A ALEGRIA, A OUSADIA E A CRIATIVIDADE: OS PILARES QUE NOS FAZEM RECONHECER A ELEIÇÃO DE DEUS EM NOSSAS VIDAS.

“O Senhor me ungiu… me deu o óleo da alegria…” (cf. Is 61,1.3)

Neste ano, como família “Aliança de Misericórdia”, escolhemos caminhar direcionando um olhar mais atento aos valores inegociáveis do nosso carisma. Ao rever quanta graça Deus nos concedeu, sentimos que é impossível não nos apaixonarmos mais uma vez, e a cada dia com mais intensidade, por este Pai Misericordioso. É Ele quem nos escolheu, nos ungiu e nos enviou para propagar a sua Boa Nova na força do seu Espírito, que está sobre nós.

Apesar das limitações e fraquezas que experimentamos continuamente, fomos eleitos por Deus e o nosso chamado é concreto; a prova está nos frutos da nossa missão e na manifestação poderosa do Senhor em nós. Nossa miséria nos faz reconhecer que é somente pela Sua graça que muitas vidas são tranformadas e que acontecem milagres, prodígios e conversões. Muita miséria e abundante graça, para que o mundo creia que Deus “escolhe os fracos para confundir os fortes” (cf. 1Cor 1,27-28).

Por isso, os valores da alegria, da ousadia e da criatividade brotam nos filhos e filhas da Misericórdia, como um transbordar da ação do Pai Misericordioso. Ele se revela no Filho, a Misericórdia encarnada, e salva todos aqueles que lhe confiam sua miséria, tornando-se alvos da sua Divina Misericórdia.

A alegria é um sentimento que jorra da gratidão a Deus, pois Ele poderia ter escolhido qualquer outro para realizar suas maravilhas. Há tantos mais fiéis, mais santos, mais dedicados, mais capacitados que nós, mas Ele pronunciou nosso nome, nos escolheu pessoalmente e individualmente. Estamos bem cientes de que o Pai nos chamou, não porque somos melhores, mas porque age para além de nossa fragilidade, para que todos reconheçam que em nós, vasos de argila, existe um tesouro e um poder extraordinários, que não são nossos, mas que provêm de Deus (cf. 2Cor 4,7).

Nosso chamado a ser Aliança de Misericórdia nos abre um caminho duplo. Por um lado, Deus se serve de nós, servos inúteis, como instrumentos de sua Misericórdia, para transformar os piores pecadores em santos; por outro lado, Ele nos salva do pecado por meio de sua infinita Misericórdia. Esta graça que nos salva e, ao mesmo tempo, nos usa para salvar, nos enche de alegria e gratidão. Parafraseando nosso fundador, o Pe. Antonello, deveríamos ter em nosso semblante a “paralisia de um sorriso”, para mostrar ao mundo quanto somos felizes em sermos escolhidos e usados como canais de Misericórdia. A alegria, então, é para nós um valor inegociável, que nos permite olhar para nossa miséria sem nos entristecer, pois reconhecemos que a Misericórdia do Senhor vai além das nossas fragilidades e sempre vem ao nosso encontro.

 “O Senhor me ungiu…” Is 61,1

Desta alegria, por consequência, nasce a ousadia, da qual não podemos abrir mão, se entendemos, de fato, que Deus é capaz de realizar a sua Obra de Misericórdia através de nós. Isso só se dá quando acreditamos, confiantes, que o “Espírito do Senhor está sobre nós” (cf. Lc 4,18)

Pe. João Henrique, nosso fundador, neste tempo tem nos lembrado que a grande verdade do nosso carisma é que “o Espírito do Senhor ESTÁ sobre nós”. A verdade não é que o Espírito Santo virá, não é uma ação do futuro, é no presente: Ele já está! Ou seja, devemos transbordar de alegria por esta ação permanente do Espírito e, tomando posse disso, sermos ousados neste mesmo Espírito, para que o carisma viva e se realize em nós e através de nós.

A ousadia nos é própria, não porque temos uma autoconfiança em nossas capacidades e dons (já dissemos que somos frágeis e limitados), mas porque temos confiança na eleição do Senhor. É pela unção em nós derramada, é por seu Espírito que paira sobre nossas vidas, que podemos e devemos ousar, para que o mundo creia e experimente que a Misericórdia de Deus é para todos, alcança a todos e torna os pecadores em santos (Diário de Santa Faustina, §1784).

Alegres, gratos e ousados, o Espírito nos capacita com uma criatividade única, uma “criatividade divina” e muito própria do carisma que nos faz intuir novas formas de evangelizar para alcançar aqueles a quem o Senhor nos envia.

