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“Silêncio” o filme

Martin Scorsese apresenta filme sobre o martírio dos cristãos no Japão

Da Redação

Recentemente chegou aos cinemas do Brasil o filme Silêncio, do diretor Martin Scorsese, baseado no livro homônimo de Shusaku Endo (1923-1996). A obra de ficção, narrada com fatos e personagens reais, expõe a violenta perseguição ao cristianismo no Japão no século XVII. O projeto demorou 28 anos para ser executado e é considerado pelos especialistas a maior obra-prima de Scorsese.
Na trama, dois padres jesuítas portugueses, Sebastião Rodrigues (Andrew Garfield) e Francisco Garupe (Adam Driver), são enviados ao Japão à procura do seu mentor desaparecida, Cristóvão Ferreira (Liam Nesson) que teria cometido apostasia. Com o país fechado ao mundo exterior e o catolicismo como uma religião proibida e duramente perseguida, eles enfrentarão uma jornada dolorosa e repleta de descobertas.
As cenas dos cristãos testemunhando sua fé até a morte são emocionantes, mas o filme não deixa de explorar a situação dos que optaram pela negação.
A produção contou com uma equipe de padres, consultores da Companhia de Jesus e foi apresentada ao Papa Francisco em 2016.

CONTEXTO HISTÓRICO

O Japão foi evangelizado pelo jesuíta São Francisco Xavier, entre 1549 e 1552, a pedido da coroa portuguesa, mas poucas décadas depois a comunidade católica viveu uma dura perseguição. O líder Toyotomi Hildeyoshi conseguiu unificar o país e iniciou uma campanha contra as influências do Ocidente, tornando o catolicismo um dos alvos principais.
Na época, havia um ritual público de apostasia que obrigava o cristão a pisar um fumie, um quadro com moldura de madeira e uma estampa em bronze de Cristo crucificado. Ou se negava a fé publicamente ou era torturado e assassinado.
Os primeiros mártires, encabeçados por São Paulo Miki (crucificados em Nagasaki em 1597), entre os quais o português São Gonçalo Garcia, foram canonizados em 1862 por Pio IX. Outros 205 católicos foram beatificados em 1867, entre eles João Baptista Machado, Ambrósio Fernandes, Francisco Pacheco, Diogo de Carvalho e Miguel de Carvalho (todos da Companhia de Jesus), Vicente de Carvalho (religioso agostiniano), e Domingos Jorge (leigo, cuja esposa japonesa e filho também foram martirizados).
Os católicos que sobreviveram à perseguição (chamados de kakure kirishitan – cristãos escondidos) tiveram de ocultar-se durante 250 anos até a vinda dos missionários europeus, no século XIX. Atualmente a população católica no Japão não chega a 1%.

IMPACTO NA VIDA DOS ATORES

Liam Neeson revelou ao site Patheos que as gravações afetaram a sua fé e pôde compreender melhor o conceito de Deus, a fé e a importância da dúvida. “Acho que a ideia de Ferreira era que Deus, sobretudo, é amor, mas sou eu quem escolho acreditar. Se Deus fosse um mestre severo, eu teria abandonado a fé há muito tempo – Deus é amor. Tive experiências pessoais com o amor de Deus, foram belas e tranquilizadoras”, disse o ator.
Tanto Neeson quanto Andrew Garfield fizeram o retiro inaciano como parte da preparação para as personagens. “Você estabelece um relacionamento com Cristo por meio da leitura dos Evangelhos para que, no final, Cristo se torne seu irmão, alguém com quem você conversa regularmente, todos os dias, ao longo do dia”, explica Nesson.
Garfield disse que “se apaixonou” por Jesus enquanto estudava para o papel e sentiu o desejo de evangelizar. “Eu estava recebendo todas essas informações e cresceu em mim o desejo de difundir os ensinamentos de Cristo, algo que eu realmente comecei a adorar”, conta. E completa: “Agora sou um crente com algumas dúvidas, mas são essas dúvidas que me impulsionam a encontrar um sentido mais puro de Deus”.

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Cartaz do filme “Silêncio”. Estreou em março de 2017

 

Fonte: Revista Ave Maria, seção Cinema, página 49, edição abril 2017.

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