“A gota d´água para nós foi o homicídio que ocorreu dia 3 abril na Zona Leste. Hoje estamos vivendo caos social muito profundo no qual pessoas não se toleram e não se respeitam. Em razão disso foi desencadeado todo esse trabalho”, declarou a delegada Elisabete Sato, diretora do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), durante coletiva na sede da Secretaria da Segurança Pública (SSP), na capital.
Além do DHPP, outros órgãos da SSP, como Bombeiros, por exemplo, participaram da operação, que teve o acompanhamento do Ministério Público (MP) e a Secretaria da Fazenda.
O promotor Paulo Castilho, da Promotoria Especial Criminal (Jecrim), informou que já ofereceu denúncia à Justiça contra os torcedores presos. “Alguns vão responder por associação criminosa, lesão corporal e dano ao patrimônio”, disse. “Outros por lesão corporal, dano ao Metrô e porte de explosivo”.
A Justiça expediu 37 mandados de prisão e 32 mandados de busca e apreensão para serem cumpridos na capital, Ribeirão Pires, Taboão da Serra, Osasco, Santos, Praia Grande, Indaiatuba e Uberaba, em Minas Gerais.
Gaviões da Fiel e Pavilhão Nove, ambas organizadas do Corinthians, e Mancha Alviverde, do Palmeiras, foram os principais alvos da operação. As duas sedes das torcidas corintianas na capital não possuem Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), segundo declarou o secretário da SSP, Alexandre de Moraes.
“O Corpo de Bombeiros constatou que elas não possuem o AVCB. Por esse motivo, a prefeitura deverá lacrar essas sedes”, disse Moraes. “As duas sedes da Mancha, tanto na capital quanto no litoral, tem o AVCB”.
O G1 não conseguiu localizar os responsáveis pela Gaviões, Pavilhão e Mancha para comentarem o assunto. A equipe de reportagem também não encontrou a assessoria da prefeitura para tratar do caso.
Até o início desta tarde, dezoito corintianos da Gaviões haviam sido presos preventivamente; um da Pavilhão e seis da Mancha foram detidos temporariamente. A prisão preventiva determina que o acusado fique detido até um eventual julgamento. A temporária pode deter uma pessoa por um tempo determinado, por exemplo, cinco dias ou mais.
Polícia Civil de São Paulo encontrou nesta sexta-feira (15) a quantia de R$ 62 mil em dinheiro e uma bolsa com facas na torcida Gaviões da Fiel na operação “Cartão Vermelho”, contra torcedores de futebol envolvidos em crimes e brigas. Ao todo 26 integrantes de torcidas organizadas foram presos. Os policiais apreenderam também celulares de integrantes de torcida do Palmeiras com mensagens em que admitem ter participado de confronto antes do clássico entre Palmeiras e Corinthians, no último dia 3.
A polícia também encontrou “caixões” com os nomes de Fernando Capez, presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo; Andres Sanchez, ex-presidente do Corinthians; a Federação Paulista de Futebol e a Rede Globo.
A operação também foi realizada em outras cidades em Campinas, Ribeirão Pires, Santos, Praia grande, Indaiatuba, Osasco, Taboão da Serra e Uberaba-MG. Dois torcedores da Mancha Alviverde foram presos no litoral de São Paulo. Eles são suspeitos de participar do confronto que deixou um pedestre morto em São Miguel Paulista, na Zona Leste de São Paulo.
A Mancha Alviverde também foi alvo da operação em São Paulo. Os policiais chegaram na sede da organizada por volta das 6h e lá dentro encontraram três torcedores. Um deles foi preso acusado de participar de atos de vandalismo na Estação Brás do Metrô, antes do clássico. Segundo a polícia, Cristian Araújo Benedito estava na confusão. Durante essa operação, o presidente da torcida, Nando Nigro, também foi preso. Segundo a polícia, ele tentou atrapalhar a ação policial.
Na sede da Gaviões da Fiel, os policiais apreenderam ainda documentos e computadores.
Confrontos
No total, foram registrados quatro confrontos entre torcedores e mais de 60 pessoas foram detidas no dia 3 de abril (leia mais sobre o caso abaixo).
Segundo a SSP, a vítima morta no dia 3 de abril chama-se José Sinval Batista de Carvalho, tinha 53 anos, e havia nascido na cidade de Paripiranga, na Bahia. O crime ocorreu no primeiro domingo de abril, quando cerca de 50 torcedores do Corinthians e do Palmeiras se encontraram em frente à estação São Miguel Paulista da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), na Praça Padre Aleixo Monteiro Mafra.
Durante a confusão, houve um disparo de arma de fogo, que atingiu Carvalho no coração. A vítima não resistiu aos ferimentos. Segundo a polícia, o homem passava pela região e não fazia parte de nenhuma torcida.
Segundo informações de testemunhas, o homem estava indo para a igreja quando foi atingido. A vítima estava sem documentos. Ainda não foi identificado o responsável pelo disparo. Três suspeitos chegaram a ser detidos, mas depois foram liberados à época.
Foram apreendidas barras de ferro e pedaços de madeira. O caso foi registrado no 63º DP, da Vila Jacuí, mas é investigado pelo DHPP.
O secretário da SSP, Alexandre de Moraes, chegou a afirmar que 43 torcedores envolvidos naconfusão entre as torcidas já foram identificados. Em entrevista para a TV TEM durante visita a Cerquilho (SP) na quinta-feira (7), ele ressaltou que os torcedores serão encaminhados para a Federação Paulista para que sejam banidos dos estádios.
“Vamos também encaminhar para o Ministério Público e ao Poder Judiciário para medidas penais. Mas não basta somente identificar e punir. Nós vamos identificar aqueles que lideram esses 43”, disse. “A legislação penal no Brasil é fraca, pois o artigo específico do estatuto do torcedor é brando. Temos uma legislação fraca, mas podemos trabalhar com o que existe.”
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