Papa consagra os povos da Rússia e da Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria

Hoje, dia 25 de março, às 13h (horário de Brasília) e 17h (horário de Roma), o Papa Francisco realizou a consagração da Rússia e da Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria.

A consagração ocorreu ao final da celebração da penitência, presidida pelo Santo Padre. Foi uma celebração muito bonita e emocionante, e contou com centenas de fiéis que acompanharam na Basílica de São Pedro, além da transmissão ao vivo para o mundo todo.

A Celebração da Penitência

Estava previsto que o Papa atenderia a confissão de alguns fiéis na ocasião. E, em um bonito gesto de humildade, o Santo Padre se confessou antes de se dirigir ao confessionário para atender os fiéis.

Na homília, Francisco ressaltou alguns pontos importantes que podem nos dar uma nova compreensão sobre o sacramento da Reconciliação:

“…muitas vezes pensamos que a confissão consiste em ir de cabeça inclinada ao encontro de Deus. Mas, voltar para o Senhor não é primariamente obra nossa; é Ele que nos vem visitar, cumular da sua graça, alegrar com o Seu júbilo. Confessar-se é dar ao Pai a alegria de nos levantar de novo. No centro daquilo que vamos viver não estão os nossos pecados, mas o seu perdão.

Restituamos à graça o primado e peçamos o dom de compreender que a Reconciliação consiste antes de tudo, não num passo nosso para Deus, mas no seu abraço que nos envolve, deslumbra, comove.

É o Senhor que entra em nossa casa, como na de Maria em Nazaré, e traz um deslumbramento e uma alegria antes desconhecidos. Como primeiro plano, foquemos a perspectiva em Deus: voltaremos a gostar da Confissão. Precisamos dela, porque cada renascimento interior, cada viragem espiritual começa daqui, do perdão de Deus.

Não negligenciemos a Reconciliação, mas voltemos a descobri-la como o sacramento da alegria. Sem qualquer rigidez, sem criar obstáculos nem incômodos; portas abertas à misericórdia!”

Sobre o sofrimento causado pela guerra

 

Voltando-se para a o sofrimento da guerra o Papa afirmou:

“Nestes dias, notícias e imagens de morte continuam entrando dentro de nossas casas, enquanto as bombas destroem as casas de muitos dos nossos irmãos e irmãs ucranianos inermes. A guerra brutal, que se abateu sobre tantos e que a todos faz sofrer, provoca em cada um medo e consternação. Notamos dentro de nós uma sensação de impotência e inadequação. Precisamos ouvir dizer-nos: «não temas». Mas não bastam as garantias humanas, é necessária a presença de Deus, a certeza do perdão Divino, o único que apaga o mal, desativa o rancor e restitui a paz ao coração. Voltemos a Deus, ao Seu perdão”.

“…se quisermos que mude o mundo, tem de mudar primeiro o nosso coração. Para o conseguirmos, deixemos hoje que Nossa Senhora nos leve pela mão. Olhemos para o seu Imaculado Coração, onde Deus descansou, para o único Coração de criatura humana sem sombras. Ela é «cheia de graça» e, portanto, vazia de pecado: n’Ela não há vestígios de mal e, assim, com Ela Deus pôde iniciar uma história nova de salvação e de paz. Naquele ponto, a história deu uma virada. Deus mudou a história, batendo à porta do Coração de Maria”.

Consagração ao Imaculado Coração de Maria

E por fim, sobre a consagração do Povo Ucraniano e Russo ao Imaculado coração de Maria, o Santo Padre disse:

“E hoje também nós, renovados pelo perdão de Deus, batemos à porta daquele Coração. Em união com os Bispos e os fiéis do mundo inteiro, desejo solenemente levar ao Imaculado Coração de Maria tudo o que estamos vivendo: renovar-Lhe a consagração da Igreja e da humanidade inteira e consagrar-Lhe de modo particular o povo ucraniano e o povo russo, que, com afeto filial, a veneram como Mãe.

