“Não vos preocupeis com o que comer ou beber. Não vos inquieteis. (…) Vosso Pai sabe que precisais disso. Buscai, pois o seu Reino, e essas coisas vos serão dadas em acréscimo” (Lc 12,29-31).

Como seres humanos, estamos em um processo constante de evolução e mudança e, por isso, passamos por necessidades. Desde a infância até à velhice, dependemos uns dos outros; precisamos de cuidados físicos, emocionais, materiais e, acima de tudo, da Providência de Deus.

Ao criar o mundo e conceder a existência ao homem, Deus o torna colaborador de sua obra criadora. Como Criador e Pai amoroso, Ele zela por nós e conhece as nossas menores necessidades. O próprio Jesus nos ensina: “Não andeis, pois, ansiosos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos? […] Mas buscai, pois, em primeiro lugar, o Reino de Deus, e a Sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6,31.33).

Como membros da Aliança de Misericórdia, temos experimentado constantemente o Amor misericordioso através da Providência Divina. Deus cuida de nós e nos convida a cuidar uns dos outros, pois sua providência se manifesta, também, por meio de nossas ações. Com a ajuda do Espírito Santo, somos impulsionados a acreditar, seguir e viver, conforme está escrito em Isaías: “O Espírito do Senhor repousa sobre mim, porque o Senhor consagrou-me pela unção; enviou-me a levar a boa-nova aos humildes, a curar os corações feridos, a anunciar aos cativos a redenção, e aos prisioneiros a liberdade; a proclamar um ano de graças da parte do Senhor, e um dia de vingança de nosso Deus; a consolar todos os aflitos, a dar-lhes um diadema em vez de cinzas, o óleo da alegria em vez de vestidos de luto, cânticos de glória em lugar de desespero. Então, os chamarão carvalhos da justiça, plantação do Senhor para sua glória” (Is 61,1-3).

Por meio dessa mensagem, Deus nos convida a sair de nós mesmos e a agir. Ele é soberano em seus desígnios, mas também conta conosco; deseja que participemos de sua obra salvífica e confiemos em suas promessas. Ele nos confiou o mundo e nos concedeu livre-arbítrio sobre a terra. Cabe a cada um de nós ser grato e responsável por este lar comum, cuidando uns dos outros. O Pai espera sempre o nosso melhor, mesmo conhecendo nossas fraquezas, Ele espera que ajamos com retidão, justiça e humildade: “Porque eu, o Senhor, amo a justiça e odeio o roubo e toda maldade. Em minha fidelidade os recompensarei e com eles farei aliança eterna” (Is 61,8).

Quando Deus estabelece uma aliança conosco, ela é eterna e verdadeira. O grande segredo de Sua Providência é confiar em Seu amor e na Sua intervenção divina, tendo certeza de seu cuidado paternal que conhece cada detalhe da criação e deseja que cada um de nós seja colaborador na construção do Seu Reino.

“Não vos preocupeis com o que comer ou beber. Não vos inquieteis. (…) Vosso Pai sabe que precisais disso. Buscai, pois o seu Reino, e essas coisas vos serão dadas em acréscimo” (Lc 12,29-31).

Ao confiarmos em Deus, somos capazes de compartilhar generosamente nossa vida e nossos bens com os irmãos. Na Aliança da Misericórdia, a Providência Divina é um dos valores inegociáveis do carisma.

Embora possamos não possuir nada, materialmente falando, vivendo completamente entregues à vontade divina, na verdade possuímos tudo o que é essencial.

Quantas experiências vividas ao longo dos anos nos mostraram isso! Lembro-me de uma ocasião em que Maria Paola me chamou para perguntar se tínhamos açúcar, sendo que eu era responsável pelo armário da Providência na Casa de Formação. Na realidade, quem estava pedindo era a coordenadora das creches, pois o açúcar para as crianças havia acabado. Respondi para Maria Paola que tínhamos muito pouco açúcar, apenas o suficiente para os membros da formação, mas ela disse: “Vamos doá-lo para as crianças, elas precisam mais do que nós, confiemos em Deus”. Foi assim que doamos o pouco açúcar que tínhamos e nossa prateleira ficou vazia. No dia seguinte, ao abrir o armário, muitos pacotes de açúcar caíram da prateleira. Eu não conseguia acreditar em tanta graça! Naquele momento, compreendi verdadeiramente o que significa depender da Providência Divina: ao partilharmos sem reter nada, ganhamos muito mais do que merecemos!

Lembro-me também de uma vez em que fui enviada com outros missionários para abrir uma nova missão. Naquele Estado, ainda não tínhamos uma casa fixa, pois tínhamos acabado de chegar e as pessoas não conheciam nosso carisma, nem nossa comunidade. Certo dia, indo à paróquia para a Missa, encontramos um cadeirante que vivia nas ruas, doente e debilitado. Mesmo sem ter uma casa de nossa propriedade, decidimos acolhê-lo e começamos a cuidar dele. O levamos para nossa casa, depois ao hospital, conseguimos os medicamentos necessários, arrumamos novas roupas, cortamos seus cabelos e fizemos sua barba: o consideravámos como parte da nossa pequena família. A partir deste gesto fraterno, as portas daquela cidade se abriram: nos foi doada uma casa, grande e bonita, para desenvolver nossa missão, juntamente com alimentos e demais necessidades.

Se formos fiéis no pouco que temos e generosos em ajudar os pobres, Deus sempre nos surpreenderá.

“Não vos preocupeis com o que comer ou beber. Não vos inquieteis. (…) Vosso Pai sabe que precisais disso. Buscai, pois o seu Reino, e essas coisas vos serão dadas em acréscimo” (Lc 12,29-31).

Que possamos sempre nos entregar completamente a Deus em todos os momentos e confiar n’Ele. “Não andeis ansiosos por coisa alguma; pelo contrário apresentai as vossas petições diante de Deus, em oração e súplica, com ação de graças.” (Fl 4,6).

Este é o segredo: apresentar ao Senhor nossas necessidades por meio da oração, com gratidão sincera e total confiança n’Ele!

Proposta para a vivência da Palavra do mês:

• Quais são as escolhas que eu, de modo pessoal, mas também em nossas Fraternidades, Grupos, Projetos, preciso retomar para viver com fidelidade a confiança na Providência Divina?
• Eu tenho sido ativo na sustentabilidade da Aliança de Misericórdia: procurando novos sócios, doações, cuidando bem da providência?
• Que neste mês possamos rever nossas coisas pessoais e também nossas despensas para tirar o que pode ser partilhado com os pobres.

Mary de Calcutá e Vanessa Santos Tinelli.