A ousadia dos maus se deve à omissão dos bons

Se queremos compreender as razões da crise moral e política que vivemos hoje em nossa sociedade, e assim reverter este cenário de caos que quer roubar nossa esperança e alegria de viver, é preciso calibrar o olhar para um dos maiores pecados de nosso tempo: a omissão.

Ao invés de passiva e estática, a omissão tem caráter ácido e dinâmico que pulsa buscando anestesiar as pessoas de bem. Pode ser comparada a um vírus letal que, enfraquecendo as raízes do protagonismo apaixonado das pessoas, vai contaminando com as sombras da indiferença tudo aquilo que toca ao longo do caminho.

Esse vírus tem gerado em nós uma realidade de entorpecimento que vai roubando aos poucos nosso brilho no olhar e nossa coragem de lutar para viver o amor.

O silêncio que mata

Nosso amado Pe. João Henrique ultimamente tem nos alertado com muita força sobre os perigos deste grande mal de nosso tempo. Em uma de suas falas durante o evento da Rede pelo Bem, realizado dentro do Senado Federal em Brasília, ele enfatizava que o aparente sucesso dos maus se deve à omissão dos bons.

Os maus entram em cena por conta dos bons que não ocupam seu espaço. Martin Luther King disse em meio às lutas contra o racismo nos Estados Unidos algumas palavras que ainda ecoam em nossos dias: “Não tenho medo do barulho dos maus, tenho medo do silêncio dos bons.”

A Bíblia traz diversos textos e situações que retratam a omissão, mas uma das mais contundentes e diretas está na carta de São Tiago que escreve no capítulo 4, 17: “Aquele que sabe fazer o bem mas não o faz, cai no pecado.”

É curioso quando pensamos na força atribuída à escuridão. Ela amedronta e paralisa bons costumes e iniciativas, mas na verdade, a força real que alimenta as trevas é a simples omissão da luz, pois a escuridão não tem o poder de se estabelecer por si só.

A escuridão só tem a força das luzes que se omitiram e deixaram de brilhar. A mais intensa escuridão sempre será obrigada a se render ao brilho da mais pequenina e frágil chama de luz. Precisamos brilhar e ocupar o espaço que é nosso!

Unidos em nome de Cristo

Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares, escreveu um belo texto chamado “Uma cidade não basta.” Ela diz com doçura e firmeza do Espírito que para transformar a realidade de uma cidade, basta uma pessoa que decida dizer não à omissão e sim à missão.

Ela inicia o texto com dois parágrafos que nos apontam um caminho seguro para fugir das armadilhas que a omissão nos apresenta:

“Se quiseres conquistar uma cidade ao amor de Cristo, ou transformar um país em Reino de Deus, faz os teus cálculos. Escolhe amigos que tenham sentimentos iguais aos teus. Une-te com eles no nome de Cristo e pede-lhes para colocar Deus em primeiro lugar na sua vida.

Depois estabelece com eles um pacto: prometei amar-vos mutuamente com amor perpétuo e constante, a fim de que o Conquistador do mundo esteja sempre em vosso meio e vos conduza; a fim de que destruído o vosso eu no amor, vos ampare a cada passo, enxugue as vossas lágrimas, vos sorria em cada alegria, a Mãe do Belo Amor.”

Que possamos nos inspirar no Papa Francisco, que reforça concretamente sua mensagem a todos que são Igreja, para que saiam das paredes do comodismo da omissão, e sigam firmes o caminho de ir fora ao encontro do Cristo presente em cada irmão.

É preciso que vivamos com atitude e intensidade o brilho de nossa missão!

Saiba mais sobre a Rede Pelo Bem, que luta por mais fé, justiça e paz.

Alberto Carneiro
Missionário Comunidade de Aliança

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