Não se trata duma fórmula mágica, mas dum ato espiritual. É o gesto da entrega plena dos filhos que, na tribulação desta guerra cruel e insensata que ameaça o mundo, recorrem à Mãe, lançando no seu Coração medo e sofrimento, entregando-se a si mesmos. É colocar naquele Coração límpido, incontaminado, onde Deus se espelha, os bens preciosos da fraternidade e da paz, tudo o temos e somos, para que seja Ela – a Mãe que o Senhor nos deu – a proteger-nos e guardar-nos.”

 

A Igreja Una reza pelo povo que Sofre

Na consagração o Santo Padre convidou todos os Bispos do mundo a rezarem com ele a consagração.

Em São Paulo, o Cardeal Dom Odilo presidiu na Catedral da Sé a Celebração Eucarística, onde realizou a consagração. Membros do Movimento Aliança de Misericórdia participaram em comunhão com a Santa Igreja.

Na homilia, o Bispo falou sobre o “SIM” de Maria, que trouxe para nós o Salvador. Salvador que não nos abandonou à própria sorte, mas nos deu uma Mãe para nos amparar.

Sobre a guerra, afirmou que, em pleno século XXI, não esperávamos algo assim, mas que essa guerra é uma guerra de irmãos, pois ambos os países são Católicos em sua origem, e por isso “Caim continua matando Abel”.

Ao final, antes da consagração, um representante do consulado Ucraniano disse que se emocionou com os cantos e com o evangelho que foi lido primeiramente em sua língua.

Toda a Igreja militante hoje se une em oração, com a intercessão da Igreja triunfante pelos povos que sofrem, confiando que Nossa Mãe não há de nos desamparar e assim a paz possa voltar a reinar.

Consagração do Povo Ucraniano e Russo ao Imaculado Coração:

 

“Ó Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, recorremos a Vós nesta hora de tribulação. Vós sois Mãe, amais-nos e conheceis-nos: de quanto temos no coração, nada Vos é oculto. Mãe de misericórdia, muitas vezes experimentamos a vossa ternura providente, a vossa presença que faz voltar a paz, porque sempre nos guiais para Jesus, Príncipe da paz.

 

Mas perdemos o caminho da paz. Esquecemos a lição das tragédias do século passado, o sacrifício de milhões de mortos nas guerras mundiais. Descuidamos os compromissos assumidos como Comunidade das Nações e estamos a atraiçoar os sonhos de paz dos povos e as esperanças dos jovens. Adoecemos de ganância, fechamo-nos em interesses nacionalistas, deixamo-nos ressequir pela indiferença e paralisar pelo egoísmo. Preferimos ignorar Deus, conviver com as nossas falsidades, alimentar a agressividade, suprimir vidas e acumular armas, esquecendo-nos que somos guardiões do nosso próximo e da própria casa comum. Dilaceramos com a guerra o jardim da Terra, ferimos com o pecado o coração do nosso Pai, que nos quer irmãos e irmãs. Tornamo-nos indiferentes a todos e a tudo, exceto a nós mesmos. E, com vergonha, dizemos: perdoai-nos, Senhor!

 

Na miséria do pecado, das nossas fadigas e fragilidades, no mistério de iniquidade do mal e da guerra, Vós, Mãe Santa, lembrai-nos que Deus não nos abandona, mas continua a olhar-nos com amor, desejoso de nos perdoar e levantar novamente. Foi Ele que Vos deu a nós e colocou no vosso Imaculado Coração um refúgio para a Igreja e para a humanidade. Por bondade divina, estais connosco e conduzis-nos com ternura mesmo nos transes mais apertados da história.

 

Por isso recorremos a Vós, batemos à porta do vosso Coração, nós os vossos queridos filhos que não Vos cansais de visitar em todo o tempo e convidar à conversão. Nesta hora escura, vinde socorrer-nos e consolar-nos. Repeti a cada um de nós: «Não estou porventura aqui Eu, que sou tua mãe?» Vós sabeis como desfazer os emaranhados do nosso coração e desatar os nós do nosso tempo. Repomos a nossa confiança em Vós. Temos a certeza de que Vós, especialmente no momento da prova, não desprezais as nossas súplicas e vindes em nosso auxílio.

