Torne o meu sofrimento em testemunho
“Não quero perder um minuto dessa doença, eu quero aprender tudo que essa doença tem pra me ensinar” (Servo de Deus Pe. Léo)
Assim como inúmeros testemunhos que recebemos, Pe. Léo, Paulo Roberto, Margareth, Celina… são exemplo de pessoas que nos ensinam, testemunhando com suas vidas, que a terra do sofrimento causado por alguma enfermidade pode ser terreno fértil para que a semente da santidade germine.
Acompanhe os testemunhos a seguir, de pessoas que tornaram o seu sofrimento um testemunho de entrega aos cuidados de Deus e sacrifício para a salvação das almas.
Louise e Celina
Louise Donadello era amiga de Celina Barcelos. Elas se conheceram no Ceará, estado onde moravam. Como duas jovens cheias de planos, Louise lembra que sua amiga Celina queria ser advogada. Uma grande advogada. Ser mãe e estar bem presente no processo de educação de seus filhos. “Celina era cheia de vida, cheia de energia, sempre alegre, brincalhona, tinha muitos amigos. Sempre foi muito querida. Muito esforçada, dedicada”.
Celina entrou na faculdade e, com dois meses de curso, um dia sentiu uma dor muito forte e precisou fazer uma cirurgia de apêndice. Quando os médicos viram, ela estava com câncer. Todo o abdômen dela estava tomado pelo câncer.
“Vai ficar tudo bem”
Louise levou um choque ao saber da doença da amiga: “fiquei muito triste. Lembro da ligação que fiz para ela quando teve o diagnóstico, não sabia o que dizer, e ela, com a voz muito embargada, disse: ‘vai ficar tudo bem’”.
Para os pais e os dois irmãos de Celina, receber a notícia também não foi nada fácil. Mas seu pai, Luiz Roberto, sempre reconheceu nela a sua fé. Por isso, como conta sua mãe, Dona Marta, Celina enfrentou a enfermidade sendo uma guerreira:
“Ela recebeu a notícia e nos disse que iria lutar e que venceria a doença. Foi uma batalha muito grande. Ela não reclamava, tudo o que os médicos diziam, tudo o que precisava, ela fazia e jamais reclamou. Era uma coisa impressionante. Sentia dores fortíssimas, mas evitava tomar muitos remédios, não gostava”.
Uma Ponte…
Durante o tratamento, desejando muito a saúde de sua amiga, Louise se encarregou de rezar. E rezar muito, conhecendo mais de Deus na intimidade com Ele!
“Lembro que eu pedia para todo mundo que eu conhecia de rezar por ela. Era um sentimento, uma ligação muito forte que eu sentia. Meu desejo que ela melhorasse, que se curasse era tão grande. Lembro que muitas vezes comunguei pedindo que toda aquela presença de Jesus Eucarístico fosse transmitida para ela, que nada ficasse em mim… eu queria muito que ela melhorasse e eu vejo que de uma certa forma, aliás, eu vejo claramente que isso criou uma maior intimidade minha com Deus”.
A dor enfrentada com a prática da fé
Sr. Luiz Roberto, percebe que a doença apenas reforçou a fé de Celina:
“Ela sempre acreditou na cura dela. Mesmo no momento difícil, depois que ela viu que não pertencia mais a esse mundo, ela dizia isso para nós”.
Um dia, vendo Celina muito debilitada, Sr. Luiz entrou no quarto onde estavam ela e sua mãe e a ouviu dizer: “Mãe, porque você está triste assim, cabisbaixa? Cadê a sua fé? Esse é o momento de você expressar a sua fé, eu vou sair dessa vida e ir para um lugar muito melhor, vou para junto de Deus, fique tranquila. De lá eu vou te mandar sinais de que eu estou bem”.
Dois dias depois desse episódio, no dia 07 de fevereiro de 2013, com 24 anos, Celina partiu para os braços de Deus.
Semeando Eternidade
Celina semeou em vida o desejo pelo Céu, pelas coisas simples da Criação. Vivendo sua enfermidade com entrega a Deus, tornou-se ponte de misericórdia para muitos corações.
“Foi como um abrir de olhos, foi através dela ainda em vida que eu, que era católica, mas acho que eu não tinha fé, que eu comecei a rezar e tentar estabelecer uma conexão maior com Deus. Uma intimidade a partir do meu desejo pela melhora dela. Depois, com a convivência com ela nesse período da doença, foi como se Deus tivesse falando para mim: ‘minha filha valorize o simples, valorize a vida, valoriza a natureza, valoriza o respirar, valoriza a água que toca o seu corpo, o vento que balança seus cabelos, valorize as pessoas, valorize tua saúde…’, eu sinto isso, que Deus me amou através da vida dela”.
Na Missa de corpo presente, o Pe. João Henrique pôde estar e, enquanto celebrava, sentia que daquela dor, daquele sofrimento da perda da Celina, ia nascer muita vida, então teve a ideia de fazer o Thalita Kum (TK) em Fortaleza, no Ceará.
Dentre amigos e conhecidos, juntou-se mais de 40 pessoas e fizeram posteriormente na capital cearense, o primeiro TK (retiro de conversão para jovens). Assim nasceu o grupo de oração Sementes, que desde então já ajudou muitas pessoas, transformou a vida de outras e já proporcionou encontro de tantos jovens com Deus.
