Palavra do Mês – Abril: Caim e Abel – A destruição da fraternidade

É lindo demais poder enfrentar biblicamente o que é o valor da fraternidade. Vimos no mês passado como nós somos um ato de amor do Pai do céu. Por vontade Dele, nós saímos do Seu ventre e somos filhos e, por isso, irmãos entre nós.

Esta verdade foi, infelizmente, por muitos séculos, esquecida e não considerada, mas o Papa Francisco sempre e continuamente nos faz voltar a esta realidade, centro da nossa vida. Veremos nestes meses, se queremos realmente ser humanos e cristão, como devemos viver esta verdade que se faz muito concreta na vida do dia a dia.

Hoje nos ajudará a experiência traumática de Caim que mata Abel.

“O Senhor olhou para Abel e sua oferta, mas não deu a atenção a Caim com sua oferta. Caim ficou muito irritado e com o rosto abatido” (Gn 3, 4-5).

Caim e Abel

Esta história dos dois irmãos, gêmeos, nos mostra que a fraternidade se torna um fracasso. Chega um momento em que Caim mata Abel. É um fato terrível que tem uma mensagem para nós. Olhamos: o que acontece em Caim?

Ele chega a pensar que Abel é o preferido, e nasce um ódio, rancor. Tudo na existência dele se torna destrutivo. Podemos dizer que, no fundo, não se sente amado e é colocado de lado no amor. Ele conclui: não é amado como o seu irmão.

Se nós consideramos os dois, de fato, eles não estão oferecendo uma mesma coisa e, por isso, Deus prefere um ao outro. Não é assim! Os dois são bem diferentes: um está oferendo um tipo de dom, as espécies da terra, o outro está oferecendo as ovelhas dele.

O choque está nisso: é doentia a percepção de amor de Caim.

“O Senhor olhou para Abel e sua oferta, mas não deu a atenção a Caim com sua oferta. Caim ficou muito irritado e com o rosto abatido” (Gn 3, 4-5)

Nós queremos ser amados, mas não queremos ser os ‘segundos’ de ninguém. Nunca! Queremos um amor único! E isso é verdade. Nós, aos olhos de Deus somos únicos!

Deus não está rejeitando o dom de Caim, mas a atitude egoísta dele.

Caim pensa que o seu irmão é mais amado e por esta razão tudo o leva à violência do assassinato. Este é o drama de Caim e nosso. Caim se sente rejeitado do amor porque quer ser o único amado por Deus e não aceita compartilhar o amor com ninguém.

Nós, como Movimento Aliança de Misericórdia, fazemos frequentemente esta experiência. Encontramos muito drogados, prostitutas, crianças que matam porque se sentem abandonados do amor na família e por todos, e por isso se tornam rebeldes, violentos. No fundo, querem se dizer e dizer aos outros que são eles que são importantes e querem ser o centro de interesse para todos. Como? Matando!

Caim não nasce violento, mas se torna tal porque percebe que não se sente amado. Enfim, a Inveja prevalece sobre o amor! A inveja toma conta da nossa vida.

“O Senhor olhou para Abel e sua oferta, mas não deu a atenção a Caim com sua oferta. Caim ficou muito irritado e com o rosto abatido” (Gn 3, 4-5)

Para refletir

Eu, continuamente, vivo de comparações. Comparo a minha vida com a vida daquele que vive do meu lado, na família, na comunidade, nos grupos. E sempre me digo: por que ele recebeu isto e eu não? E isto se torna para nós injustiça e aí nasce a maldade, raiva, rancor contra Deus e os irmãos.

Esta raiva me leva a olhar todos os que estão ao meu redor não como irmãos, mas como antagonistas que querem roubar o amor do qual eu necessito e procuro. E os outros se tornam sempre adversários a serem eliminados.

Entendemos, então, porque a vida se torna um inferno, sem paz, nas nossas fraternidades ou grupos. Podemos ser consagrados ou consagradas, missionários de Aliança, mas todos se tornam adversários a se eliminar. Somos Caim para com todos!

Nasce facilmente, então, as expressões: “eu sempre trabalho, mas ninguém reconhece o meu esforço”, “eu sempre me ofereço e os que não fazem nada são os preferidos e escutados”, e assim por diante.

“O Senhor olhou para Abel e sua oferta, mas não deu a atenção a Caim com sua oferta. Caim ficou muito irritado e com o rosto abatido” (Gn 3, 4-5)

Qual é o drama? Eu, de fato, raciocino sempre como um escravo, nunca como um filho amado. O Pai do céu, ao contrário, me deu tudo, tudo é meu. Eu sou único aos olhos do Pai do céu. Nada me falta e, na medida que entro nesta verdade e convicção, o Caim que está em mim cai e se fortalece a certeza de que cada um é amado, então, também eu, sou único e amado desde sempre.

Tudo isso nos liberta e faz de nós pessoas amadas e que sabem amar porque reconhecem que tudo já lhe foi dado e a única coisa necessária é dar de volta a Deus e aos outros o que é recebido como dom e não apenas como fruto do meu trabalho ou cansaço.

Então, você e eu, queremos ser Caim ou Abel?

Pe. Antonello Cadeddu
Fundador da Aliança de Misericórdia

Assista a meditação da passagem, com Pe. Antonello

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