No “Fiat” de Maria está poder da fidelidade
“Disse então, Maria: ‘Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a Tua palavra!” (Lc 1,38)
Um singelo “sim”
Muitos de nós conhecemos essa passagem do Evangelho que elucida o momento em que o Verbo se fez carne e habitou entre nós (cf. Jo 1,14).
Maria disse o seu singelo e completo “sim”, permitindo que Deus fizesse nela tudo segundo a Sua vontade. E, por toda sua vida, permaneceu dizendo o seu fiat.
Essa Mulher é para nós exemplo de entrega e de fidelidade a Deus. Ela compreendeu o verdadeiro significado e o poder que existe na fidelidade. Sempre teve em seu coração um incansável desejo de agradar o Senhor em tudo que fizesse e isso a impulsionou a mergulhar numa vivência plena de confiança em Deus.
Mas, o que é ser fiel? Qual o poder que existe na fidelidade?
A nobre virtude da fidelidade
Fidelidade tem sua origem no latim fidelis e significa “atitude de quem é fiel, de quem tem compromisso com aquilo que assume; uma expressão usada para nominar aquilo que tem constância (…) e uma observância rigorosa da verdade”¹.
Fidelidade é uma característica de Deus e isso fica claro em muitas passagens bíblicas. Ele é fiel, leal, constante conosco independente da situação.
Entretanto, Ele é perfeito. Como nós, seres limitados, podemos ser fiéis?
Em Maria encontramos essa resposta. Ela se abandonou em Deus permitindo que Ele a conduzisse. A partir do momento em que damos abertura a Deus, Ele nos dá a graça de irmos além das nossas forças e capacidades.
Maria depositou em Deus a sua humanidade, sua pequenez e nEle encontrou sua plenitude, uma vez que o próprio Senhor teve liberdade para agir em seu viver.
Deus é fiel
Sabemos que Deus tem um plano de amor e felicidade para nós e para ele se realizar completamente Deus precisa da nossa permissão. Neste ponto, notamos algo fundamental acerca da fidelidade: como posso acreditar que alguém é fiel se não o conheço?
Com Deus também é assim. Eu preciso conhecê-Lo, permitir que Ele se apresente a mim e, conhecendo-O, terei a plena convicção de que Ele é bom, de que Ele é Amor (cf. 1 Jo 4,8).
Deus é uma pessoa e deseja se relacionar conosco. Eis a questão: como me relaciono com Deus? Como posso ser íntimo de Deus? Precisamos buscá-Lo, conversar com Ele, ouvi-Lo, estar com Ele. De que maneira podemos fazer isso?
Preciso chamar e permitir que Deus esteja comigo em todos os momentos, pois Ele cabe em todas as realidades. Ao rezar, participar da Santa Missa, meditar a Palavra, enfim, as práticas de oração, nos aproximam de Deus.
O amor nos leva além
Talvez você esteja pensando: ‘o que tudo isso tem a ver com a fidelidade?’ Só sou capaz de ser fiel com aquilo/aquele(a) que amo. O amor nos leva além.
A fidelidade vem da intimidade; a intimidade vem do conhecimento; o conhecimento vem do relacionar-se. Quando eu já conheço, eu confio. Quando eu confio é porque já me tornei íntimo. Quando me torno íntimo é porque já me apaixonei, já estou vivendo o amor. Quando vivo o amor, me torno fiel. É uma relação intrínseca do amor que envolve tudo isso.
Dizer que existe um poder na fidelidade é dizer que a fidelidade é um fruto do amor, fruto de quem ama. A fidelidade permite que Deus realize em nós e através de nós o impossível.
Tudo que parece impossível aos nossos olhos, a nossa inteligência se torna possível quando somos fiéis a Deus. Porque sendo fiéis, não somos mais nós que vivemos, mas é o próprio Deus que vive com liberdade em nós e conosco (cf. Gl 2,20).
Ser fiel nos traz a graça de contemplar Deus sendo Deus em plenitude nas nossas vidas.
Que Maria nos ajude a abrir o coração para que Deus entre e reine em nós. Desejo a você dias repletos da presença do Amor e que você sempre busque crescer em intimidade com esse Deus que te ama!
Rosana Ribeiro Menezes da Silva
Psicóloga e Missionária da Comunidade de Vida
REFERÊNCIAS
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