Afinal de contas, não é da alegria e da ousadia dos nossos jovens que nasceu a ação evangelizadora “Fornalha”? Conseguem imaginar quanta criatividade em 80 jovens que se mobilizam para alcançar os filhos de Deus iludidos pelo mundo e perdidos nas praças, nas estações de trem, nas boates e nos bailes funk? E não é na ousadia do Espírito que falamos deste Jesus que ama a todos e que vai buscar a cada um? Não é o Paráclito que nos impulsiona a impor as mãos e a proclamar milagres? Não é próprio das testemunhas da Misericórdia de Deus, como nós, fazer “santas loucuras”? Por exemplo, em nossa evangelização com pessoas que vivem na prostituição, colocamos uma garota de programa em nosso carro e a levarmos para um “programa diferente”: acolher sua vida com amor fraternal, aproximá-la de uma mesa posta, do banquete da volta do filho pródigo e, depois, orar por ela na ousadia do Espírito, diante do Santíssimo Sacramento, para que sua vida se encontrasse com o Verdadeiro Amor.

“O Senhor me ungiu…” Is 61,1

Por fim, gostaríamos de trazer o testemunho de uma experiência mais antiga que contém, em si, as três características dos valores inegociáveis dos quais falamos até agora.

Fomos convidados para um encontro de carnaval na cidade de Pedreira, organizado pela RCC (Renovação Carismática Católica). Foram quatro dias de evangelização! Sábado e domingo estávamos com o ministério da Comunidade, animamos, conduzimos o encontro e fizemos pregações. Havia, aproximadamente, 400 pessoas que ocupavam um ginásio de esportes, relativamente pouca gente para um espaço tão amplo. Mesmo assim não nos importava, pois era grande nossa alegria em anunciar, era grande a ousadia em orar por todos e o amplo uso da criatividade nas dinâmicas e nas formas de anunciar a Misericórdia.

A segunda-feira, como em todo encontro de carnaval, era o dia com menor participação de pessoas, pois algumas trabalhavam, mas também era o dia do carnaval de rua e a cidade era muito famosa em toda região por esta festa. Era como um “aquecimento” para depois, na terça, concentrar-se em outro ginásio da cidade apelidado de “Vermelhão”.

Na segunda, efetivamente, o número de pessoas era muito menor, menos da metade. Neste dia chegou o Pe. João Henrique para pregar, celebrar e conduzir a adoração ao Santíssimo. Durante a adoração, o padre teve a ousadia de propor, àquele pequeno número de pessoas, um passeio eucarístico pelas ruas. Todos ficaram apreensivos por causa do carnaval, mas na ousadia saímos do ginásio, nos sentimos como o “pequeno resto de Israel”, e começamos a passar pelas ruas com Jesus. Foi quando nos deparamos com a festa do carnaval de rua que alguns pensaram em desviar a procissão, mas o Pe. João Henrique, ousadamente, marchou na direção da festa! Aos poucos as pessoas começaram a abaixar o volume dos som dos carros, os comércios fecharam as portas, muitos se ajoelharam e receberam a oração, foi um verdadeiro Pentecostes!

Quando voltamos ao ginásio de esportes, vimos que o número de pessoas havia triplicado! Encerramos a adoração, e o dia de evangelização, com o coração cheio de alegria por ver a grande manifestação de Deus. No dia seguinte, quando chegamos para o último dia do encontro, fomos surpreendidos, pois não se conseguia entrar no local pelo número de pessoas que vieram participar, o ginásio estava com sua capacidade máxima de público, enquanto o outro carnaval do “Vermelhão” foi cancelado por falta de público; de fato a maioria das pessoas estava no encontro da RCC, o encontro com Jesus, que muitos haviam encontrado no dia anterior.

Irmãos e irmãs, a alegria, a ousadia e a criatividade nunca poderão deixar de fazer parte da nossa missão. Primeiramente, pela ação de Deus realizada em nós; depois, pela nossa ação evangelizadora, pois somos enviados aos lugares em que quase ninguém quer ir, para evangelizar os que nunca ouviram falar de Jesus. Por isso, temos certeza de que a alegria, a ousadia e a criatividade são dons que recebemos de Deus e que irão atrair para Ele os mais necessitados da Sua Misericórdia.

Proposta para vivência da Palavra do Mês:

– Partilhe, com seus irmãos de fraternidade e do Movimento, a alegria de quando você foi tocado pelo carisma da Misericórdia.

– Neste mês, em oração e com alegria, peça ao Senhor a criatividade para realizar, com ousadia, uma evangelização diferente: Fornalha, evangelização com as garotas de programa, anunciar no ônibus, metrô, trem… deixem a criatividade lhe guiar!

Seus irmãos,

Diácono Júlio Neto e Vanessa Figueiredo

 

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