Como o Papa Francisco nos ensinou a amar os pobres

Desde o início de seu pontificado, Papa Francisco colocou os pobres no centro da missão da Igreja. Ao escolher o nome “Francisco”, em referência ao santo de Assis, ele já anunciava o tom do seu papado: uma Igreja voltada para os que sofrem. Em discursos, gestos e decisões concretas, mostrou que o anúncio do Evangelho não pode estar separado da caridade e da justiça.

Em sua primeira exortação apostólica, Evangelii Gaudium, afirmou: “Quero uma Igreja pobre para os pobres” (EG 198). Essa declaração não foi apenas retórica; ao longo de seu ministério, Francisco demonstrou esse compromisso por meio de ações concretas e ensinamentos consistentes. O pontífice frequentemente também repetia que os pobres “são a carne de Cristo” (EG 197). Ele dizia que não basta ajudar com esmolas esporádicas, mas é preciso ouvir, acompanhar e defender os mais frágeis.

Em Fratelli Tutti, sua denúncia contra a “cultura do descarte” tornou-se um alerta sobre como a sociedade atual descarta os mais vulneráveis, como os idosos, os imigrantes, os sem-teto e os nascituros.

No ano de 2017, Francisco ordenou que se abrisse um centro médico no Vaticano durante o inverno, para acolher e cuidar de quem vive nas ruas. No mesmo ano instituiu o Dia Mundial dos Pobres, celebrado anualmente no 33º Domingo do Tempo Comum. Em sua mensagem para o V Dia Mundial dos Pobres, escreveu: “Os pobres estão no meio de nós. Como seria evangélico, se pudéssemos dizer com toda a verdade: também nós somos pobres”.

Francisco enfatizou que a pobreza não é apenas uma condição material, mas também espiritual, e que todos são chamados a reconhecer sua própria pobreza para servir aos outros com humildade. A Igreja, para ele, deve ser um “hospital de campanha”, um lugar onde os feridos da vida encontram acolhimento e dignidade. E ao clero, pedia constantemente que saíssem do conforto e fossem ao encontro das periferias humanas e existenciais.

O Papa realizou ainda muitos outros gestos simbólicos que refletiram sua proximidade com os marginalizados. Lavou os pés de presidiários, refugiados e mulheres durante celebrações da Quinta-feira Santa. Visitou favelas, campos de refugiados e hospitais, sempre destacando a dignidade dos pobres. Em uma homilia no Dia Mundial dos Pobres, questionou: “Vocês tocam as mãos das pessoas ou jogam a moeda sem tocá-las? Vocês olham nos olhos da pessoa que estão ajudando ou desviam o olhar?”.

Uma despedida emocionante

No sábado, 26 de abril, dia do funeral e sepultamento do Papa Francisco, os degraus da Basílica de Santa Maria Maior receberão aqueles que sempre tiveram lugar garantido em seu coração: os pobres, migrantes, sem-teto, presos e outras pessoas em situação de vulnerabilidade. Convidados oficialmente pela Santa Sé, cerca de 40 deles acompanharão o féretro do Papa, cada um carregando uma rosa branca como sinal de gratidão. O gesto, organizado por Dom Benoni Ambarus e Monsenhor Diego Ravelli, será o adeus de quem sempre foi visto por Francisco com predileção evangélica. Essa despedida silenciosa e profunda resume o que foi seu pontificado: um chamado a olhar primeiro para os que mais sofrem.

 

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