Palavra do Mês de dezembro/22 “O Paraíso entre irmãos: o Pentecostes”

“Eles eram perseverantes na comunhão fraterna (…)
e pelos apóstolos realizavam-se numerosos prodígios e sinais” (cf. At 2,42-43)

Será que é tudo um sonho, uma ilusão o que viveram as primeiras comunidades cristãs depois da ascensão de Jesus ao Céu? A maioria, infelizmente, pensa mesmo isso, afirmando que era uma imagem idealista de Lucas.  Mas não é assim. A Trindade, hoje, nos dá a possibilidade de viver a experiência das primeiras comunidades.  Depende de nós!

Lembro um fato que aconteceu anos atrás em um pequeno vilarejo onde viveram como no tempo dos apóstolos. Viviam curas, se amavam, se ajudavam reciprocamente e ninguém vivia a pobreza, mas tudo era colocado em comum. Sim, é possível viver no Espírito a vida fraternal.

Lucas escreveu: “eram perseverantes no ensinamento dos apóstolos” (At 2,42a). É o primeiro passo: Viver perseverantes, juntos, na comunhão da Palavra de Deus. Juntos devemos ler, rezar, contemplar, comunicar as moções do Espírito e viver. Viver intensamente juntos a Palavra. Repito, é o primeiro passo para se abrir à verdadeira fraternidade.

“Eles eram perseverantes na comunhão fraterna (…)

e pelos apóstolos realizavam-se numerosos prodígios e sinais” (cf. At 2,42-43)

Através da Palavra eu experimento o outro como meu irmão. Sem a Palavra, somos só filantrópicos, agregados de uma associação que se diz cristã, pessoas que querem realizar ações para se satisfazerem de forma egoísta. Nada disso!

Os primeiros filhos, irmãos de Jesus, rezavam juntos. Também nós, se queremos experimentar a fraternidade entre nós e entender que o outro não é um estranho ou um inimigo que devo eliminar na vida do dia a dia, mas é o meu Pentecostes, meu Paraíso, precisamos rezar juntos, cantar em línguas, viver a glossolalia, deixar que os carismas se manifestem.

Os primeiros cristãos eram perseverantes em colocar tudo em comum. O que significa isso? Não é necessariamente colocar o dinheiro em comum ou viver obrigatoriamente juntos na mesma casa.  É perseverar em descobrir as necessidades do(a) outro(a).

“Eles eram perseverantes na comunhão fraterna (…)

e pelos apóstolos realizavam-se numerosos prodígios e sinais” (cf. At 2,42-43)

Facilmente nos esquecemos disso. Cada um, preocupado com seu trabalho, seus afazeres, interesses pessoais, pode acabar por descuidar-se dos irmãos e irmãs. Ao invés disso, devemos olhar, em profundidade, para o que o outro precisa, enfim, tornar-nos profundos e tirarmos a cegueira que faz nos esquecermos do irmão. Quantas vezes fazemos isso. Ai de quem me toca no meu tempo livre!

Colocar tudo em comum significa olhar o irmão com os olhos pentecostais, ou seja, à luz da experiência de Pentecostes, deixar que o Espírito ilumine a minha mente e inteligência para intuir o que o outro, no momento, precisa. Isso deve se tornar vida concreta, cotidiana. Podemos nos perguntar: estou atento ao outro irmão? Me preocupo, sofro, participo dos momentos afetivos, psicológicos e de saúde dos irmãos e irmãs? Devemos compreender que somos filhos de um único Pai do céu, não estranhos uns aos outros.

“Eles eram perseverantes na comunhão fraterna (…)

e pelos apóstolos realizavam-se numerosos prodígios e sinais” (cf. At 2,42-43)

Os primeiros cristãos experimentaram milagres entre eles e com todos. Precisamos entender que o milagre não é só um milagre que leva a uma cura física. Lázaro ressuscitou, mas ele, porém, morreu novamente.

O verdadeiro milagre que todos experimentaram e viram nos cristãos era o fato de que se sentiam irmãos entre eles e se amavam.  Isto chocou os que não eram cristãos. O amor vibrava, era concreto, dava-se tempo ao outro, não necessariamente se dizia “eu fiz isso, fiz aquilo”. Nossa! Devo dizer, infelizmente, que muitas vezes, o relacionamento se baseia sobre quantos eu tirei da rua, quantas casas de acolhidas temos, quantos encontros Thalita Kum fizemos, quantos membros somos no grupo ou quantas curas aconteceram num encontro. Meu Deus, não é isso!

O verdadeiro milagre é se tornar e querer ser irmão, ver o outro, meu Paraíso, meu milagre, minha vida, meu Cristo vivo.  Não pode ser diferente. Ao contrário, é a morte do grupo, da fraternidade de consagrados e consagradas, enfim, do Movimento.

O amor deve se tornar pentecostal. Deve se tornar improviso, imediato, não calculado. Na Bíblia se diz que Jônatas estava disposto, para manter a amizade com Davi, a perder a chance de se tornar rei de Judá. A ele só importava manter vivo o seu irmão, seu amigo.

“Eles eram perseverantes na comunhão fraterna (…)

e pelos apóstolos realizavam-se numerosos prodígios e sinais” (cf. At 2,42-43)

Quando eu me torno rei do outro, eu quero dominá-lo e me aproveitar dele. O querer viver o milagre com o outro, significa se decidir ser escravo do outro. Isto vale se queremos ser realmente pentecostais.

O Pentecostes pode se tornar vivo, real, atual. É só querer. Quer se sentir uma pessoa realizada em todos os sentidos? Viva o Pentecostes com o teu vizinho, aquele com quem vive próximo, seja irmão. Morrendo no outro, encontrará a Vida e a realização pessoal.

Pe. Antonello Cadeddu
Fundador da Aliança de Misericórdia

 

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