“A Celina deixou para nós muitos filhos, mais de 500 jovens já passaram pelo grupo através do TK. Nós estamos muito realizados porque tivemos uma filha maravilhosa, e nos deu essa lição de superar essa dificuldade tão grande. Estava começando a vida dela e um câncer fatal e irreversível veio. Através dessa sementinha que se foi, quantas vidas vieram para Ele, que é o Grupo Sementes” (Luiz Roberto, pai de Celina).
“Hoje eu vejo o quanto realmente a vida da Celina, o quanto ela foi instrumento de Deus, para tocar a vida de tantas pessoas” (Louise).
A dor enfrentada com santidade
A debilidade na saúde física ou psíquica, acometeu também muitos santos. Santo Agostinho, Santo Inácio de Loyola e Santa Teresa Benedita da Cruz são alguns exemplos de pessoas que, por seus escritos, trazem o possível enfrentamento da depressão. Uma doença psíquica considerada hoje como o “mal do século”.
Contudo, esses mesmos exemplos nos apontam, sobretudo, o Céu. Eles não se renderam à enfermidade, vivendo com fé esse tempo difícil.
O poder da Fé
Aliás, a fé, é remédio para alma. O Servo de Deus Pe. Léo, fundador da Comunidade Bethânia, também enfrentou um sofrimento por uma enfermidade. Ele foi acometido por um câncer e, em sua última pregação, durante o evento Hosana Brasil, disse:
“Quando temos fé, com um sofrimento você pode perder tudo, mas não perde nada. Porque a fé é fundamento da esperança… Eu tenho muita pena de quem não tem fé”.
Tornar o sofrimento em testemunho é um caminho de santidade, de entrega, de confiança. O resultado é o transbordar da Misericórdia de Deus, que desse sofrimento gera muito vida.
“Eu disse logo no início dessa enfermidade: ‘não quero perder um minuto dessa doença, eu quero aprender tudo que essa doença tem pra me ensinar” (Servo de Deus Pe. Léo).
Vítimas da Misericórdia
Na Aliança existe o vínculo de expiação, onde as pessoas que carregam algum tipo de enfermidade decidem consagrar-se a Deus, através do Movimento, entregando esse sofrimento em oração, em oferta ao Carisma, para que possa gerar frutos na vida de outras pessoas.
Enquanto outro irmão está evangelizando em ruas, igrejas, eventos, presídios…, ele também está ofertando diariamente aquilo que de mais profundo tem para oferecer: a sua debilidade.
“Eu sou feliz”
Paulo Roberto é um símbolo dessa entrega no Movimento. Ele foi a primeira Vítima de Misericórdia e faleceu aos 19 anos, com câncer de pele. Apesar de todos os sofrimentos, que iam além das dores causadas pela doença, mas também pelo preconceito e tantas restrições, dizia: “eu sou a pessoa mais feliz do mundo!”.
Dentre todas as coisas que Paulo Roberto ensinou na sua breve vida, uma das mais fortes foi que a dor e o sofrimento são preciosos, capazes de gerar intimidade com Deus e testemunho para o mundo.
“Eu sou feliz, conheço o amor misericordioso de Jesus e me sinto dentro desse amor. Se eu tivesse nascido sadio, talvez, hoje, estivesse longe desse amor” (Paulo Roberto).
Conheça mais sobre a história de Paulo Roberto
“Um brevíssimo segundo”
Ainda na Aliança, temos acesso a muitas histórias assim. Alguns puderam conhecer a jovem Margareth Cunha, nascida em Maringá/PR, que aos 23 anos, enquanto fazia o projeto “Escola de Evangelização”, no Rio de Janeiro, descobriu um câncer no pâncreas. Conhecida por seus amigos como “Maga”, era sorridente, autêntica e lembrada por muitos por seu desejo de sempre viver a verdade nas pequenas coisas.
Uma escolha diária
Lutava consigo mesma para não ser levada por sua vontade, mas sim pela de Deus em sua vida. Quando descobriu a doença, fazendo o tratamento no Rio de Janeiro, aceitou ficar ali, junto aos cuidados do Movimento, e decidiu fazer o vínculo de vítima.
No hospital, ela evangelizava as pessoas que ali estavam e os enfermeiros através do sorriso e falando do carisma da Misericórdia. Dona Marta, a mãe da Margareth, também viveu um processo de conversão muito bonito, se aproximou mais de Deus ao ver o desejo da filha.
No dia 16 de junho de 2012, com 24 anos, Margareth voltou para a casa do Pai e é para a Aliança um exemplo de santidade e amor a Jesus, uma jovem que buscou em sua vida, fazer a vontade de Deus com simplicidade e integridade, e assim o fez até o último respirar.
Os restos mortais de Margareth estão hoje no Jardim da Misericórdia, em São Paulo.
Produzir frutos
“O cristão é chamado a ser semente do céu”, disse o Servo de Deus Pe. Léo, na pregação citada. E a terra que germina essa semente pode ser sim a da dor.
Regada por intercessões, entrega, ato de louvor a Deus… o fruto só pode ser um caminho de ligação entre tantos corações e o amor de Deus.
Se você sofre com alguma enfermidade não deixe seu sofrimento ser infértil, permita que ele se torne um testemunho. De tudo, Deus tira um bem precioso.
Conheça as Vítimas da Misericórdia. Entre em contato: (11) 93036-2174 – Secretaria de Evangelização – Aliança de Misericórdia
Juliana Costa, colaboradora e redatora
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