João, o Apóstolo amado
Saiba mais sobre o mais jovem dos Apóstolos
João, natural de Betsaida, é filho de Salomé e Zebedeu, pescador, que com o irmão Tiago “maior”, auxiliava o pai nos negócios.
Segundo os três Evangelhos sinóticos deixaram o ofício para seguir Jesus (cf. Mt 4, 18-22; Mc 1, 16-20; Lc 5, 1-11). No quarto evangelho alguns especulam que ele se autodenomina o discípulo que Jesus amava.
Na Igreja Ortodoxa o Apóstolo é lembrado em dois dias; 26 de setembro (Dormição do Apóstolo) e 8 de maio.
Curiosidade sobre a Dormição do Apóstolo: diz a Tradição que João, sentindo a morte próxima, pediu à sua comunidade que o enterrassem ainda vivo.
Assim foi feito e quando voltaram no dia seguinte o corpo dele já não estava mais lá, para se cumprir a palavra de Jesus à indagação de Pedro sobre qual seria o fim de João: “E se Eu quiser que ele fique até Eu voltar, que tens tu com isso? ” (cf. Jo 21, 20-22)
Personalidade
Dizem que o nome mostra um pouco da personalidade de uma pessoa. João significa “O Senhor fez a graça”. Pelos seus escritos e forma de falar, alguns deduzem que João era de personalidade sensível. Porém, não é bem assim.
Jesus, que conhecia melhor as almas dos seus amigos, de maneira bem humorada, colocou apelidos na maioria dos Apóstolos e deu aos irmãos o codinome de Boanerges (filhos do trovão), o que nos faz deduzir que ambos eram de caráter impetuoso.
Basta lembrarmos da passagem que narra a hostilidade dos samaritanos para com Jesus. João e Tiago indignados, perguntam ao Mestre: “Quer que mandemos cair fogo do céu e os consuma?” ( cf. Lc 9, 51-56).
Ele é jovem. Estudiosos apontam que o Apóstolo encontrava-se no alto dos seus 15 anos quando começou a seguir Jesus e está personalidade apaixonada, típica dos jovens, transformou-o num dos amigos mais próximos de Jesus.
Segundo Bento XVI, o fato de Jesus ter escolhido os irmãos para o grupo de seus amigos íntimos, tinha uma razão:
“Esta sua posição de relevo no grupo dos doze torna, de certa forma compreensível a iniciativa tomada um dia pela mãe: ela aproximou-se de Jesus para lhe pedir que os dois filhos, precisamente João e Tiago, pudessem sentar-se um à sua direita e outro à sua esquerda no Reino.
Como sabemos, Jesus respondeu fazendo por sua vez uma pergunta: pediu que eles estivessem dispostos a beber do cálice que Ele mesmo estava para beber (cf. Mt 20, 22).
A intenção que estava por detrás daquelas palavras era a de despertar os dois discípulos, introduzi-los no conhecimento do mistério da Sua Pessoa e de os fazer refletir sobre a futura chamada a serem suas testemunhas até à prova suprema do sangue”. (cf. Mt 20, 20-21).
Na convivência estreita com o Mestre seu temperamento começa a ser modelado e os acontecimentos intensos da Paixão e Ressurreição de Cristo o fazem enxergar muito além do fato histórico e do cumprimento das Escrituras.
Vemos nos seus escritos, um olhar contemplativo, que vê o Céu acontecer no meio das pessoas; a revelação do Verbo que se fez carne e habitou no meio de nós.
O Teólogo
Olhando para a herança teológica de São João fica nítido que o Amor é chave de leitura para tudo o que ele escreveu. Não um sentimentalismo barato maquiado de amor, mas, o amor caridade, ágape, que nunca acaba e cuja fonte inesgotável é Deus.
“Deus é amor” diz em I Jo 4, 8. Singular e surpreendente definição de Deus nas Escrituras, sendo a única passagem que afirma o que Ele é. Bento XVI explica a excepcionalidade de tal afirmação:
“João não se limita a descrever o agir divino, mas procede até às suas raízes. Além disso, não pretende atribuir uma qualidade a um amor genérico e talvez impessoal; não se eleva do amor a Deus, mas dirige-se diretamente a Deus para definir a sua natureza com a dimensão infinita do amor.
Com isto João deseja dizer que o constitutivo essencial de Deus é o amor e, portanto, toda a atividade de Deus nasce do amor e está orientada para o amor: tudo o que Deus faz é por amor, mesmo se nem sempre podemos compreender imediatamente que Ele é amor, o verdadeiro amor”.
João é um homem contemplativo, ou seja, tinha os pés bem no chão, e a cabeça no Céu, olhava o futuro em Deus e os acontecimentos presentes. Homem concreto, que testemunhava com autoridade aquilo que viu.
Ser contemplativo deveria ser a característica de todo cristão, assim seremos realmente sal da terra e luz do mundo. Peçamos esta graça por intercessão de São João Evangelista, de contemplarmos o Mestre, reclinar a cabeça no seu peito e poder repetir: Deus é amor!
Segundo fontes:
Audiência Geral de Bento XVI do dia 5 de julho de 2006
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