“Una Caro”: A Beleza da Monogamia à Luz da Fé Católica
A recente Nota doutrinal do Dicastério para a Doutrina da Fé, intitulada Una Caro (“uma só carne”), convida a Igreja e o mundo a redescobrir a riqueza espiritual e antropológica da monogamia cristã, vista não apenas como uma norma moral, mas como um caminho de comunhão profunda entre um homem e uma mulher.
Uma só carne: fundamento bíblico da união conjugal
A expressão “una caro” vem do Gênesis (2,24) e é retomada por Jesus no Evangelho (cf. Mc 10,8), revelando o ideal de união que Deus sonhou para o matrimônio: um homem e uma mulher unidos em uma aliança de amor total, exclusivo e definitivo. Essa unidade reflete o próprio amor de Deus — uno e fiel — e é imagem da união entre Cristo e a Igreja (Ef 5,25-32).
A monogamia, portanto, não é apenas o oposto da poligamia, mas sim uma vocação à pertença recíproca, onde os cônjuges se tornam um “nós” que caminha junto, aberto à vida, à graça e à missão.
Uma proposta contra a cultura do efêmero
Em uma sociedade marcada pelo individualismo e pelo culto à autonomia ilimitada, a proposta do amor monogâmico aparece como um sinal profético. O documento alerta que o amor exclusivo e comprometido muitas vezes é ofuscado pela tentação de experimentar tudo, sem limites ou entrega real.
Contudo, renunciar livremente a outras possibilidades por amor a uma única pessoa é um gesto de profunda maturidade espiritual. O matrimônio cristão torna-se assim um testemunho público de fidelidade, comunhão e esperança, especialmente diante das crises familiares e da banalização do amor humano.
O “nós” conjugal como ícone do amor trinitário
Inspirado em São João Paulo II e outros grandes pensadores da tradição cristã, Una Caro aprofunda o significado do matrimônio como comunhão de pessoas, onde cada um se doa totalmente ao outro, sem perder sua identidade. Essa união se torna ícone da Trindade: um amor que une sem anular, que diferencia sem dividir.
A unidade conjugal não é uma simples fusão de vontades, mas um encontro de dois sujeitos que, por amor, decidem caminhar juntos em todas as circunstâncias da vida: alegrias, cruzes, fecundidade, velhice. É também uma resposta à vocação de ser imagem viva do amor entre Deus e a humanidade.
Um convite aos jovens e casais católicos
A Nota conclui com um apelo especial aos casais, noivos e jovens que se preparam para o matrimônio: redescubram a beleza da proposta cristã! Mesmo que o mundo veja esse caminho como “estranho” ou “ultrapassado”, ele permanece atual, verdadeiro e profundamente humano.
Como disse Santo Agostinho, citado no texto: “Dá-me um coração que ama, e ele entenderá o que estou dizendo”.
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