Pra quê falar de política?

Por Fernanda Tabosa

A operação Lava Jato tem tomado conta dos noticiários dentro e fora do Brasil. Muita gente, contudo, rejeita falar de política e isto pode ser um agravante para perpetuar a corrupção. O brasileiro tem a sensação de estar entregue nas mãos de pessoas injustas que, nunca serão punidas pelo que estão fazendo. Será? Vale a pena debater política e buscar soluções com tanta impunidade para os culpados?

“Acima de tudo, recomendo que se façam preces, orações, súplicas, ações de graças por todos os homens, pelos reis e por todos os que estão constituídos em autoridade, para que possamos viver uma vida calma e tranquila, com toda a piedade e honestidade.” (I Tm 2, 1-2)

Vale a pena falar de política porque ela faz parte de aspectos importantes da nossa vida em sociedade e o cristão, não deve estar a parte e nem fugir do assunto. Explicaremos o porquê, usando o exemplo de um personagem bíblico.

Vamos falar do profeta Amós, conhecido como “O profeta da justiça social”. Ele recebeu o chamado profético enquanto cuidava do gado. Existia todavia, a profissão de profeta, o que infelizmente, conduzia alguns a exercer o profetismo por interesses econômicos, ocultando a verdade para obter favores. Estando fora da instituição, Amós era livre para dizer o que Deus estava mandando. Ele exerceu seu ministério na época em que o Reino do Norte (Israel) tinha como rei Jeroboão II e o Reino do Sul (Judá) o rei Uzias (entre os anos de 760-750 a.c.).

Os dois reinos viviam uma situação comoda economicamente falando e ostentavam a riqueza com diversas regalias; banquetes e festas, às custas porém, de injustiça social e escravidão.

“Assim falou o Senhor: Por três crimes de Israel, e por quatro, não o revogarei! Porque vendem o justo por dinheiro e o indigente por um par de sandálias. Eles esmagam sobre o pó da terra a cabeça dos fracos e tornam torto o caminho dos pobres” (Am 2, 6-7b)

Nesta passagem fica claro que ao invés de dar o que era justo pelo trabalho, os patrões davam pequenos objetos e presentes. Na continuação desta passagem ele aponta o pecado de escravidão sexual, que atenta contra a dignidade do próprio Deus.

“um homem e seu pai vão à mesma jovem para profanar o meu santo Nome”(Am 2, 7c.)

Através do profeta, Deus cobra justiça ao seu povo e avisa que, esta só virá, quando o povo abandonar os ídolos e voltar a adorá-lo. Amós denuncia que a injustiça é fruto da idolatria e a mensagem está dada: o Reino de Israel pecou gravemente e a punição será a sua destruição.

Um dos erro dos governantes do povo e que foi apontado pelo profeta, foi a ideia de que Deus não castigaria o seu povo escolhido. Os oráculos dizem o contrário e, de todas as nações que serão castigadas, a que levará a pior punição será Israel. O Dia do Senhor será um dia de acertos de contas com aqueles que juraram fidelidade à  Aliança.

Encontramos a mensagem principal do livro: o amor ao próximo é pressuposto do Amor a Deus, por isso, ele denuncia as injustiças praticadas contra os pobres do povo. O Livro de Amós contém diretrizes sobre como deve agir a Igreja e os governantes tementes a Deus. Para o profeta o raciocínio é simples: A Lei e os profetas falam do Amor a Deus e do amor ao próximo como coisas inseparáveis. Ao praticar a injustiça contra o outro, deixei de amar a Deus, quebrei a Aliança.

Provocar genocídios, guerras, doenças, fomes, são crimes contra a humanidade, logo uma ofensa direta contra Deus e que não ficará impune, demore o tempo que demorar. Dirigentes e governantes só estão no poder pela permissão de Deus ( Cf Jo 19, 11; I Tm 2, 1-6) e têm grande missão; Ele muito irá cobrar. Quanto a nós, temos a obrigação de orar por eles, para sejam iluminados pelo Espírito Santo e tomem as decisões justas e boas; devemos sim acompanhar fontes seguras de notícias e procurar entender o que diz a Doutrina Social da Igreja.

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