Santos Inocentes: uma reflexão para os dias de hoje
O pronunciamento que o Pe. Werenfried van Straaten, fundador da ACN (Ajuda a Igreja que Sofre), fez por ocasião do encontro Mundial das Famílias em 1997 no Rio de Janeiro, ressoa até hoje pela sua característica profética.
No dia dos Santos Inocentes lembremos dos pequeninos que são massacrados diariamente dentro dos úteros de suas mães. O aborto é um pecado que clama aos céus.
Se ouviu um choro em Ramá
“Um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse: ‘levanta-te, toma o Menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o Menino para o matar’.
José levantou-se durante a noite, tomou o Menino e sua mãe e partiu para o Egito… Herodes que tinha sido enganado pelos magos, ficou muito irado e mandou massacrar em Belém e nos seus arredores todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo exato que havia indagado dos magos.
Cumpriu-se, então, o que foi dito pelo profeta Jeremias: Em Ramá se ouviu uma voz, choro e grandes lamentos: é Raquel a chorar seus filhos; não quer consolação, porque já não existem.” (Mt 2,13-18)
Será que Raquel ainda chora?
Na época do acorrido, muitas mães defenderam com a própria vida os seus filhinhos; para as que não morressem, a dor era insuportável. Então, o que aconteceu com as mães de hoje? Quando um pai e uma mãe decidem que não é hora, matam seu filhinho como os cruéis soldados de Herodes através do aborto.
Sobre isso padre Werenfried questiona:
“Fazem-no para manter a figura? Será porque não querem, como um navio altaneiro com sua carga preciosa, aparecer entre os homens em estado interessante?
Fazem-no porque querem permanecer “senhoras do seu próprio ventre” e por isto matam a criança indefesa que Deus lhes confiara?
Fazem-no porque o marido, não consciente da sua responsabilidade, deseja-a como amante mas nada lhe importa a maternidade dela?
Fazem-no porque se não querem privar do luxo da classe privilegiada, embora 90% da humanidade seja desprovida de muito mais que esse luxo?
Fazem-no por medo das dores, da preocupação, da responsabilidade? Ou fazem-no por já não acreditarem na Providência divina?”
Não se precisa de Herodes para matar inocentes
O padre continua dizendo que não precisamos de Herodes para dar continuidade ao massacre; há médicos mercenários dispostos a isso, há clínicas de assassinatos, políticas e ideologias que o corroboram. Tudo para matar um pequeno ser inocente.
“Muitas cidades têm clínicas de assassinato; marcadas pelo sangue inocente destes bebês, cujas vidas lhes foram negadas porque seus pais se sentiram ameaçados em seus solitários tronos de egoísmo; tal como Herodes também se sentiu ameaçado em seu trono de Tetrarca da Galiléia.
Herodes vive ainda nos milhares de infanticidas, cujos nomes, como o dele, serão malditos por toda a eternidade”.
Em cada criança há um reflexo de Deus
Cada criança que vem ao mundo é portadora da pureza do coração de Deus; ao olhar para uma criança Jesus viu-se a si mesmo “quem quer que receba uma criança como esta em Meu nome, recebe a Mim”. (Mt 9,36)
Quando Ele torna a criança sacramento da Sua presença, pede que tenhamos a mesma atitude de respeito que temos com Ele próprio:
“Ele deseja protegê-las de todo mal como seu tesouro inalienável; ser a garantia pessoal delas de que nenhum mal lhes irá suceder.
Prevendo o que pervertidos e assassinos sem escrúpulos iriam fazer contra seus protegidos, ele lançou ao mundo estas palavras terríveis: “Se alguém escandalizar a um destes pequeninos, seria preferível para ele de ter uma pedra de moinho presa ao pescoço e ser deglutido pelas profundezas do oceano”.
A Igreja não negocia a vida
A voz da Igreja, mãe e mestra, é uma das poucas que se manifesta contra modismos e ideologias nefastas e diabólicas. Por isso, ela muitas vezes é marginalizada, ridicularizada e sofre a ira dos homens insensatos por essas escolhas.
Porém, a Esposa de Cristo gera filhos não para este mundo e não acata diretrizes contrárias a valores inalienáveis:
“Ela não pode renunciar a este dever só para obter uma falsa paz; por causa de uma moda passageira, ou por oportunismo político (…) O direito à vida de todo ser humano, jovem ou idoso, saudável ou doente, é inalienável.
Padre Werenfried faz uma reflexão acertada quando diz que “O direito à vida de cada indivíduo é absoluto. Com a liberalização da legislação sobre o aborto, ele se torna relativo”.
Com isso, indivíduo que antes tinha direitos simplesmente pelo fato de estar vivo, agora para merecer viver, deve se enquadrar em padrões como de “independência, perfeição física, ou utilidade econômica”. E aponta que a civilização cristã, por conta disto se destrói por dentro.
A mulher é dona do bebê?
A criança não um órgão ou um membro do corpo da mulher, ela é um ser humano completo, mas indefeso, encontra proteção em seu corpo até que tenha autonomia para viver e se defender.
Ao argumentar contra as justificativas da legalização do aborto, usa o mesmo argumento: “Diz-se que esses assassinatos vão acontecer de qualquer modo e que por isto é melhor tê-los sob controle.
Quão confusas devem estar as pessoas que aceitam seriamente este argumento. Alguém sugerirá que se legalize o furto, o roubo à mão armada, ou o sequestro de aviões seguindo o princípio de que “isto vai acontecer de qualquer modo, assim, façamo-lo acontecer de modo ordenado” …”
O que está por traz de um abortista?
Pare e pense: todas as pessoas com as quais você convive são flores de candura? Você é obrigada a dar prazer e agradar todo o mundo 24h por dia? Não?
Quando se justifica o aborto diz-se sempre ‘oh ela não tem condições’, ‘é pobre, mais uma criança para sofrer’. Estes argumentos se apoiam na ideia de que todo o ser humano é obrigado a proporcionar bem estar.
“Esta ideia é falsa. É claro que tanto quanto possível, devemos ajudar a afastar da vida de nosso próximo o sofrimento; mas uma vida sem dor e sem dificuldades não existe na realidade.
Seria uma vida sem responsabilidade ou engajamento e mesmo sem amor, pois ele sempre exige auto sacrifício. Uma vida cristã sem sacrifício é portanto impensável.”
Certos sofrimentos da vida humana só são possíveis de serem superados no âmbito da fé, e é por isso que carregamos no peito o nosso Deus crucificado, como resposta às dores deste vale de lágrimas. Não somos, portanto, melhores que o nosso Mestre.
Estender a mão
Num determinado ponto do discurso Padre Werenfried convida a todos os cristãos a ajudar os que sofrem; defender a vida de quem não nasceu, de crianças saudáveis e com necessidades e mães desesperadas.
“Que este massacre dos inocentes seja um desafio para que a Igreja se torne uma comunidade de amor prático.
Um desafio para cada cristão ser um samaritano para com as criaturas mais indefesas que estão sob a ameaça dos assassinos entre nós.
Mas que este massacre seja igualmente uma advertência e um sinal de alarme aos que têm responsabilidade nela”.
Peçamos a intercessão dos Santos Inocentes para que o poder deste mal possa ser aniquilado. Lutemos pela vida.
Com informações de ACN Brasil
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