35 anos de sacerdócio

Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim
(Gl 2,20)

Este mês os Padres Antonello e João Henrique completam 35 anos de sacerdócio e queremos percorrer algumas etapas importantes desta história de amor e dedicação à Santa Igreja.

Origens

Antônio e Enrico ordenaram-se em 12 de abril de 1982, na Diocese de Chioggia (VE), na Itália, pela Comunidade Missionária de Villaregia e desde então são 35 anos de sonhos, lutas, dificuldades, mas também de muitas realizações. Dentre elas, a Aliança de Misericórdia, fundada por eles há 17 anos, e que é a concretização de um sonho de Deus.

Conversamos com os padres sobre o que esta data representa para eles e também sobre dúvidas, sonhos e claro, sobre a Aliança.

Padre Antonello

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Antônio Cadeddu nasceu no dia 6 de novembro de 1952, em Cagliari, na Itália, mas foi logo chamado por sua mãe de Antonello. Quando jovem, começou a estudar medicina e a trabalhar com venda de produtos farmacêuticos. Uma de suas lembranças familiares são a Missa e a oração do terço, semente que iria dar frutos quando, ainda na juventude, começou a se questionar sobre a direção de sua vida.

Entrou para o seminário dos Xaverianos onde estudou filosofia e teologia. Neste período pediu a Chiara Lubich, fundadora do Movimento Focolares, um nome de consagração ao que ela respondeu: Antonello de Jesus Crucificado e Abandonado.

“Não foi fácil para mim deixar tudo para viver o sacerdócio. Deixar a minha cidade, família, os jovens que estavam os meu redor, pois tínhamos um grupo de jovens que tocavam para evangelizar. Tudo foi muito difícil, porém a um certo ponto o chamado foi muito mais impactante. Tive um momento em que senti claramente que devia seguir Jesus.

Então, para mim, o sacerdócio é a coisa mais linda que alguém pode receber. Porque se torna aquele que pode absolver e ajudar a dar paz para tantas pessoas. Celebrando a Missa todos os dias eu vivo a experiência de Jesus que Se oferece diariamente à Deus Pai e que dá até a Sua última gota, e Deus permite que possa ser eu a dizer por ordem da Igreja “Este é o meu corpo, é o meu sangue”. É uma graça única ser sacerdote!

Graças a Deus nunca tive dúvida sobre a minha vocação. Foi e é uma graça enorme para mim poder sentir a paixão pelo sacerdócio e por poder anunciar a Palavra de Deus em várias partes do mundo.

Muitas vezes me via angustiado por quer ser mais e dar mais de mim para a missão e me deparar com meus limites. Isso me fez sofrer por várias vezes, essa luta interna de pedir para Deus a graça de poder ser cada vez mais Dele, para através da minha pobreza, através da minha miséria e das minhas palavras poder salvar muitas pessoas.

Nestes 35 Deus me permitiu viver muitas experiências, entre elas a de cura das pessoas, tanto as curas físicas quanto as espirituais. Muitos dizem que as pessoas se acostumam, mas não é verdade, cada cura é um momento de graça, é um momento de benção.

Dentre essas experiências vividas o momento mais forte, eu diria que foi quando estávamos sentindo o desejo de começar a Comunidade e vivemos uma experiência com todos aqueles jovens que estavam na noite da passagem do ano de 99 para 2000. Me lembro que a certo ponto a vela derreteu e se formou uma espada que logo nos reportou a São Miguel e nos fez sentir que realmente ele conduziria a Aliança e também a minha vida.

Eu, claro, também tenho sonhos e como vocês sabem, junto com Pe. João Henrique escrevi o livro “O sonho de Deus”, e o sonho Dele é algo que não acaba nunca! Você sonha aquilo que Deus quer e Ele quer o infinito, quer o seu bem, quer que você possa dar a vida, que você possa ajudar as pessoas a se encontrarem com Ele. É um sonho que quando se torna realidade sempre te projeta a algo mais.

Já o meu sonho pessoal é poder ir para o Paraíso, por isso peço muito a Deus para me ajudar a caminhar nesse sentido. Sonho em ver que atrás de mim, atrás do meu sim, muitas vezes sofrido, muitas almas pobres espiritual e materialmente entrarão comigo no paraíso.

Tenho sonhos também para a Aliança, que tem esta grande beleza, de um carisma que abrange e que pode abrir os braços para muitas pessoas que desejam Deus. Vocês sabem, a Aliança de Misericórdia é uma abertura enorme e o meu sonho para daqui 17 anos é de que todas estas realidades do Carisma não sejam só um brotinho, mas que floresçam em cada aspecto dele.

Filhos queridos, não se preocupem em me verem voar de um lado para outro do mundo, porque neste tempo Deus me pede para evangelizar e eu estou obedecendo a este chamado.