 

Assim fizestes em Caná da Galileia, quando apressastes a hora da intervenção de Jesus e introduzistes no mundo o seu primeiro sinal. Quando a festa se mudara em tristeza, dissestes-Lhe: «Não têm vinho!» (Jo 2, 3). Ó Mãe, repeti-o mais uma vez a Deus, porque hoje esgotamos o vinho da esperança, desvaneceu-se a alegria, diluiu-se a fraternidade. Perdemos a humanidade, malbaratamos a paz. Tornamo-nos capazes de toda a violência e destruição. Temos necessidade urgente da vossa intervenção materna.

 

Por isso acolhei, ó Mãe, esta nossa súplica:

 

Vós, estrela do mar, não nos deixeis naufragar na tempestade da guerra;

 

Vós, arca da nova aliança, inspirai projetos e caminhos de reconciliação;

 

Vós, «terra do Céu», trazei de volta ao mundo a concórdia de Deus;

 

Apagai o ódio, acalmai a vingança, ensinai-nos o perdão;

 

Libertai-nos da guerra, preservai o mundo da ameaça nuclear;

 

Rainha do Rosário, despertai em nós a necessidade de rezar e amar;

 

Rainha da família humana, mostrai aos povos o caminho da fraternidade;

 

Rainha da paz, alcançai a paz para o mundo.

 

O vosso pranto, ó Mãe, comova os nossos corações endurecidos. As lágrimas, que por nós derramastes, façam reflorescer este vale que o nosso ódio secou. E, enquanto o rumor das armas não se cala, que a vossa oração nos predisponha para a paz. As vossas mãos maternas acariciem quantos sofrem e fogem sob o peso das bombas. O vosso abraço materno console quantos são obrigados a deixar as suas casas e o seu país. Que o vosso doloroso Coração nos mova à compaixão e estimule a abrir as portas e cuidar da humanidade ferida e descartada.

 

Santa Mãe de Deus, enquanto estáveis ao pé da cruz, Jesus, ao ver o discípulo junto de Vós, disse-Vos: «Eis o teu filho!» (Jo 19, 26). Assim Vos confiou cada um de nós. Depois disse ao discípulo, a cada um de nós: «Eis a tua mãe!» (19, 27). Mãe, agora queremos acolher-Vos na nossa vida e na nossa história. Nesta hora, a humanidade, exausta e transtornada, está ao pé da cruz convosco. E tem necessidade de se confiar a Vós, de se consagrar a Cristo por vosso intermédio. O povo ucraniano e o povo russo, que Vos veneram com amor, recorrem a Vós, enquanto o vosso Coração palpita por eles e por todos os povos ceifados pela guerra, a fome, a injustiça e a miséria.

 

Por isso nós, ó Mãe de Deus e nossa, solenemente confiamos e consagramos ao vosso Imaculado Coração nós mesmos, a Igreja e a humanidade inteira, de modo especial a Rússia e a Ucrânia. Acolhei este nosso ato que realizamos com confiança e amor, fazei que cesse a guerra, providenciai ao mundo a paz. O sim que brotou do vosso Coração abriu as portas da história ao Príncipe da Paz; confiamos que mais uma vez, por meio do vosso Coração, virá a paz. Assim a Vós consagramos o futuro da família humana inteira, as necessidades e os anseios dos povos, as angústias e as esperanças do mundo.

 

Por vosso intermédio, derrame-se sobre a Terra a Misericórdia divina e o doce palpitar da paz volte a marcar as nossas jornadas. Mulher do sim, sobre Quem desceu o Espírito Santo, trazei de volta ao nosso meio a harmonia de Deus. Dessedentai a aridez do nosso coração, Vós que «sois fonte viva de esperança». Tecestes a humanidade para Jesus, fazei de nós artesãos de comunhão. Caminhastes pelas nossas estradas, guiai-nos pelas sendas da paz. Amém“.

 

Fonte: Vatican News

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