Nossa Senhora Rainha: Por que Maria é Rainha do céu e da terra?
Entre os muitos títulos atribuídos a Maria Santíssima, um dos mais nobres e significativos é o de Nossa Senhora Rainha. Celebrada liturgicamente no dia 22 de agosto, essa verdade de fé nos convida a contemplar a realeza de Maria, que não é uma realeza política, mas espiritual, inseparável da de seu Filho, Jesus Cristo, Rei do Universo. Mas afinal, por que Maria é Rainha do Céu e da Terra?
Fundamento bíblico e teológico da realeza de Maria
Embora a expressão “Maria Rainha” não apareça de forma direta nas Escrituras, a tradição cristã sempre reconheceu sua missão como Rainha Mãe, em analogia com o costume do Antigo Testamento, onde a mãe do rei (a gebirah) era elevada a uma posição especial no trono real (cf. 1Rs 2,19).
No Novo Testamento, o Evangelho de Lucas nos apresenta Maria como aquela que dará à luz “o Filho do Altíssimo” e que “reinará para sempre” (Lc 1,32-33). Se Jesus é Rei, como ensina o anjo Gabriel, Maria, sua Mãe, participa de sua realeza de forma íntima e única.
Mais tarde, no Apocalipse (12,1), a “mulher vestida de sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça” é interpretada pela Tradição como uma imagem de Maria glorificada no Céu, coroada como Rainha.
O magistério da Igreja e a coroação de Maria
O título “Rainha” foi oficialmente reconhecido pela Igreja de modo solene pelo Papa Pio XII, na encíclica Ad Caeli Reginam, de 1954. Ele afirma:
“Maria é Rainha, mais do que qualquer outra criatura, por causa da elevação de sua alma e pela excelência dos dons recebidos.” (Ad Caeli Reginam, n. 39)
Pio XII instituiu a festa de Nossa Senhora Rainha inicialmente para o dia 31 de maio, mais tarde transferida para o 22 de agosto, oitavo dia após a festa da Assunção de Maria, formando com ela um belíssimo conjunto litúrgico: Maria elevada ao Céu é coroada como Rainha.
O Catecismo da Igreja Católica reforça essa doutrina ao dizer que “Maria foi elevada ao Céu em corpo e alma, e exaltada pelo Senhor como Rainha do universo” (CIC, §966).
Uma Rainha que intercede, serve e ama
Diferente da realeza dos homens, marcada por poder e prestígio, a realeza de Maria é feita de intercessão, serviço e amor materno. Como ensina São Luís Maria Grignion de Montfort, Maria é “Rainha dos corações” porque se fez serva de todos.
Ela reina porque é Mãe, porque participou plenamente da missão de Cristo e porque continua a exercer, no Céu, um papel ativo na salvação, intercedendo por seus filhos junto ao trono do Rei.
Maria Rainha e a espiritualidade da Aliança de Misericórdia
Na espiritualidade da Aliança de Misericórdia, reconhecemos em Maria Rainha não apenas um título honorífico, mas uma realidade espiritual viva. Ela é a Rainha dos pobres, dos excluídos, dos que mais precisam da misericórdia de Deus. Seu trono é o coração dos pequeninos. Seu cetro é a compaixão.
Maria nos ensina que reinar com Cristo é doar-se, descer, amar até o fim. Ao reconhecê-la como Rainha, não a colocamos distante, mas próxima, acessível, Mãe que reina servindo.
0 Comments