São João Batista de La Salle: O padroeiro dos professores e a renovação na educação

Os professores de todos os tempos e lugares não poderiam ter um padroeiro melhor do que São João Batista de La Salle. Sua vida foi um verdadeiro testemunho de amor à educação e aos jovens, mostrando que ensinar não é apenas uma profissão, mas uma missão. O Papa Pio XII reconheceu essa grandeza ao proclamá-lo Padroeiro Universal dos Professores, 50 anos após sua canonização.

Sua história é inspiradora: primogênito de dez irmãos, órfão aos 21 anos, assumiu a responsabilidade pela família sem abandonar sua vocação. Com determinação, tornou-se sacerdote, emitiu os votos religiosos e conquistou um doutorado em Teologia. Mas seu maior legado viria da sala de aula, onde transformou para sempre a educação cristã.

A vocação de ensinar

A missão de São João Batista de La Salle começou quando o Arcebispo de Reims o encarregou da educação dos jovens. Nesse contexto, conheceu Adriano Nyel, um leigo dedicado às escolas populares. No entanto, percebeu rapidamente um grande problema: os professores eram despreparados e pouco motivados.

Ao invés de ignorar essa realidade, La Salle decidiu agir. O ensino precisava ser uma vocação, e os alunos mereciam professores bem formados. Assim, alugou uma casa e passou a viver com seus professores, instruindo-os pessoalmente. Ele revolucionou o sistema educacional ao:

  • Criar um método coletivo de ensino, substituindo as aulas individuais.
  • Estabelecer turmas organizadas em classes, conforme o nível de aprendizado.
  • Priorizar a língua materna (francês) na leitura, em vez do tradicional latim.
  • Ensinar não apenas conteúdos acadêmicos, mas também valores morais.

Com isso, La Salle lançou as bases do que hoje conhecemos como educação moderna, tornando o ensino mais acessível e eficiente.

Os “Irmãos” a serviço da educação

Os professores que se uniram a João Batista de La Salle formaram uma verdadeira comunidade. Mesmo sem serem sacerdotes, assumiram a missão de ensinar com total dedicação. Para reforçar esse compromisso, La Salle deu a eles:

  • Uma batina preta e um babete branco, como vestimenta distintiva.
  • Um manto camponês e tamancos, simbolizando a simplicidade e o trabalho.
  • Uma Regra de Vida, escrita por ele, para guiar a missão educacional.

Esse grupo cresceu e, em 1685, La Salle fundou oficialmente a Congregação dos Irmãos das Escolas Cristãs. Diferente das ordens religiosas tradicionais, essa congregação era formada exclusivamente por leigos, que poderiam se dedicar inteiramente ao ensino, formando os jovens tanto na fé quanto no conhecimento técnico e profissional.

Entre suas inovações pedagógicas, destacam-se:

  • Ensino simultâneo e estruturado no ensino fundamental.
  • Escolas gratuitas para crianças pobres.
  • Cursos noturnos e dominicais para trabalhadores jovens.
  • Criação dos primeiros cursos técnicos, comerciais e profissionais.

Como toda grande obra, o projeto de João Batista de La Salle enfrentou forte oposição. O alto clero de Paris, alguns párocos e autoridades civis atacaram a Congregação e tentaram impedir seu crescimento.

Os chamados “professores de rua”, que se sentiam ameaçados, espalharam calúnias, acusando-o de:

  • Receber dinheiro dos alunos, o que era falso.
  • Usufruir de privilégios ilegais, outra mentira.
  • Manter um grupo de professores sem autorização, pura inveja.

Diante dessas acusações, La Salle respondeu com humildade e fé. Em 1702, foi afastado do cargo de superior, mas jamais perdeu a confiança na missão que Deus lhe confiou. Suas palavras ficaram marcadas na história:

“Se o nosso Instituto for obra humana, vai desaparecer; mas, se for obra de Deus, todo esforço para destruí-lo será inútil.”

E de fato, sua obra não apenas resistiu, mas cresceu exponencialmente.

Quando São João Batista de La Salle faleceu, em 1719, sua Congregação já contava com 23 escolas e mais de 10 mil alunos. Seu impacto na educação foi tão grande que, no dia de seu funeral, cerca de 30 mil pessoas acompanharam sua despedida.

Em 1937, seus restos mortais foram transladados para Roma, onde continuam a inspirar gerações de educadores.

Hoje, os Irmãos das Escolas Cristãs continuam sua missão pelo mundo, levando conhecimento, fé e esperança para milhões de jovens. E, para todos os professores, São João Batista de La Salle segue sendo um modelo de dedicação, inovação e amor à educação.

Que ele interceda por todos aqueles que, como ele, acreditam no poder transformador do ensino!

 

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