas vezes podemos nos deparar imersos em inúmeras preocupações, mas, ao vermos aquele irmão querido com alguma tristeza, tudo muda! É como se um ímpeto de ânimo acontecesse para olhar àquela necessidade e, ali acolher sua vida, sua vocação, respeitar seu tempo. É “re-colher” tudo o que ele quiser dar, muitas vezes suas dores, até mesmo seus pecados. Olho, acolho, amo! Me importo… é meu!

Amo Jesus que está naquela dor, que se importa, mesmo que aparentemente pareça algo pequeno. Se importa!

Temos expressões marcantes que trazemos na história da nossa comunidade, como por exemplo: “Oh benção poderosa!!!” (Nivaldo). Ou então chegar no Botuquara e ser recebido com o largo sorriso da Maria Paola com seu sotaque italiano… Mas, também quantos irmãos presentes nas fraternidades que são capazes de nos contagiar com sua alegria na forma de acolher. Como é bom ser recebido assim!

Vamos juntos, irmãos, nessa busca em nos tornarmos “Domus”, casa, lugar que abriga. O Espírito do Senhor está sobre nós, encontrou em cada sim, em cada vocação, a sua morada e, é nessa “casa” que Ele deseja ser dom vivificante para a humanidade sofrida.

 

Proposta para a vivência da Palavra do Mês:

  • Partilhe experiências de expressões de acolhida. Quais pontos a melhorar, na forma de escutar, de receber alguém, até mesmo na forma de como atendo uma ligação?
  • Recomendo, a leitura do capítulo “À escola do Misericordioso Coração de Jesus”, do Livro “No oceano da Misericórdia Infinita” pg. 65ss.

 

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