Palavra do Mês – Outubro | Sermos irmãos: única vocação do cristão

“Que o amor fraterno vos una uns aos outros…” (Rm 12,10a)

 A fraternidade foi o primeiro tema que o Papa Francisco colocou no dia da sua eleição, quando disse: “rezamos para que se realize uma grande fraternidade no mundo”. Daquele momento em diante, ele entra sempre mais profundamente nesta realidade. Segundo ele, a fraternidade é o verdadeiro ponto de partida do relacionamento humano. O Papa chega a dizer que a fraternidade deve se tornar mística, enfim, divina.

Analisemos, então, o que significa esta expressão tão forte e quais são as suas consequências concretas em nossa vida.

Seguramente, lembramos a Carta Apostólica Amoris Laetitia, escrita pelo Papa Francisco, onde se aprofunda a vida matrimonial e dos filhos. O Papa coloca uma verdade onde afirma que a fraternidade nasce numa família.

“Que o amor fraterno vos una uns aos outros…” (Rm 12,10a)

Lembro que meses atrás me pediram, os padres Leandro e Danilo, para dar uma conferência aos jovens missionários do segundo ano de formação da Aliança. Recordando as palavras do Papa, falava de como não podemos ser consagrados, cristãos, se não nos aprofundamos e vivemos a fraternidade entre nós, e me veio fazer uma pergunta muito forte a eles: “como sermos irmão entre nós? Como nos realizarmos como cristãos, consagrados, consagradas?

O exemplo que me veio à mente foi muito forte e, creio, muito claro. Olhei para os dois padres, irmãos gêmeos, padres Leandro e Danilo, e falei que o único modo para sermos filhos de um único Deus que é Pai, é ser como Jesus nos ensinou: irmãos entre nós, como eles são naturalmente. Mas como?

Olhando para os gêmeos, pensava desde quando estavam dentro de um único ventre da mamãe. Claramente deveriam se ajeitar para um dar lugar ao outro e vice-versa. Até hoje vejo como eles se procuram, se ajudam, se amam, um é atento ao outro e tudo fazem com simplicidade, sem se dizer na própria mente: “eu devo ser gêmeo, irmão do outro”. É natural, visceral.

“Que o amor fraterno vos una uns aos outros…” (Rm 12,10a)

Pedi para os dois se analisarem, escreverem e dizerem aos outros da Aliança o que significa ser irmão e como agem entre eles, para nós, membros da Aliança, vivermos o mesmo. Parece historinha, mas é a realidade mais profunda que devemos viver e procurar sem medida, o mais rápido possível. Devemos entender que somos uma única família. No amor, dependemos um do outro.

O Pai do céu nos fez irmãos e o somos porque saímos do Útero d’Ele, todos! Até que eu não sinta as mesmas sensações que os gêmeos sentem entre eles, devo, infelizmente, dizer que somos só funcionários que mal se suportam. Isto é terrivelmente feio, é fazer chorar e sofrer o Pai do céu que nos ama.

Para sermos consagrados, filhos, devemos partir deste ponto de partida, senão tudo será inútil, só nos mataremos! O Papa Francisco sublinha: O laço de fraternidade que se forma em família, entre os filhos, quando se verifica num clima de educação para a abertura ao próximo, é uma grande escola de liberdade e paz”. Ao contrário, se torna engano e escravidão.

“Que o amor fraterno vos una uns aos outros…” (Rm 12,10a)

Procurando a fraternidade, descobrimos que somos iguais, filhos de um Único Pai, mas diferentes. Poderia ainda continuar, mas tendo poucas linhas, ainda termino com as palavras do Papa: A Palavra de Deus ensina que, no irmão, está o prolongamento permanente da Encarnação para cada um de nós” (cf Mt 25,40). Assim, podemos dizer que cada um de nós será julgado por quanto realizaremos nesta vida a fraternidade.

O Evangelho é claro: tinha fome de amor e o me deste, estava nu e sozinho e se aproximaste de mim, estava prisioneiro das minha feridas e me curaste com o teu amor e paciência (cf. Mt 25, 35). Só isso vale, senão, nos tornamos operários frios prontos a matar os outros se pensarmos de maneira egoísta e acharmos que querem nos roubar o amor do Pai.

O que acrescentar? Nada! Ou nos tornamos irmãos e irmãs uns dos outros ou teremos perdido o sentido único, real, divino, sobrenatural da vida. Ser irmãos: viver o Paraíso. Não ser um escravo do outro.

 

Pe. Antonello Cadeddu
Fundador da Aliança de Misericórdia

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