• Evangelho e minimalismo | Desapego de coisas desnecessárias

    Evangelho e minimalismo | Desapego de coisas desnecessárias

Diante de uma sociedade que coloca em primeiro lugar o consumo e que facilmente descarta os bens, surgiu nos últimos anos um estilo de vida chamado minimalismo. O Evangelho porém, já respondeu o anseio de liberdade e essencialidade do ser humano. 

Pouca coisa é necessária

Somos o tempo inteiro bombardeados com propagandas que prometem a felicidade através do consumo de determinado produto; comida, smartphone, roupas, carro, acessórios, eletrodomésticos, enfim, uma lista interminável de coisas que prometem prazer e satisfação imediata.

Alguns exigem que estes bens precisam ser o último lançamento, o mais avançado, estar na moda. E aí mora o perigo de se entulhar de coisas desnecessárias, muitas vezes endividando-se para manter uma imagem.

Ao consumir tudo isso, geralmente a pessoa procura não só suprir uma necessidade mas, busca segurança, aceitação e até preencher um vazio de sentido de vida.

Muitos jovens têm adotado um estilo de vida mais limpo, sem consumo excessivo, que exigia tempo quase integral ao trabalho em detrimento de práticas mais simples, como a vida em família.

Inventaram o termo minimalismo que pode ser praticado não só no vestir-se mas, na organização da casa e outros hábitos.

O mínimo, para ficar como o melhor da vida

O minimalista sempre pergunta: “eu preciso”? Ele sempre vai descartar os excessos para deixar a vida mais prática; se tenho 20 calças, vou diminuir para 3, ou 11 camisas brancas ficando com uma. É um passo de desapego que dá uma sensação de liberdade.

Fê Neute, que tem um blogue sobre o assunto, diz: “Minimalismo é muito mais do que um estilo de vida ou uma preferência estética. É uma ferramenta que pode ajudar a todos aqueles que estiverem dispostos a se livrar dos excessos em favor de se concentrarem no que é importante para encontrar a felicidade, realização pessoal e principalmente, liberdade.

Existe muita semelhança deste estilo com o Evangelho, com uma significativa diferença pois, a Palavra de Deus vai muito além.

Olhai os lírios dos campos

O Evangelho é uma resposta sempre atual para todos os anseios e angústias do coração humano. Vejamos a passagem de Mt 6, 25-34:

“Porventura não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que a roupa? Olhai as aves do céu: não semeiam nem ceifam nem recolhem celeiros…Por que vos preocupais com o vestuário? Olhai como crescem os lírios do campo: não trabalham nem fiam! Pois eu vos digo: Nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer um deles…”

O Senhor fala da essencialidade da vida para os seus discípulos que, seguindo-O, haviam deixado seus ofícios e viviam, podemos dizer, de doações. Para um judeu, o sucesso financeiro e as posses estavam ligados à benção divina.

Jesus, neste trecho do Evangelho, após o Sermão da Montanha, começa a dizer como deve se comportar aquele que vive a Nova Lei: “Procurai em primeiro lugar o Reino dos Céus e a sua justiça, e tudo mais se vos dará por acréscimo.” 

Não faz sentido, e aqui está o que difere o Evangelho do minimalismo, desapegar-me de bens materiais para num segundo passo, continuar preso à esta terra. A pobreza evangélica tem um fim: o Reino.

Com isto na meta, as coisas passam a ter o valor justo e passo a viver para juntar tesouros no Céu, ou seja, vivo para Deus, cumprindo assim o primeiro mandamento (Amar a Deus sobre todas as coisas).

O que fazer para desapegar?

Você conhece o “Retiro da Boa Morte”? É uma prática espiritual de preparação para a confissão, onde se faz um exame de consciência e uma revisão da vida. É uma verdadeira faxina externa e interna.

Na faxina externa em particular, a pessoa é convidada a tirar os excessos das gavetas, armários, caixas e guarda-roupas. Depois, separar o que pode ser doado, o que vai para a lata de lixo ou, dependendo do estado, ser vendido gerando uma renda.

É uma prática elaborada por São João Bosco para que, caso a morte se apresente, toda a casa (interior e exterior) esteja limpa e em ordem.

“Temos de estar preparados, a todo instante, pois não sabemos o momento de nossa morte. E quando morrermos, como as pessoas vão encontrar nossas coisas? Vão achar tudo bagunçado? Encontrarão coisas vergonhosas?” (Dom Bosco)

Dicas para começar o desapego

Queremos frisar que não são práticas minimalistas, mas sim evangélicas e que muito vão ajudar no crescimento humano e espiritual:

1 – Ore: entregue-se novamente a Deus e fale para Ele o quanto você O quer em primeiro lugar na sua vida. Com certeza o Espírito Santo te dará forças para dar o passo seguinte;

2 – Comece pelo mais difícil: não deixe para amanhã. Aquela coisa que você mais acumula, mais gosta, é por ali mesmo que deve começar a faxina. Força!

3 – Separe por categorias:

  • o que realmente eu uso;
  • o que usei uma vez;
  • o que vou usar um dia (nunca usei);
  • o que está quebrado, ou rasgado e uso;
  • o que pode ser vendido;
  • o que vou doar;
  • o que vou dar de presente.

4 – Destine: agora é a hora de se desfazer ou ficar. O que você vai usar, obviamente guarda; o que você usou só uma vez descarta, assim como aquelas que nunca foram usadas. Mandar o que precisa para conserto e assim por diante. É a hora mais difícil, não se assuste e resista!

Seu guarda-roupa e sua casa está ordenada e limpa. Agora é a vez de analisar sua consciência e ver que lugar todas aquelas coisas estavam ocupando na sua vida. Há ressentimento por alguém? Afastou-se demasiado de Deus? Perdoe e peça perdão. Logo depois procure um confessor.

Pronto! Novo em folha!

Não se esqueça: a vida é muito curta para gastá-la com coisas que ficam aqui. Dê tempo a quem você ama e acumule tesouros no Céu e não nesta terra, onde a traça e a ferrugem não os corroem. (Mt 6, 19)

Segundo Fonte:

CNBB

felizcomavida.com

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