Maria Paola no carisma da Misericórdia

 Maria Paola e o Carisma da Misericórdia

Será uma missão difícil (senão impossível) sintetizar numa única página aquilo que sinto que a Maria Paola teria para enriquecer a espiritualidade do nosso Carisma.

São tantos aspectos, tantas coisas! Convivi muitos anos com ela… e se ser santa significa buscar a Deus de todo coração, consciente da própria fraqueza e limitação humanas… sim, convivi com uma santa!

Cheia de limites, pecados e erros… mas com um desejo imensurável no seu coração de buscar a Deus com todas as forças, alma, coração! “Olha aqui… Os santos nasceram assim, como vocês, Na fraqueza, e se sentiram muito fracos e pecadores. Temos um tesouro em vaso de Argila. Não será nenhuma tentação carnal a tirar este tesouro. O tesouro fica. O vaso, às vezes, quebra e Deus cria novo ou restaura. Não duvide, é assim. Tenho certeza”(Trecho do Diário, Ano de 2000). 

Então, partilho algumas coisas que ao longo destes anos aprendi.

O que me ensinou

Maria Paola me ensinou a amar a Palavra! Meditava com gosto…procurava vivê-la todos os dias e nos inspirava o desejo profundo de vivê-la também! Encarná-la na nossa própria vida, nas escolhas pessoais que fazíamos sobretudo nas pequenas coisas, escolhas e renúncias…

“A tua Palavra, Senhor, tem poder em si de realizar aquilo que Tu moldaste, aquilo que Tu falaste… Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra” (Junho de 2005)

Quantas vezes vi a Maria Paola voltar atrás, alertada por um trecho bíblico, ou fazer escolhas de caridade com os mais pobres, ir ao encontro deles, lembrando os gestos e sentimentos de Jesus.

Nos ensinou a não meditarmos somente a Palavra e sabê-la na teoria, mas a levarmos no coração e vivermos na nossa vida! Com propósitos concretos e simples!

Com ela também aprendi que a Misericórdia se manifesta na acolhida! Era interessante quantas pessoas, sem conhecê-la, faziam experiência do seu sorriso acolhedor!

E era sempre o mesmo sorriso, manso e sereno! Alegre e divertido! Muitas vezes, também acompanhado de uma bela gargalhada! Um sorriso que não discriminava ninguém… fosse pobre ou rico, pessoa simples ou mais elegante… Um sorriso que era a expressão de um coração que queria acolher a todos!

Mas aprendi também uma acolhida feita de tantos gestos simples! Quantos mutirões que fizemos na Casa IES (casa que acolhíamos todos que chegavam), para deixá-la mais bonita para cada pessoa que chegasse.

Uma acolhida feita de detalhes: um vasinho bem colocado, uma planta, uma decoração, uma mesa bem posta, um café bem quentinho, um cartão de agradecimento, um quadro com fotos bonitas.

Aprendi que a Misericórdia é expressão de um amor feita de gestos concretos e também de afeto! A importância de um abraço, da ternura de um “ósculo santo”, de um “boa noite” dado com amor. E quantas experiências vivemos nestes gestos tão simples!

Quantos acolhidos que nos diziam: “Meu Deus, nunca o meu pai ou mãe me deram um abraço desse jeito!”… ou “Nunca ninguém lembrou do meu aniversário… me fez um bolo… me deu os parabéns”… aquela Misericórdia capaz de quebrar os corações mais endurecidos e tornar-se carícia para as feridas mais profundas de cada pessoa!

Ser misericordioso

Com a Maria Paola aprendi a ser humana! Sim, consciente da minha pequenez! E que só a partir dessa humanidade, poderia fazer uma experiência profunda de compaixão!

Quantas vezes, chegava no seu quarto trazendo o peso dos meus pecados e das minhas culpas passadas e depois de 1 ou 2 horas, saía rindo e me sentia tão bem! E ela, sorrindo, dizia:“Bem vindo ao mundo dos humanos dos pecadores e fracos, mas tão necessitados da Misericórdia de Deus”.

A experiência da enfermidade fez com que a Maria Paola entrasse no mistério da Compaixão do Coração de Jesus! Uniu o seu sofrimento humano a ação de um Deus que é pura Misericórdia! Era incrível, porque mesmo nos últimos anos quando ficou mais isolada dentro do quarto, ela conseguia enxergar as necessidades de quem estava fora. Um amor que “transpassava as paredes”:

“Vocês já arrumaram uma cama maior para aquele missionário? Ele é muito alto, precisa de uma cama diferente!” ou “Aquela missionária veio do nordeste e deve estar morrendo de frio. Leve essa blusa que ganhei, tenho certeza que vai servir”ou ainda “Essa roupa ficaria perfeita em tal missionário! Ele vai ficar muito bonito”, ou  “Será que estão fazendo a dieta daquele velhinho que acolhemos?”

Com ela, aprendi ainda a dançar quando estou triste e sorrir, quando o outro precisa de um sorriso porque perdeu a esperança; a chorar junto com um irmão que chora as próprias misérias, mas, também a se alegrar com quem está na alegria, a fazer sempre a escolha de amar os mais fracos e mais necessitados, sem medo de descer, “pois Jesus está embaixo no pobre, no doente, no fracassado, no miserável”. 

Me ensinou a amar Maria e à ela consagrar toda minha vida! A não ter medo de “perder tempo”, se aquele tempo perdido preencher o coração daquele irmão de amor. Aprendi que não preciso ter medo de Deus, porque Ele é Pai e ama a todos com tanto carinho que nos faz sentirmos únicos, filhos da Sua Misericórdia!

A dizer “Sim” à vida, com um grande sorriso, a cada instante… “Em qualquer lugar que Tu queres que eu viva, porque a minha terra é o Teu coração” (Digo Sim à Vida – Maria Paola)

Testemunho de Eloísa Coelho, colaboradora da Aliança
(Eloísa cuidou de Maria Paola por muito tempo nos últimos tempos da doença)

 

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