São Longuinho: Sem superstição
São Longuinho é um santo popularmente conhecido como aquele que ajuda a encontrar objetos perdidos. No Brasil e na Espanha, sua antiga festa era celebrada no dia 15 de março, e muitas pessoas recorrem a ele com a conhecida frase: “São Longuinho, São Longuinho, se eu achar tal coisa, dou três pulinhos”. Mas quem foi, de fato, São Longuinho? E de onde veio essa superstição e qual é a verdadeira devoção que devemos ter ao santo?
Quem foi São Longuinho?
A tradição cristã identifica São Longuinho como o centurião romano presente na Crucificação de Jesus. Seu nome deriva do termo grego longus, que significa “lança”. De acordo com o Evangelho de São João, ele foi o soldado que transpassou o lado de Cristo com uma lança, em vez de quebrar suas pernas, como era costume com os condenados à cruz:
“Como o vissem já morto, não lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água” (Jo 19,33-34).
Acredita-se que Longuinho sofria de problemas de visão e que, ao perfurar Jesus, uma gota de sangue caiu em seus olhos, curando-o instantaneamente. Diante desse milagre e dos sinais que ocorreram na morte de Cristo, ele proclamou: “Verdadeiramente, este Homem era Filho de Deus” (Mc 15,39).
Movido pela fé, Longuinho teria abandonado o exército romano e fugido para a Capadócia, onde se tornou monge. Perseguido por sua fé cristã, foi torturado até a morte, tornando-se um mártir da Igreja.
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A devoção a São Longuinho e a tradição popular
Embora não haja registros históricos detalhados sobre sua vida, a devoção a São Longuinho cresceu ao longo dos séculos. Em Roma, uma imponente estátua do santo está localizada na Basílica de São Pedro, e há registros de que ele foi canonizado pelo Papa Silvestre II, por volta do ano 999.
A tradição popular de pedir ajuda a São Longuinho para encontrar objetos perdidos não é um ensinamento da Igreja, mas se espalhou como uma forma de superstição. Uma das explicações para essa crença diz que Longuinho, quando ainda era soldado em Roma, era de baixa estatura e, nas festas da corte, conseguia ver debaixo das mesas, ajudando as pessoas a encontrarem objetos perdidos. Outra versão sugere que ele era manco e, por isso, surgiu o costume de dar três pulinhos em sua homenagem.
Embora a tradição dos três pulinhos seja popular, a Igreja ensina que a devoção aos santos deve ser baseada na fé e no testemunho de vida deles, e não em superstições. São Longuinho é um exemplo de conversão e coragem, pois reconheceu Jesus como o Filho de Deus e deu sua vida por essa verdade.
Muito mais do que um “santo dos objetos perdidos”, São Longuinho nos ensina a buscar o que realmente importa: a fé verdadeira e a transformação de vida. Que sua história inspire aqueles que buscam a Deus e desejam fortalecer sua espiritualidade.
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