A Páscoa dos Cristãos – Origem e significado

A Páscoa está aí e muita gente não sabe muito bem a sua origem e o porquê todo ano ela cai numa data diferente.

A Páscoa dos Judeus

Temos que voltar no tempo para entender a mobilidade desta festa. Séculos antes de Cristo, os povos das regiões mediterrâneas celebravam a passagem do inverno para a primavera, no mês de março. Esta data coincidia com a primeira lua cheia chamada de “época das flores”.

cerejeiras
O florecer da natureza coincide com a vida nova da Páscoa no hemisfério norte.

O judeus não eram muito diferentes nesta celebração, porém no ano de 1250 a.c. a data passou a ser a “Pessah”, ou Páscoa. É a passagem do povo da escravidão do Egito para a liberdade.

“Este mês será para vós o prin­cípio dos meses: vós o tereis como o primeiro mês do ano…”E quando vossos filhos vos disserem: ‘Que significa esse rito?’ – respondereis: ‘É o sacrifício da Páscoa, em honra do Senhor que, ferindo os egípcios, passou por cima das casas dos israelitas no Egito e preservou nossas casas’.” O povo inclinou-se e prostrou-se.” (Ex 12, 1. 27)

O sinal para que o Anjo Exterminador distinguisse a casa dos hebreus dos egípcios, era o sangue de um cordeiro “sem mancha” que foi colocado nos umbrais das casas judias. O cordeiro foi sacrificado na mesma tarde e preparado juntamente com o pães sem fermento (ázimos), como uma refeição rápida.

O Senhor fez o povo atravessar o Mar Vermelho a pé enxuto com o exército do faraó a persegui-los. Viram naquela noite as maravilhas do Senhor.

“As águas voltaram e cobriram os carros, os cavaleiros e todo o exército do faraó que havia descido no mar ao encalço dos israelitas. Não ficou um sequer. Mas os israelitas tinham andado a pé enxuto no leito do mar, enquanto as águas formavam uma muralha à direita e à esquerda”. (Ex 14, 28-29)

A Páscoa portanto é a festa central do povo judeu.

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Pão ázimo na ceia judaica da Páscoa.

A Páscoa dos Cristãos

Para os cristãos a partir da morte de Cristo a Páscoa ganhou novo significado. Jesus foi morto na preparação da Páscoa no dia 14 ou 15 do mês de Nisan.

Enfim, o dia da morte de Cristo cai exatamente na primeira lua cheia da primavera, entre março e abril.

Os primeiros cristãos celebravam o domingo – a páscoa dominical – o dia da passagem da morte à vida nova de Cristo. E a festa cristã da Páscoa anual surge por volta do ano 150. Para determinar uma data anual os cristãos discutiram muito, segundo a forma de compreender o mistério pascal de Cristo.

Até o século III os cristãos estavam divididos quanto ao significado da celebração da Páscoa se era a passagem de Cristo ou somente a nossa passagem da morte a vida. Santo Agostinho que fez a síntese que segue até hoje toda a espiritualidade Pascal.

Imagem de Jesus Crucificado
Cristo morreu ás vésperas da páscoa judaica.

“Foi com sua paixão que o Senhor ‘passou’ da morte para a vida e abriu para nós, crentes, a via para sua ressurreição, a fim de que nós passemos da morte à vida”. (A Cidade de Deus, De civ. Dei XVI, 43)

Definindo a data

Foi no ano 325, quando os bispos de todo o mundo católico reuniram-se no Concílio de Nicéia, convocados pelo imperador Constantino, para discutir questões doutrinais. Dentre essas questões estava a definição da data da Páscoa que divergia entre os dois dias, 14 e 15 de Nisan.

Ficou definido o seguinte:

1º – Que a Páscoa deve ser celebrada sempre no domingo;

2º – Que jamais possa ser celebrada no mesmo dia que é celebrada pelos judeus; isso implica que quando o dia 14 de Nisan cair no domingo, a Páscoa deverá ser celebrada no domingo posterior;

3º – Que é proibido aos cristãos celebrar a Páscoa duas vezes no mesmo ano.

Dessa forma ficou estabelecido o critério para a celebração da Pascoa cristã, que celebra a ressurreição de Cristo e nossa passagem da vida antiga de escravos do pecado à vida livre dos filhos de Deus e então podemos entender porque a maior festa cristã é celebrada sempre em datas diversas.

“o grande evento do ano foi a época da Páscoa. O período imediatamente anterior foi um de jejum em comemoração dos sofrimentos de Cristo. Havia costumes diferentes em várias partes do império. Em Roma, um jejum e vigília de 40 horas eram realizados em memória do descanso de Cristo no túmulo.

Com o Concílio de Niceia, esse período foi prolongado a uma Quaresma de quarenta dias. Todo o jejum terminava com o alvorecer da manhã de Páscoa, dando início então ao período Pentecostal de regozijo. Nesse tempo, não havia jejum e nem se ajoelhava em oração no culto público.

A véspera da Páscoa era a estação do ano favorita para o batismo, para que o recém-iniciado pudesse participar da alegria da Páscoa”. (Livro História da Igreja Cristã, página 85)

A Páscoa sempre foi considerada uma celebração da vida. Da vida nova que nasce na primavera, e da vida nova que nasce de Deus: do Deus que liberta o seu povo por amor e que o faz vencer a morte pela ressurreição de Cristo.

Bem posteriormente, se uniu à Páscoa o símbolo do coelho, animal que representa a fecundidade e a beleza da vida.

A figura do coelho da Páscoa foi trazida para a América pelos imigrantes alemães entre o final do século XVII e início do XVIII. E os ovos de Páscoa simbolizam a alegria da vida, que nos é dada gratuitamente.

Com informações de:

Zenit, O mundo visto de Roma

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