Venerável Madre Maria dos Anjos (Dinah Amorim) – Santidade Brasileira
Dinah Amorim, mais conhecida como Madre Maria dos Anjos de Santa Teresinha, nasceu no dia 8 de agosto de 1917, na cidade de Cláudio, Minas Gerais. Era a caçula de uma família de 11 filhos, composta por oito mulheres e três homens, filhos do casal Inocêncio Martins de Amorim e Maria Belmira Amorim. A família, de sólida formação cultural e profunda fé católica, proporcionou a Dinah um ambiente saudável e amoroso, essencial para desenvolver sua vocação religiosa.
Após concluir o ensino primário, Dinah ingressou no curso de magistério em Oliveira, Minas Gerais, onde algumas de suas irmãs já atuavam como professoras. Formou-se em 1933 e, naquele mesmo ano, teve contato com as Madres Escolápias, que haviam assumido a direção da escola local. Inspirada pelo exemplo das irmãs Maria, Dalila e Rosa, que se tornaram religiosas escolápias, Dinah decidiu seguir o mesmo caminho. Assim, em janeiro de 1939, ingressou na Congregação das Irmãs Escolápias, recebendo o nome religioso de Madre Maria dos Anjos de Santa Teresinha, em homenagem à Virgem Maria e a Santa Teresinha do Menino Jesus.
Após fazer os primeiros votos em 1942, Madre dos Anjos iniciou seu trabalho na cidade de Santos Dumont, e depois em Oliveira, onde permaneceu por 23 anos. Durante esse período, destacou-se como professora de português, línguas e canto, além de atuar como diretora da Escola Nossa Senhora de Oliveira. Era conhecida por sua didática exemplar, sendo justa e carinhosa com seus alunos, que a admiravam profundamente. Seu amor à educação não se limitava ao conhecimento acadêmico, pois ela acreditava na formação integral do ser humano, incluindo o desenvolvimento espiritual e moral.
Madre dos Anjos também tinha um dom especial para a música e coordenava o coral do colégio, além de dirigir a catequese na cidade. Seu trabalho e exemplo atraíram muitas jovens para a vida religiosa, sendo considerada por diversas irmãs escolápias como a inspiração para sua vocação.
Missão em Belo Horizonte
Em 1968, Madre Maria dos Anjos iniciou um trabalho pastoral no bairro Providência, uma área carente de Belo Horizonte. Ali, ela fundou a Casa Madre Paula Montal, um projeto comunitário focado no atendimento às necessidades da população local. Essa foi a primeira casa da Congregação no Brasil que não era dedicada exclusivamente ao ensino escolar, mas sim à vivência junto aos mais pobres e marginalizados. No bairro Providência, Madre dos Anjos liderou iniciativas como a criação de uma escolinha para atender crianças da comunidade e fundou a Associação Comunitária do bairro.
Seu estilo de vida era simples, refletindo a humildade que pregava. Durante anos, usava um hábito cinzento e, após abandonar o véu, vestia roupas simples, semelhantes às do povo que atendia. Suas sandálias de plástico, muitas vezes desgastadas, tornaram-se um símbolo de sua austeridade e dedicação aos pobres. Madre dos Anjos era conhecida por sua caridade extrema, sua sensibilidade, e seu jeito firme, mas sempre acolhedor.
Transferência ao Rio de Janeiro e expansão missionária
Em 1981, Madre dos Anjos foi transferida para Santa Cruz, no Rio de Janeiro, uma região também marcada pela pobreza e exclusão social. Lá, ela continuou seu trabalho pastoral, visitando comunidades, formando agentes de pastoral, e se tornando uma referência para todos que a encontravam. Sua figura maternal e acolhedora era uma constante fonte de apoio, até mesmo para os sacerdotes locais.
Um dos momentos marcantes de seu apostolado foi durante a celebração dos 50 anos da Congregação das Escolápias no Brasil, quando Madre dos Anjos impulsionou a abertura de uma missão na Guiné-Bissau, na África. Ela acreditava que, mesmo em meio às necessidades do Brasil, era essencial compartilhar o pouco que se tinha com aqueles que precisavam ainda mais. Embora não pudesse ir devido à idade e questões de saúde, seu desejo missionário inspirou a Congregação.
Nos últimos anos de sua vida, Madre Maria dos Anjos foi diagnosticada com câncer. Mesmo enfrentando um longo e doloroso tratamento, permaneceu serena e cheia de fé, confortando aqueles ao seu redor até seus últimos dias. Ela faleceu em 1º de setembro de 1988, deixando um legado de amor, serviço, e dedicação incondicional a Deus e aos mais necessitados.
Madre Maria dos Anjos continua a inspirar todos aqueles que conheceram sua história e aqueles que, por meio de seu exemplo, encontram forças para seguir a fé católica. Seu testemunho de vida mostra como o verdadeiro amor a Deus se manifesta no cuidado ao próximo, especialmente aos mais pobres e marginalizados. Por isso, Madre dos Anjos é venerada como um exemplo de santidade e de entrega total à missão do Evangelho.
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