Zélia e Jerônimo: Um Casal Exemplar na Fé e na Santidade Familiar
Abreu Magalhães (1851–1909) é um tesouro espiritual ainda pouco conhecido no Brasil, mas profundamente marcante para aqueles que buscam viver a santidade no matrimônio e na família. Com profunda fé cristã, desprendimento dos bens terrenos e amor incondicional a Deus e aos filhos, este casal brasileiro se destacou por viver o Evangelho com radicalidade no coração da sociedade do século XIX. Hoje, suas virtudes heróicas inspiram famílias e cristãos que desejam consagrar suas vidas a Deus.
Raízes cristãs e formação exemplar
Zélia, nascida no bairro do Ingá, em Niterói (RJ), vinha de uma família ilustre e cristã. Desde jovem, demonstrou grande amor ao estudo e à vida espiritual. Fluente em vários idiomas e intelectual refinada, ainda adolescente traduziu e publicou um livro oferecido ao Imperador D. Pedro II. Sua formação espiritual foi acompanhada por diretores espirituais como Frei Luiz Gubbio e Pe. Yabar, S.J., revelando sua busca constante pela união com Deus.
Jerônimo, por sua vez, nasceu em Magé, na então Província do Rio de Janeiro. Filho de fazendeiros comprometidos com a fé e a justiça — seu pai aboliu a escravidão em sua propriedade antes da Lei Áurea — formou-se engenheiro civil e levou uma vida marcada pela caridade, pela promoção da fé e pelo cuidado com os pobres e com a Igreja.
Um matrimônio fecundo e missionário
Casaram-se em 27 de julho de 1876 e, juntos, constituíram um autêntico lar cristão na Fazenda Santa Fé. O casal tratava os trabalhadores da fazenda com dignidade, promovendo oração, catequese, assistência médica e até construindo uma enfermaria. A fazenda tornou-se um centro de evangelização, recebendo missionários redentoristas, lazaristas, jesuítas e franciscanos.
O lar de Zélia e Jerônimo não era apenas um lugar de vida familiar, mas uma verdadeira Igreja doméstica. Tiveram treze filhos, dos quais nove abraçaram a vida religiosa. Três se tornaram sacerdotes (um jesuíta, um franciscano e um lazarista) e seis filhas consagraram-se em congregações femininas. A educação cristã dos filhos era prioridade absoluta, com formação intelectual, espiritual e sacramental, em um ambiente permeado pela presença constante de sacerdotes.
Vida de oração e desapego
A espiritualidade do casal era profunda. Jerônimo era franciscano da Ordem Terceira, vivia a espiritualidade inaciana e sonhava em doar todos os seus bens à Igreja. Chegou a declarar que ele e Zélia também ingressariam na vida religiosa quando os filhos estivessem seguros. Embora tenha falecido antes de realizar esse desejo, sua vida foi um testemunho claro de santidade laical.
Após sua morte, Zélia cumpriu o que haviam sonhado juntos: vendeu os bens, doou à Igreja e aos pobres, e ingressou no convento das Servas do Santíssimo Sacramento, onde professou os votos com o nome de Irmã Maria do Santíssimo Sacramento. Morreu em 8 de setembro de 1919, em odor de santidade.
Fama de santidade e legado espiritual
A fama de santidade de Zélia e Jerônimo rapidamente se espalhou. O túmulo de Zélia passou a ser local de peregrinação, e a transladação de seus restos mortais para a Paróquia Nossa Senhora de Copacabana reuniu milhares de fiéis. Sua biografia foi amplamente divulgada, traduzida para diversos idiomas, e muitas graças e milagres têm sido atribuídos à sua intercessão.
O testemunho do casal é um modelo atual de santidade no matrimônio, onde o amor conjugal e a maternidade/paternidade se tornam caminhos concretos de entrega a Deus. Em tempos em que a vocação familiar é desvalorizada, Zélia e Jerônimo mostram que é possível entregar a vida, os bens e os filhos à vontade de Deus, com generosidade e fé.
Rezemos por sua beatificação
A Igreja no Brasil é enriquecida por esse testemunho de santidade conjugal e familiar. Que a causa de beatificação de Zélia e Jerônimo avance, para que mais famílias conheçam seu exemplo e encontrem neles inspiração para viver o Evangelho no cotidiano, no amor, no sofrimento e na fé.
Zélia e Jerônimo, intercedei pelas famílias do Brasil!
0 Comments