A importância de Santa Faustina para a Aliança de Misericórdia
“O encontro de Santa Faustina, São João Paulo II e a Aliança de Misericórdia”.
No ano jubilar
A Praça de São Pedro em Roma presenciou, no dia 30 de abril de 2000, o encontro de três arautos da Divina Misericórdia: Santa Faustina, o Papa João Paulo II (hoje São João Paulo II) e a pequenina Aliança de Misericórdia (que havia acabado de nascer na virada daquele mesmo ano), representada ali por Maria Paola e os Padres Henrique e Antonello.
Celebrava-se a canonização de Santa Faustina, primeira santa do Ano Santo e, naquela ocasião, o Papa consagrou o terceiro milênio à Divina Misericórdia.
Nossos padres partilham conosco que encontraram nas palavras proferidas pelo Santo Padre naquele dia, em síntese, toda a espiritualidade do nosso Carisma e uma maravilhosa confirmação da Igreja ao nosso chamado, pois o Papa invocou de Deus a graça que muitos cristãos pudessem consagrar a própria vida à Divina Misericórdia afim de levarem este anúncio ao mundo.
Pela intercessão de Santa Faustina
Em sua homilia, o Papa levou os presentes a se questionarem: “O que nos trarão os anos que estão diante de nós? Como será o futuro do homem sobre a terra?” dando logo em seguida a resposta: “A nós não é dado sabê-lo. Contudo, é certo que ao lado de novos progressos não faltarão, infelizmente, experiências dolorosas.
Mas a luz da misericórdia divina, que o Senhor quis como que entregar de novo ao mundo através do carisma da Irmã Faustina, iluminará o caminho dos homens do terceiro milênio”.
Apoiados nesta certeza é que os membros da Aliança têm procurado, através das inúmeras atividades de evangelização e obras de promoção humana, ser um pequeno candeeiro em meio às trevas da humanidade, profetas da esperança que apontam aos homens o caminho para o Coração Misericordioso de Jesus.
A vocação de ser “pontes de misericórdia”
Ainda neste discurso o Papa ressaltou que a misericórdia “reconstrói a relação de cada um com Deus” e “suscita também entre os homens novas relações de solidariedade fraterna”, pois Cristo nos ensinou que “o homem não só recebe e experimenta a misericórdia de Deus, mas também é chamado a ter misericórdia para com os demais”.
Nossos corações rejubilam de alegria quando percebemos a sintonia que existe entre essas palavras e o que se encontra no Estatuto da Família Aliança de Misericórdia que lembra a cada membro do Movimento a sua vocação de “ser ponte de misericórdia”, sobretudo entre Deus e os seus filhos, e, ao mesmo tempo, nos impulsiona a “evangelizar para transformar o evangelizado em evangelizador e testemunha da Misericórdia”; ou, em outras palavras, “evangelizar para transformar” a miséria do homem pela misericórdia do Senhor, transformando o “misericordiado” em “misericordiador”.
Todo homem e o homem todo
Em seguida, o Santo Padre afirma que Jesus nos indica “as múltiplas vias da misericórdia, que não só perdoa os pecados, mas vai também ao encontro de todas as necessidades dos homens”. Prossegue dizendo que “Jesus inclinou-se sobre toda a miséria humana, material e espiritual”.
De fato, cada membro da Aliança é chamado a reproduzir em sua própria vida o mistério da kenosis de Jesus, que esvaziou-se de si mesmo e inclinou-se sobre as misérias humanas, sejam elas espirituais ou materiais.
Em nosso apostolado não nos restringimos à um grupo específico apenas; O todos é a nossa vocação, pois não existe homem algum, seja ele rico ou pobre, santo ou pecador, que não seja necessitado da Misericórdia do Senhor. Sim!
“Nós devemos aprender com todos. Cada homem tem a sua história para nos contar, o seu mistério para nos revelar, o seu dom para partilhar. Nós devemos nos abrir a todos. Cada homem tem o seu pecado para confiar, a sua solidão para doar, a sua dor para partilhar, a sua sede para saciar.
Cada homem tem uma ferida para ser curada, uma vergonha para ser abraçada, uma dignidade para ser resgatada, uma miséria que invoca misericórdia”. (Livro no Oceano da Divina Misericórdia)
Jesus, eu confio em ti
Além disso, recordemos que nossa missão consiste exatamente em tornar-se “uma expressão viva do amor misericordioso, que brota do coração do nosso Deus por meio da sua Igreja, para com os mais pobres material e espiritualmente”.
Em vias de conclusão, o Papa diz que a mensagem consoladora da Divina Misericórdia “dirige-se sobretudo a quem, afligido por uma provação particularmente dura ou esmagado pelo peso dos pecados cometidos, perdeu toda a confiança na vida e se sente tentado a ceder ao desespero.
Apresenta-se-lhe o rosto suave de Cristo, chegando-lhe aqueles raios que partem do seu Coração e iluminam, aquecem e indicam o caminho, e infundem esperança. Quantas almas já foram consoladas pela invocação ‘Jesus eu confio em Ti!’, que a Providência sugeriu através da Irmã Faustina!
Este simples ato de abandono a Jesus dissipa as nuvens mais densas e faz chegar um raio de luz à vida de cada um”.
Todos necessitam de misericórdia
Essa não é, afinal, a experiência que todos nós vivemos um dia? Seja de maneira pessoal (somos todos náufragos resgatados por Jesus, filhos diletos regenerados pela Misericórdia do Senhor!), como nos inúmeros testemunhos vividos em nossas casas de acolhida, nos projetos sociais, nas pastorais de rua, nas cadeias, nas periferias e nos encontros kerigmáticos, podemos sempre mais testemunhar que não existem trevas tão densas que não podem ser dissipadas pelos raios que saem deste Sagrado Coração, transpassado de dor e amor por cada um de nós.
Na alegria da comunhão dos Santos repitamos com São João Paulo II a mesma oração rezada por ele ao final de sua homilia:
“E tu, Faustina, dom de Deus ao nosso tempo, dádiva da terra da Polônia à Igreja inteira, obtém-nos a graça de perceber a profundidade da misericórdia divina, ajuda-nos a torná-la experiência viva e a testemunhá-la aos irmãos!
A tua mensagem de luz e de esperança se difunda no mundo inteiro, leve à conversão os pecadores, amenize as rivalidades e os ódios, abra os homens e as nações à prática da fraternidade. Hoje, ao fixarmos contigo o olhar no rosto de Cristo ressuscitado, fazemos nossa a tua súplica de confiante abandono e dizemos com firme esperança: Jesus Cristo, confio em Ti!”.
Abraçar a missão de Deus
Que ao fazer memória deste grande acontecimento nos sintamos todos revigorados pelas confirmações que recebemos ao longo de nossa história e possamos tomar posse de todas as promessas que o Senhor fez para nós.
Nada é coincidência, tudo é providência. Se é verdade que cada carisma é a resposta de Deus para uma necessidade concreta de um tempo da história, podemos observar neste discurso uma bela descrição do que o Senhor espera de nós.
Contemplemos ainda uma vez as chagas do Ressuscitado, pensemos um pouco mais a que ponto chegou este Amor e deixemo-nos inflamar por ele.
Só assim, à luz do testemunho de Santa Faustina e São João Paulo II, poderemos consumir nossas vidas por este ideal, fazendo da nossa vocação um cântico à misericórdia do Senhor:
“Miserciordias Domini in aeternum cantabo”. (Cantarei eternamente as misericórdia do Senhor)
Santa Faustina, rogai por nós
Pe. João Fernando
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