Vamos caminhar juntos na comunhão. Eu peço a Deus que cada um dos membros da Aliança possam encontrar o seu lugar, que cada um possa se sentir feliz na aqui, exercitando aquele carisma próprio das pessoas. E que ninguém se sinta oprimido porque não dá conta de realizar algo. O que nós procuramos como Aliança de Misericórdia é que cada pessoa possa se sentir feliz e realizada em Deus, para poder realizar todos os sonhos que Ele tem para cada um”.

 

Padre João Henrique

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Henrico Porcu nasceu em 9 de fevereiro de 1955, em Cagliari (Itália), e ordenou-se em 12 de abril de 1982. Veio para o Brasil, onde trabalhou na Arquidiocese de Belo Horizonte (MG), na periferia, com a formação de jovens e com as crianças de rua de 1986 a 1994, ano em que voltou à Itália, onde permaneceu até 15 de novembro como responsável do estudantado Teológico da sua Comunidade de origem. Retornou ao Brasil em 1999, para a Arquidiocese de São Paulo, e no ano de 2000, juntamente com Pe. Antonello Cadeddu, deu vida à Aliança de Misericórdia.

“É muito difícil dizer qual experiência mais bonita do sacerdócio, porque a cada dia o Senhor me surpreende, a cada dia me apaixono mais por este chamado. Toda Eucaristia que celebro, toda confissão que posso administrar eu me comovo profundamente e vejo os milagres que Deus opera a cada momento. A experiência mais bonita é última de cada dia.

Na missão que realizamos em fevereiro, no Alto Solimões, uma menina que vivia praticamente na prostituição fez uma experiência tão forte com o Senhor, que passou a evangelizar conosco na missão de São Paulo de Olivença. Talvez, para mim, a experiência mais forte seja ter sido chamado para manifestar a misericórdia de Deus a todos.

O meu sacerdócio tem esta cor, este carisma. Deus me deu esta alegria junto com Pe. Antonello e com Maria Paola de começar uma obra maravilhosa, um sonho de Deus, que as vezes brincamos dizendo que é um “pesadelo nosso”, mas vale a pena gerar esta família tão bonita, para que possa realmente anunciar uma misericórdia que transforma os pecadores em santos e testemunhas da sua misericórdia.

O meu maior sonho é levar uma multidão de almas para o Senhor, ser canal da Sua graça e poder ser um pouco mais puro para que Ele me use com mais poder. E sobretudo levar esta misericórdia que Deus me chama a viver até os confins da terra. Também neste tempo eu sonho em ir a África, à China, toda a América Latina e aonde o Senhor quer que o Carisma da Aliança possa chegar. Quero consumir-me até o último momento por amor, de forma que na hora da morte, em mim não tenha nenhuma força e nenhuma energia que não tenha sido consumida para o serviço do Senhor e para o ministério da Sua misericórdia.

Dificuldades, provações e sofrimentos sempre tivemos todos os dias, mas Jesus promete para os apóstolos que deixaram tudo para segui-lo cem vezes mais em casas, campos, terras, irmãos, pais, mães, mas juntamente com o sofrimento e a vida eterna.

Sinto que esta Palavra se realizou na minha, mas, pela graça de Deus, os sofrimentos nunca me levaram a dúvida do chamado, simplesmente algumas vezes quando a provação se fez mais forte eu me senti muito indigno deste chamado. Mas superava esta dificuldade simplesmente pela Palavra que me diz que o Seu poder se manifesta sobretudo na nossa fraqueza. No momento de maior fraqueza Deus me usou com maior força e ainda Ele me usa apesar da minha fraqueza, então no final a provação e este sentimento de indignidade acabam tornando-se na verdade um oportunidade nova para dizer um sim mais generoso a Deus, confiante na Sua misericórdia.

Por isso, filhos façam das suas vidas uma obra de arte. Você é único para Deus e a nossa obra precisa do teu sim, sem você não dá!

Eu nunca imaginei que quando, aos nove anos, disse meu primeiro sim para o Senhor, Ele pudesse precisar tanto do sim de uma criança pequena e fraca e que pudesse gerar tanta vida através daquele sim. Eu nunca me arrependi de ter respondido à Deus.

Você também é precioso da mesma forma para Deus, Ele não te ama o mesmo que a São Francisco, que a Madre Teresa de Calcutá, do que a Pe. Antonello ou do que Pe. João Henrique. Ele te chamou e você é único, só você poderá responder e só você poderá permiti-Lo fazer milagres e maravilhas pelo teu sim e graça do Senhor poderá se realizar.

Como disse o anjo a Maria, com efeito tudo é possível a Deus. Entrega a tua vida, vale a pena dizer sim para o Senhor com Maria, a mãe de Jesus.

 

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