A PORTA ÁUREA, A PORTA DA MISERICÓRDIA

“Eu Sou a Luz do mundo” (Jo 8,12)

 

Esta porta é uma das mais importantes de Jerusalém. Se encontra no lado leste e olha para o Jardim das Oliveiras. Por esta porta se entrava, no tempo de Jesus, no espaço externo da entrada do Templo. Ela é chamada também de “Porta Oriental”, localizada em direção ao oriente, onde nasce o sol, por isso é chamada também de “Porta Dourada”, porque durante o dia é iluminada, aparecendo sempre clara e brilhante, é a porta pela qual, muitos israelitas acreditam que entrará o Messias, o Rei da Glória. Percebe-se, então, a importância desta porta Áurea, ou bela, ou da misericórdia, como comumente é chamada.

Para nós cristãos esta porta tem um valor espiritual muito forte. Segundo os evangelistas, nosso Senhor entrou em Jerusalém montado em um jumentinho através desta porta. “As multidões O aclamavam, dizendo: ‘Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem no nome do Senhor! Hosana no mais alto do céu’” (Mt 21,9). Também nós devemos ir atrás de Jesus, o Senhor, glorificando a sua presença. Devemos exaltar o Messias que decidiu entrar na porta do templo sentado em cima de uma jumenta, um pobre animal. Não quis entrar com honra humana, mas escolhendo este animal não considerado pelos israelitas, quis nos dizer que devemos deixar de lado tudo o que é glória humana para com Ele entrarmos humildes e pobres.

 

“Eu Sou a Luz do mundo” (Jo 8,12)

 

Creio que esta seja a primeira escolha que devemos fazer restaurando esta nossa porta do coração. Devemos fazer a escolha de somente vivermos na humildade, no louvor, agradecendo e glorificando o Deus que no criou.

Cada pessoa deve entrar nesta atmosfera da gratidão: o homem foi criado por Deus e para louvar por tudo aquilo que o Criador o entregou e a cada dia o confia. É preciso louvar pela criação que nos cerca, pela vida que nos é dada, pelas pessoas que estão ao redor de nós, pela saúde, pela Igreja, pela família que temos. Sendo assim, entrando na porta Áurea com Jesus, somente podemos louvar e gritar, como dois mil anos atrás: Hosana ao filho de Davi, bendito é Aquele que vem em nome do Senhor.

Somos frutos de um ato de amor de Deus e por isso devemos só louvar. Agradecer por tudo aquilo que Ele nos dá em cada momento. Não se poderá entrar por esta porta se lamentando, murmurando, com a cara feia. Nada disso! A nossa atitude deve ser de louvar sempre.

Um outro elemento que devemos considerar sobre esta porta, é que ela está sempre luminosa, foi construída na parte oriental onde nasce o sol. Espiritualmente podemos lembrar o que diz Jesus no evangelho, “Eu Sou a Luz do mundo” (Jo 8,12). O olhar do cristão deve ser sempre para Jesus, a Luz do mundo. Tudo deve ser iluminado com esta luz. Questionemo-nos: eu estou sendo iluminado no meu agir por Jesus, minha luz, e eu estou me tornando luz pelos outros?

Em Jesus as nossas trevas são iluminadas e na medida em que esta luz penetra as minhas trevas, posso responder o Seu chamado de ser luz do mundo e sal da terra (Mt 5,13-16). Em sentido espiritual, é a porta da luz, ela não pode ser fechada em nós, mas deve estar sempre aberta para que o Senhor possa entrar com a Sua luz e tornar-nos resplandecentes para a humanidade.

 

Eu Sou a Luz do mundo” (Jo 8,12)

 

Esta décima porta que meditamos neste caminho de restauração é chamada também de “Porta da Misericórdia” pelas três religiões que vivem em Jerusalém. Este é um aspecto de suma importância que caracteriza esta porta. Para os muçulmanos, os judeus e todos cristãos, Deus voltará e mostrará a Sua misericórdia para os homens.

Nós cristãos, sabemos que Jesus já abriu a porta da misericórdia dando a Sua vida para cada pessoa que viveu, vive e viverá nesta Terra. A porta do coração de Jesus foi aberta e a misericórdia de Deus se espalhou para o mundo. No mistério da Santa Cruz, Jesus estava pendurado entre o céu e a terra, Ele unia o céu com a terra. O verdadeiro Homem e verdadeiro Deus estava ali, consumindo-se por amor, sentindo todo peso da separação e do fechamento do coração do homem a Deus, mas, mesmo assim, Deus queria resgatar o homem que Ele criou, entregando Seu Filho por amor (Jo 3,16).

O grito do Homem-Deus é uma resposta de amor: “Pai nas tuas mãos eu entrego o meu Espírito” (Lc 23,46). O Homem-Deus permitiu que o seu coração, a porta do amor eterno e misericordioso, se abrisse com aquela lança e saindo sangue e água (Jo 19,34), a sua vida se tornou pelos homens: unidade, amor e misericórdia. O sangue de Jesus lavou todo o pecado e manifestou a misericórdia do Pai.

 

“Eu Sou a Luz do mundo” (Jo 8,12)

 

Em Jerusalém esta porta está fechada, para nos lembrar que ainda cada um de nós deve abrir o seu coração, como fez Jesus, aos últimos, à humanidade que sofre, que se sente longe de Deus, que procura misericórdia. A porta do meu coração deve se fechar ao mundo egoísta, que coloca cachões na frente da porta da misericórdia, para abrir-se à misericórdia para com os outros. Quando olho para uma porta fechada do coração de uma pessoa qualquer, Jesus me solicita a abrir o coração, para que também de mim saia sangue e água inundando de misericórdia aquela pessoa. Ela deve ser lavada, amada, esmagada com a lança do meu amor, para que a misericórdia de Deus Pai possa salvar e dar nova vida. Fazendo assim, aquela porta fechada se abrirá, se tornando porta Áurea, bela, da penitência, da misericórdia, do amor, do Espírito.

 

Deus te abençoe!

Pe. Antonello Cadeddu

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