Santa Teresa d’Ávila – Uma Santa que nos ensina até hoje o caminho místico para Deus.
Santa Teresa d’Ávila, ou Santa Teresa de Jesus, é uma das santas mais famosas da história da Igreja, seja por ter reformado o Carmelo, pela sua contribuição na teologia mística e na psicologia católica ou mesmo por sua vida admirável.
Fato é que sua vida e obras têm cativado gerações. Seu legado é profundo e multifacetado, abrangendo áreas como mística, teologia e psicologia da religião. Vamos conhecer um pouco mais sobre o pensamento de Santa Teresa d’Ávila.
Pequena biografia de Santa Teresa d’Avilla:
Nascida em Gotarrendura, Espanha, em 1515, foi uma das mais influentes místicas e teólogas da Igreja no período do Renascimento. Ingressando na vida religiosa aos vinte anos, ela fundou vários conventos carmelitas reformados na Espanha, buscando uma vida mais austera e contemplativa.
A sua obra literária, incluindo “O Livro da Vida” e “O Castelo Interior,” descreve suas profundas experiências místicas e contribuições teológicas, tornando-a uma referência na espiritualidade.
Santa Teresa d’Ávila faleceu em 1582 e foi canonizada em 1614, sendo posteriormente nomeada Doutora da Igreja em reconhecimento à sua importância teológica. Seu legado continua a inspirar e guiar aqueles que buscam uma vida de fé e contemplação.
As moradas de Santa Teresa, um caminho da via mística e teológica
Santa Teresa d’Ávila foi uma mística extraordinária. Suas experiências místicas incluíam visões, êxtases e um profundo senso de união com Deus.
Estudar sua mística é adentrar em um mundo de contemplação profunda e experiências espirituais intensas. Essas experiências místicas foram registradas em suas obras, como “O Livro da Vida” e “O Castelo Interior”, que se tornaram fontes valiosas para a compreensão da mística cristã.
Além de suas experiências místicas, Santa Teresa d’Ávila era uma teóloga notável. Sua teologia era prática e baseada na busca da união com Deus por meio da oração e da vida espiritual, temas centrais de sua obra “O Castela Interior”
Ela enfatizava a importância da oração contemplativa e do abandono à vontade divina. Sua influência na teologia cristã é inegável, e seu trabalho continua a ser estudado e debatido por teólogos e estudiosos.
Uma Nova Visão de Santa Teresa, a Psicologia da Religião:
Os escritos de Santa Teresa também são estudados pela perspectiva da psicologia da religião. Como uma das pioneiras em descrever e analisar suas experiências espirituais, ela fornece insights valiosos sobre como a mente humana lida com a fé e a espiritualidade.
A psicologia da religião examina como as experiências místicas de Santa Teresa podem ser compreendidas à luz da psicologia moderna, enriquecendo nossa compreensão das dimensões psicológicas da religião.
Sua mística cativante, teologia inspiradora e contribuições para a psicologia da religião continuam a ser temas de pesquisa e contemplação.
Que Santa Teresa d’Ávila, doutora da Igreja, permanece uma fonte inesgotável de inspiração e sabedoria espiritual para todos o católicos e nos ajuda a cada dia mais crescer em Santidade anos aproximarmos do Rei que nos espera no Castelo Interior de nossa alma.
Medite conosco o bonito poema Aspirações à vida eterno, poema que nos mostra um pouco da profunda espiritualidade de Santa Teresa.
Veja também: Santa Teresa D’Ávila e suas “moradas” – um caminho para a santidade
Aspirações à vida eterna – Santa Teresa d’Ávila.
Vivo sem em mim viver
E tão alta vida espero,
Que morro de não morrer.
Vivo já fora de mim
Desde que morro de amor
Porque vivo no Senhor,
Que me escolheu para Si.
Quando o coração lhe dei,
com terno amor lhe gravei:
Que morro de não morrer.
Esta divina prisão,
do amor em que eu vivo,
fez a Deus ser meu cativo,
e livre meu coração;
e causa em mim tal paixão
ser eu de Deus a prisão,
Que morro de não morrer.
Ai que longa é esta vida!
Que duros estes desterros!
Este cárcere, estes ferros
onde a alma está metida!
Só de esperar a saída
me causa dor tão sentida,
Que morro de não morrer..
Ai! Como a existência é amarga
Sem o gozo do Senhor!
Se é doce o divino amor,
Não o é a espera tão larga:
Tire-me Deus esta carga
Tão pesada de sofrer,
Que morro de não morrer.
Só vivo pela confiança
De que um dia hei de morrer;
morrendo, o eterno viver
Tem por seguro a esperança.
Ó morte que a vida alcança,
Não tardes em me atender,
Que morro de não morrer.
Olha que o amor é bem forte!
Vida, não sejas molesta;
Vê, para ganhar-te resta
Só perder-te: – feliz sorte!
Venha já tão doce morte;
Venha sem mais se deter,
Que morro de não morrer.
Lá no céu, definitiva,
É que a vida é verdadeira;
Durante esta, passageira,
Não a goza a alma cativa.
Morte, não sejas esquiva;
Mata-me para eu viver,
Que morro de não morrer.
Vida, que posso eu dar
a meu Deus que vive em mim,
se não é perder-me enfim,
para melhor o gozar?
Morrendo, o quero alcançar,
pois nele está meu socorro,
Que morro de não morrer.
Se ausente de meu Deus ando,
Que vida há de ser a minha
Senão morte, mais mesquinha,
Que mais me vai torturando?
Tenho pena de mim, quando
Me vejo em tanto sofrer,
Que morro de não morrer.
Já de alívio não carece
O peixe em saindo da água,
Pois tem fim toda outra mágoa
Quando a morte se padece.
Pior que morrer parece
Meu lastimoso viver,
Que morro de não morrer.
Se me começo a aliviar
Ao ver-te no Sacramento,
Vem-me logo o sentimento
De não poder gozar.
Tudo aumenta o meu penar,
Por tão pouco assim te ver,
Que morro de não morrer.
Quando me alegro, Senhor,
Pela esperança em ver-te,
Penso que posso perder-te,
E se dobra a minha dor:
E vivo em tanto pavor,
Sem na espera esmorecer,
Que morro de não morrer.
Oh! Tira-me desta morte,
E dá-me, Deus meu, a vida;
Não me tenhas impedida
Por este laço tão forte.
Morro por ver-te, de sorte
Que sem ti não sei viver,
Que morro de não morrer.
Choro a minha morte já;
E lamento a minha vida,
Enquanto presa e detida
Por meus pecados está.
Ó meu Deus, quando será
Que eu possa mesmo dizer
Que morro de não morrer?
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