Domingo de Ramos – Bendito o que vem, em nome do Senhor!
Bendito o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel
Ramos para o Rei
Vinde, subamos ao Monte das Oliveiras, ao encontro de Cristo que hoje regressa de Betânia e Se encaminha voluntariamente para a sua santa e venerável paixão, a fim de realizar o mistério da salvação dos homens.
Caminha o Senhor livremente para Jerusalém, Ele que desceu do Céu por causa de nós, prostrados no abismo, a fim de nos elevar consigo, como diz a Escritura, acima de todos os Principados, Potestades, Virtudes e Dominações, acima de todo o nome conhecido neste mundo e no futuro.
O Senhor não vem com glória, fausto ou pompa. Ele não gritará nem clamará, diz a Escritura, nem se ouvirá a sua voz; mas será manso e humilde, e entrará com aparência modesta e vestes de pobreza.
Seguir os passos do Senhor
Acompanhemos o Senhor, que corre apressadamente para a sua paixão; imitemos aqueles que foram ao seu encontro: não para juncar o caminho com ramos de oliveira ou de palma, tapetes ou mantos, mas para nos prostrarmos a seus pés com humildade e retidão de espírito, para acolhermos o Verbo que vem até nós e recebermos aquele Deus que lugar algum pode conter.
Alegra-Se Jesus Cristo porque deste modo nos mostra a sua mansidão e humildade, e sobe, por assim dizer, sobre o crepúsculo da nossa ínfima pequenez; veio ao nosso encontro e conviveu connosco, fazendo-Se um de nós, para nos elevar e reconduzir a Si.
Diz o salmo que Ele sobe ao mais alto dos Céus, isto é, para a excelsa glória da sua divindade, como primícias antecipadas da nossa condição futura; mas nem por isso abandona o gênero humano, porque o ama e quer elevar consigo a natureza humana, levantando-a do mais ínfimo da terra, de glória em glória, até a fazer participante da sua dignidade sublime.
Depor os mantos
Portanto, em vez de túnicas ou ramos sem vida, em vez de arbustos que alegram os olhos por pouco tempo, mas depressa perdem a sua frescura, lancemo-nos a nós mesmos aos pés de Cristo, revestidos da sua graça, ou melhor, revestidos d’Ele mesmo, porque todos vós que recebestes o Batismo de Cristo, fostes revestidos de Cristo; sejamos como túnicas estendidas a seus pés.
Éramos como escarlate por causa dos nossos pecados, mas pelo banho salutar do Batismo tornamo-nos brancos como a lã, para oferecermos ao vencedor da morte não já ramos de palmeira mas os troféus da sua vitória.
Agitando os ramos espirituais da alma, aclamemo-l’O todos os dias, juntamente com as crianças, dizendo estas santas palavras: Bendito o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel.
Dos Sermões de Santo André de Creta, bispo
(Oratio 9, In ramos palmarum: PG 97, 990-994) (Sec. VIII)
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